Falha na comunicação
Consumidores reclamam de dificuldade para contatar distribuidoras de energia elétrica
Empresas dizem que alta demanda, devido ao mau tempo, congestionou serviço no fim de semana
A chuva e o vento do fim de semana deixaram mais de 700 mil clientes sem energia elétrica no Rio Grande do Sul e expuseram a dificuldade de quem tenta comunicar as concessionárias dos danos causados pelo mau tempo. Consumidores relatam que, em diversas ocasiões, não conseguiram contatar as empresas responsáveis pela distribuição por telefone.
É o caso do morador de Canoas, na Região Metropolitana, Luiz Rogério Silveira de Andrades, 51 anos. Ele conta que, além dos transtornos já esperados em longo tempo sem luz - como alimentos estragando dentro do refrigerador -, sua mãe enfrenta outro empecilho. Asmática, ela precisa fazer nebulização, cujo aparelho é ligado à energia elétrica.
- Tentei ligar (para a central de atendimento da AES Sul) no sábado à noite, no domingo durante todo o dia e segunda-feira pela manhã e não consegui - relata o motorista.
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Por situação menos grave mas semelhante passou o morador de Caxias do Sul, na Serra, Luis Rech Fraga, 55 anos. Fraga ficou sem luz na madrugada desta segunda-feira e, às 9h30min, já havia feito 11 tentativas de contato com a RGE - em nenhuma, porém, conseguiu conversar com um atendente.
- Cheguei a ficar cinco minutos esperando, e nada. Só fica aquela musiquinha, ninguém te atende - protesta.
A aposentada Elisabeth Raminelli, de Porto Alegre, diz ter feito três tentativas de comunicação com a CEEE, mas não obteve sucesso:
- Liguei no sábado à noite, no domingo de madrugada e de manhã também.
Conforme Elisabeth, as quedas de energia ao longo do fim de semana foram alternadas com períodos de restabelecimento do serviço. Na manhã de segunda-feira, a luz funcionava normalmente em sua casa, no bairro Ipanema.
- Abri a geladeira e estava com um cheiro horrível. Vou ter que tirar metade das coisas - reclama.
As concessionárias de energia elétrica CEEE, AES Sul e RGE argumentam que o serviço ficou congestionado devido à alta demanda.
Coordenador da área de Serviços Essenciais do Procon-RS, Ernani César de Freitas Júnior sugere que os clientes tentem, se possível, outras formas de comunicação além do telefone, como e-mail, site e SMS:
- Hoje, todas as concessionárias do Rio Grande do Sul trabalham com o SMS. Mesmo que se ultrapasse todas as possibilidades de comunicação do consumidor com a concessionária, ele pode tentar buscar as lojas físicas. O importante é informar para ter seu número de protocolo.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) orienta que, se o consumidor não conseguir contato com a distribuidora de energia elétrica, ele recorra à Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs). Se não tiver resultado, a Aneel pode ser contatada pelo telefone 167.
O que diz a AES Sul
Por meio da assessoria de comunicação, a concessionária informou que a central de atendimento funciona com toda a capacidade, de 200 posições simultâneas. Disse também que o volume de clientes que procuram atendimento deixaram os canais congestionados. Como alternativas, a empresa recomenda o uso do SMS e o atendimento em lojas físicas.
O que diz a RGE
O gerente da Regional Leste da RGE, Roberto Sartori, informou que o call center teve grande procura. Sartori ainda disse que muita gente registrou a reclamação só na segunda-feira, provavelmente porque vários clientes estavam na praia, o que acabou concentrando as ligações.
O que diz a CEEE
A CEEE, por meio da assessoria de comunicação, afirmou que a Central de Teleatendimento opera normalmente, com todo o efetivo (236 pessoas). Devido à gravidade do temporal, o grande número de ligações provocou congestionamento. Em casos como esse, a companhia recomenda que os clientes aguardem na linha para serem atendidos. A empresa orienta que clientes comuniquem a falta de luz pelo torpedo.
*Zero Hora