Sumiço inesperado
Advogada tem iPhone furtado de guarda-volumes na portaria do Presídio Central
Diretor da cadeia afirma que algumas chaves podiam abrir mais de uma fechadura
O Presídio Central abriga 4.411 presos, mas foi em uma área à qual os detentos não têm acesso que o celular da advogada Fernanda Trajano de Cristo foi furtado, entre as 11h e as 12h desta terça-feira. Ela visita o presídio semanalmente há 18 anos. Ontem, como de costume, deixou o aparelho iPhone 5C guardado a chaves no guarda-volumes da portaria pela qual funcionários e outros profissionais ingressam na cadeia.
A entrada de aparelhos de comunicação é proibida no parlatório, local onde os advogados se comunicam com os presidiários. Ao voltar para retirar o telefone, uma hora depois, o guarda-volumes no qual Fernanda havia depositado o celular estava aberto, sem o telefone dentro. Não havia sinal de arrombamento na porta e as chaves permaneciam com ela. Segundo a advogada, o furto foi uma surpresa até para os policiais que faziam a guarda da portaria.
- Sempre deixo a bolsa dentro do guarda-volumes. Desta vez, guardei apenas o celular, porque a bolsa havia ficado no carro. Se fosse um engano, a pessoa não teria desligado o iPhone. Ele está desligado até agora (tarde desta quarta-feira). Alguém furtou. Por todo meu tempo de profissão e pela respeitabilidade que tenho como advogada criminalista, era algo inadmissível de acontecer comigo. É uma falta de respeito com quem vai lá para exercer a profissão, e não são apenas advogados - afirma.
Para a advogada, é irônico que os presos sejam os únicos de quem não se pode desconfiar de ter cometido o furto.
- No lugar que deveria ser o mais seguro do mundo, onde há um efetivo de 300, 400 policiais militares, nem neste lugar se tem segurança - indigna-se, referindo à portaria do presídio.
O registro da ocorrência foi feito no mesmo local do furto e encaminhado à 11ª Delegacia de Polícia, onde será investigado. A advogada gastou R$ 3 mil na compra de um telefone novo e pedirá o ressarcimento do valor na Justiça:
- Se tu és obrigado a deixar o telefone no guarda-volumes, eles estão se responsabilizando por ele.
O diretor do Presídio Central, tenente-coronel Osvaldo Luís Machado da Silva, afirma que a portaria onde o celular da advogada foi levado é um local seguro e que é a primeira vez que um furto acontece ali. Depois disso, verificou-se que algumas chaves poderiam abrir mais de uma fechadura do guarda-volumes. Um inquérito está sendo aberto para apurar as circunstâncias do sumiço do aparelho.
Diretor do Presídio Central: "Algumas chaves abriam mais de um escaninho"
Zero Hora - Uma advogada teve o celular furtado do guarda-volumes da portaria do presídio. Esse fato chegou ao seu conhecimento?
Tenente-coronel Osvaldo Luís Machado da Silva - Sim, e já estamos adotando as providências cabíveis, tanto no que se refere a modificar o guarda-volumes quanto ao procedimento investigatório para identificar como ocorreu o fato.
ZH - Havia alguma fragilidade com os guarda-volumes para que eles sejam trocados?
Silva - É uma questão que nós não tínhamos conhecimento: algumas chaves abrem mais de um escaninho. Possivelmente aconteceu desta forma. Talvez alguém tenha se equivocado e deu o acaso de ter aberto o escaninho onde estava o celular. Já estamos providenciando uma maneira de evitar que este fato se repita e descobrir quem orquestrou esse furto.
ZH - Quem circula por essa portaria?
Silva - Temos visitas, advogados, fornecedores, ex-apenados que ganharam a liberdade e precisam voltar aqui para pegar algum documento... A gama de pessoas que circula por ali é muito grande.
ZH - A portaria é monitorada por câmeras?
Silva - Não.
ZH - Quantos policiais trabalhavam na portaria no momento do furto do celular?
Silva - Se eu não me engano havia um, mas eu não tenho certeza.
ZH - O senhor diria que a portaria do Presídio Central é um local seguro?
Silva - Sim. Tanto é que é a primeira vez que isso ocorre.