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Erva-mate sob investigação

Chumbo e cádmio não contaminam pelo chimarrão, diz especialista

MP está investigando denúncia do Uruguai de que erva-mate importada do Brasil estaria com metais acima dos limites permitidos

25/07/2014 - 15h11min

Atualizada em: 25/07/2014 - 15h11min


Vanessa Kannenberg / Uruguaiana
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Alvarélio Kurossu / Agencia RBS

Depois de polêmicas envolvendo substâncias nocivas no leite e no vinho, a possibilidade de haver cádmio e chumbo em excesso na erva-mate pegou os gaúchos de surpresa. A denúncia feita pelo vizinho Uruguai, que barrou produto importado do Brasil, ainda vai ser investigada pelo Ministério Público (MP), mas já há um alento: esses metais não são transferidos para o chimarrão.

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A informação é da coordenadora do curso de Química Industrial e professora do mestrado em Biotecnologia da Univates, a doutora em Química Lucélia Hoehne. E a explicação é que a forma com que tomamos chimarrão, através da infusão de erva-mate em água quente, não é capaz de liberar o cádmio e o chumbo, caso estejam presentes no produto.

- Esses metais ficam complexados na folha da erva-mate e é muito difícil de extraí-los com água, a não ser que estivesse aquecida a 1000ºC - explica a professora.

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Segundo Lucélia, esta constatação é compartilhada por diversos especialistas que estudam a presença de metais em alimentos. 

- Não podemos dizer que é totalmente nula a liberação de cádmio e chumbo no chimarrão, isso ainda tem que ser pesquisado com essas plantas que poderiam estar contaminadas. Mas, mesmo se houver uma certa quantia, que deve ser baixa, os metais se diluiriam na água, reduzindo ainda mais o consumo por pessoa e quanto mais chimarrão for servido, mais diluído ficará - complementa a especialista.

Elementos metálicos, como o cádmio e o chumbo, uma vez absorvidos pelo organismo, não são completamente eliminados, e podem provocar alterações metabólicas, mas isso ocorre quando há contato com altas concentrações destes metais e por muito tempo, que não é o caso da erva do chimarrão.

O cádmio, cuja contaminação costuma ocorrer pela fumaça de cigarro e por alimentos preparados em vasilhas feitas com esse metal, pode provocar inflamação nos pulmões, problemas no fígado e nos rins. Já o chumbo, que pode ser passado através de tintas e alimentos contaminados por pesticidas à base do elemento, pode comprometer o sistema nervoso, o sangue e os rins.

Entenda a polêmica

Há dois meses, uma carga de 200 toneladas de erva-mate brasileira foi retirada do mercado uruguaio porque exames feitos pelo laboratório tecnológico do país indicaram quantidades de chumbo e cádmio com níveis levemente acima dos permitidos pela legislação em vigor no Mercosul. A quantidade é de 0,6 miligramas por quilo de chumbo e de 0,4 miligramas de cádmio.

A coisa começou a complicar para o lado de cá quando se falou da origem no Brasil do produto barrado. A promotoria de Arvorezinha, que é região produtora de erva-mate, abriu inquérito para apurar se existem ou não problemas. Segundo promotor Paulo Estevam Araújo, o objetivo é provocar uma discussão sobre a ausência de análises na erva-mate de forma sistemática.

Na última sexta-feira, o promotor esteve reunido com técnicos da Secretaria da Agricultura. Agora, aguarda um parecer da divisão de assessoramento técnico para só então buscar análises de produtos. Araujo diz que não sabe quais marcas foram barradas pelos uruguaios nem qual a origem, portanto, se é gaúcha ou não.

Ainda não se sabe, também, o que explicaria a quantidade de metais acima do permitido, mas a suspeita é de que possa ser da contaminação do solo ou do uso de fertilizantes.


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