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Ataque a Cultura

Museu Julio de Castilhos reabre com a fachada danificada e prejuízos ainda sendo contabilizados

Em meio à manifestação, pedras foram arremessadas contra o prédio reaberto em agosto

27/09/2013 - 10h29min

Atualizada em: 27/09/2013 - 10h29min


Vidros do Museu Julio de Castilhos, na Duque de Caxias, foram quebrados

Uma manifestação pelo passe-livre na noite de quinta-feira terminou com a depredação da fachada do Museu Julio de Castilhos, no centro de Porto Alegre. O secretário-adjunto da Secretaria Estadual da Cultura, Jéferson Assumção, classificou a ação como "desrespeito à memória".

O valor do prejuízo ainda está sendo calculado, mas, segundo Assumção, o dano não poderia ter ocorrido em momento pior. Na noite de quinta-feira, enquanto os vândalos danificavam o prédio pelo lado externo, dentro estava sendo lançado o livro Teu Amigo Certo, com correspondências inéditas de Julio de Castilhos, patriarca gaúcho que viveu e morreu no casarão onde funciona o museu.

Reaberto em agosto, após 16 anos de uma reforma que custou R$ 300 mil, a administração do museu precisará analisar detalhadamente os danos provocados no casarão centenário onde viveu e morreu Julio de Castilhos. Ainda nesta sexta-feira, foram trocados os vidros e pintada a porta principal. A limpeza da pichação impregnada na fachada de pedra arenito deve ocorrer até este sábado. O valor total do restauro ainda não foi contabilizado.

 
Foto: Fernando Gomes / Agência RBS
Pichação nas pedras de arenito que compõem a fachada são de difícil remoção
Danos

Segundo a assessoria da instituição, o casarão teve a frente danificada, com vidros quebrados e as bandeiras, hasteadas na sacada, destruídas.

- Foi uma atitude impensada, lastimável e ocorre em um momento marcante para a cultura gaúcha. Estamos comemorando a inclusão do museu no PAC das Cidades Históricas - lamenta Assumção.



Segundo o diretor da secretaria, dos R$ 151 milhões destinados ao Estado pelo PAC, R$ 21 milhões serão destinados à recuperação e manutenção dos museus Julio de Castilhos, Hipólito José da Costa e de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), além do Memorial do RS.

- É um desrespeito à memória e ao patrimônio. Do ponto de vista cultural, esse ataque nos leva a pensar sobre a motivação disso. Porque não se trata de algo que não tenha símbolo ou alma,  tem a ver com o interior da sociedade gaúcha - afirma Assumção.

O local permaneceu fechado pela manhã e reabriu às 16h, no lançamento da exposição Aurélio Viríssimo de Bittencourt - A Trajetória de um Afrogaúcho.

 
Vidros do Museu Julio de Castilhos, na Duque de Caxias, foram quebrados
Danos 
Foto: Eduardo Rosa / Agência RBS

Os vândalos retiraram as pedras, que compõem o piso da Praça da Matriz e da Catedral Metropolitana, e arremessado contra a fachada.

Manifestação

Na noite de quinta-feira, manifestantes pedindo passe livre e protestando contra o Ensino Médio Politécnico se concentraram em frente à prefeitura. Com faixas e cartazes, os manifestantes iniciaram a passeata pela Avenida Borges de Medeiros.

Objetos foram jogados nos policiais e uma vidraça da Catedral Metropolitana foi quebrada. A BM tomou uma atitude mais enérgica depois que o Museu Julio de Castilhos foi depredado.

A confusão começou quando um manifestante subiu na sacada da construção, na Rua Duque de Caxias, e arrancou uma bandeira do Brasil que estava no mastro. Pessoas que estavam dentro do museu abriram a porta, momento em que manifestantes começaram a apedrejar o local.

Com brigadianos atrás, a manifestação voltou para a Borges de Medeiros, e bombas de gás lacrimogêneo foram usadas. Policiais se espalharam por diversos pontos do Centro Histórico, e os manifestantes se dispersaram.


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