Uma rede de solidariedade formou-se a partir da divulgação do gesto humanitário dos 70 estudantes das três turmas do terceiro ano do ensino médio do Instituto Estadual Dr. Augusto de Moura e Cunha, de Guaíba.
Neste final de semana, o Diário Gaúcho publicou a decisão dos jovens de doarem o dinheiro da formatura para pagar a anestesia da cirurgia cardíaca do bebê Asafe Rosado, de três meses. A mãe do bebê, Cintia Rosado Alves, 37 anos, esteve na escola na sexta-feira passada para agradecer a doação.

Asafe não resistiu
 
Asafe nasceu com síndrome de down e cardiopatia congênita. Depois do procedimento, o menino acabou contraindo a síndrome da angústia respiratória aguda (insuficiência pulmonar que causa acúmulo de líquido nos pulmões). Desde então, ficou internado na UTI do Hospital da Criança Santo Antônio, acompanhado de perto pelos pais. Na madrugada do sábado passado, ele acabou não resistindo. O bebê, que completaria quatro meses de vida no domingo, foi sepultado em Guaíba.
Por uma rede social, a mãe desabafou sobre a morte do filho:
- Meu bebê foi um anjo que Deus nos enviou para unir a todos nós, nos fazer mais humanos. Um bebê que mobilizou tanta gente ao seu favor que o ajudaram, que oraram por ele sem ao menos conhecê-lo.

Passeio será realizado

Os R$ 2 mil arrecadados pelas turmas ao longo do ano para a formatura e doados para a cirurgia serviriam para o passeio do final do curso à fazenda de turismo rural Quinta da Estância, em Viamão. Ao tomar conhecimento da atitude dos estudantes, os proprietários da fazenda decidiram doar o passeio, com direito a almoço e dois lanches, para todos os alunos e a professora de Literatura do grupo, Silvania Freitas.
- Um gesto tão nobre, como o destes jovens, merece uma recompensa. A Quinta da Estância os convida para visitar a fazenda, e eles não precisarão mais juntar novamente o dinheiro para o passeio - afirmou, no sábado à tarde, Rafael Goelzer, um dos sócios da fazenda.
Para a vice-diretora da escola, Patrícia Gonçalves, a repercussão do ato dos alunos surpreendeu toda a comunidade escolar. Ela agradeceu aos proprietários da fazenda pela doação.
- Em nenhum momento eles pensaram que isso tomaria tanta proporção. Os estudantes fizeram a doação de coração - disse a vice-diretora.
Os alunos já tinham começado a arrecadar dinheiro para pagarem pelo passeio. Cada um teria que desembolsar R$ 150, com o transporte. Um empresário ofereceu dois ônibus para o transporte das turmas.

Desabafo na rede mobilizou estudantes

A conexão entre as turmas do Moura e Cunha e a vida de Asafe ocorreu via rede social. Num desabafo no próprio perfil, em 7 de setembro, Cintia contou que o filho estava internado e precisaria de uma cirurgia às pressas. O convênio, porém, não pagava o anestesista. Uma hora depois, a professora de Literatura dos estudantes, Silvania Freitas, 41 anos, compartilhou a mensagem. Na manhã seguinte, mesmo sem conhecer a família do bebê, os alunos da turma 301 convenceram os demais a doar o dinheiro arrecadado.
Asafe foi o terceiro filho de Cintia e do marido César Alves Pereira, 37 anos. O casal ainda tem Daniel, 14 anos, e Elisama, dois anos e meio. A família é moradora do Bairro Jardim dos Lagos, em Guaíba, mas não conhecia os alunos do Moura e Cunha.

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