Saúde
Maternidades de Porto Alegre funcionam no limite da capacidade
Com a restrição de atendimento na maternidade do Hospital de Clínicas, duas instituições de cuidados obstétricos de Porto Alegre que atendem pelo Sus já operam com quase todos os leitos preenchidos
Os três primeiros dias de restrição no atendimento da maternidade do Hospital de Clínicas foram suficientes para refletir no aumento da demanda nas duas principais instituições de cuidados obstétricos da Capital. O Hospital Conceição e o Hospital Fêmina, ambos do Grupo Conceição, estão trabalhando no limite desde o início da semana. O Clínicas ficará com sua maternidade fechada até 12 de agosto, para a realização de obras.
Na emergência obstétrica do Fêmina foram feitos 75 atendimentos na segunda-feira, frente aos 67 da segunda passada. Na terça-feira, 74 mulheres foram atendidas, bem mais que as 49 da terça da semana anterior. Tanto em um quanto em outro, o alojamento para mães e o centro obstétrico atuam com quase todos os leitos preenchidos.
No Conceição, a principal preocupação diz respeito ao aumento dos nascimentos prematuros, nos quais é necessária internação especializada por mais tempo. Na última quarta-feira, a UTI Neonatal, com capacidade de 30 leitos, estava com 26 ocupados, dos quais quatro estão em isolamento. A coordenadora de obstetrícia e emergência do Fêmina, Sandra Canali, também alerta para o aumento de casos de mães que chegam com gravidez de risco e precisam de mais tempo de internação. Segundo ela, houve aumento de 15% a 20% nas consultas de emergência.
- Em Porto Alegre temos habitualmente um equilíbrio entre as maternidades, então conseguimos acomodar o movimento da cidade de forma razoavelmente tranquila. Mas, com a saída do Clínicas, estamos vendo como administrar a situação - explica Sandra.
Apoio da Região Metropolitana
Sandra espera contar com o apoio das vagas de maternidades da Região Metropolitana, como Cachoeirinha e Alvorada, e do Vale dos Sinos, em Novo Hamburgo, para aliviar o sufoco da Capital. Dos 30 mil nascimentos anuais em Porto Alegre, cerca de 10 mil são oriundos de outras cidades, o que corresponde a mais de 30% do total.
- Muitos atendimentos não são de pacientes de Porto Alegre, como é o caso de Guaíba, que não tem maternidade, e de Viamão, que não consegue absorver toda sua demanda - afirma a coordenadora.
Gestantes devem procurar outros hospitais
No Hospital Materno Infantil Presidente Vargas as consultas obstétricas dobraram, passando de 15 a 20 diárias para de 30 a 40. O Hospital São Lucas da Puc espera aumento de 25% na maternidade nas próximas semanas.
No Clínicas, com o fechamento da maternidade, só pacientes que chegarem em trabalho de parto serão atendidas. Aquelas que tinham o Hospital de Clínicas como referência para o seu parto, segundo a instituição, devem procurar outra maternidade.
Moradora do Bairro Partenon, a dona de casa Lucimara Setim, 26 anos, teve sangramento e desconfiou que estava em trabalho de parto durante a madrugada de quarta-feira. No final da manhã de ontem, sem saber do fechamento da maternidade, foi até o Clínicas, onde a orientaram procurar o Fêmina. Com 38 semanas de gravidez, foi atendida e, na tarde de ontem, aguardava o aumento das dilatações.
- Fiquei com medo de ganhar o bebê no caminho para cá - confidenciou.
O terceiro mais procurado
Dados do sistema de informação sobre nascidos vivos da Vigilância em Saúde apontam que 30 mil pessoas nascem nos hospitais de Porto Alegre anualmente, contando moradores e não moradores da Capital.
Destes nascimentos, em média, 4 mil ocorrem no Hospital de Clínicas, o que faz a maternidade da instituição ser a terceira mais procurada, atrás apenas do Hospital Conceição e do Hospital Fêmina.
São 44 leitos na internação obstétrica, para uma média de 350 nascimentos por mês.
*Na UTI Neonatal, são 20 leitos para uma média de 80 atendimentos por mês.
As obras
No período de 30 dias em que a maternidade do Clínicas ficará em obras, serão realizadas a limpeza dos dutos de ar-condicionado do Centro Obstétrico e da Unidade de Internação Neonatal e a reforma da sala de recuperação do Centro Obstétrico. O funcionamento deve normalizar somente no dia 13 de agosto.
A situação, na quarta-feira, nas demais maternidades do Sus da Capital
Hospital Fêmina (Rua Mostardeiro, 17, Bairro Moinhos de Vento)
Alojamento para as mães: 44 leitos e 41 pacientes
UTI Neonatal: 30 leitos, todos ocupados
Centro obstétrico: 11 leitos e 11 pacientes
Hospital Conceição (Avenida Francisco Trein, 596, Bairro Cristo Redentor)
Alojamento para as mães: 43 leitos e 41 pacientes
UTI Neonatal: 30 leitos e 26 pacientes
Unidade Neonatal: 18 leitos e 21 pacientes
Hospital Materno Infantil Presidente Vargas (Avenida Independência, 661, Bairro Independência)
Alojamento para as mães: 18 leitos, todos ocupados
UTI Neonatal: 25 leitos e 22 pacientes
Centro obstétrico: sete leitos e quatro pacientes
Hospital São Lucas da Puc (Avenida Ipiranga, 6690, Bairro Jardim Botânico)
Alojamento para as mães: 24 leitos e 12 pacientes
UTI Neonatal: 23 leitos e 22 pacientes
Centro obstétrico: 12 leitos e dez pacientes
Hospital Santa Clara da Santa Casa (Rua Professor Annes Dias, 295, Centro Histórico)
UTI Neonatal: 41 leitos e 31 pacientes
Alojamento para as mães: 50 leitos e 36 pacientes
Centro obstétrico: 16 leitos e 11 pacientes