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Educação Infantil

Alvorada ocupa o último lugar no ranking de oferta de vagas em creches

Em último lugar no ranking de oferta de vagas, Alvorada atende apenas a 9,78% das crianças entre zero e cinco anos. Mães recusam propostas de trabalho e até deixam o emprego para cuidar dos filhos

09/02/2015 - 07h01min

Atualizada em: 09/02/2015 - 07h01min


Jeniffer Gularte
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Lucimara Moreira da Silva tem dificuldade para conseguir vaga para os filhos Evelin, Elisandro e Éder

Sem conseguir vaga na creche para os três filhos, a dona de casa Lucimara Moreira da Silva, 33 anos, moradora do Bairro Umbu, em Alvorada, já recusou três propostas de trabalho. Há quatro anos, ela busca vagas em creches para os filhos Évelin, seis anos, Éder, cinco anos e Elisandro, quatro anos. Nunca conseguiu.
- Agora, os dois mais velhos estão em idade escolar, consegui colocá-los na escola. Mas é um turno só e tem o pequeno para cuidar. O máximo que eu consigo (de trabalho) é pegar uma faxina e, quando dá, minha filha mais velha (de 17 anos) fica com eles. Mas não é sempre - lamenta Lucimara.
As mães de Alvorada são as que mais padecem no Estado em busca de vaga para as crianças. O município ocupa o último lugar no ranking de oferta de vagas segundo a Radiografia da Educação Infantil realizada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). São 17.936 crianças entre zero e cinco anos, das quais apenas 1.754 (9,78% _ o menor índice do Rio Grande do Sul) estão matriculadas em escolinhas.
Os dados levam em conta números de 2013, mas, de lá pra cá, nada mudou. O município não possui nenhuma escola municipal de educação infantil (Emei) e conta apenas com 14 escolas conveniadas _ instituições privadas que recebem recursos da prefeitura para atender alunos gratuitamente.

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Bebês sem vaga

O levantamento mostra que, das 6.006 crianças de quatro a cinco anos, só 1.176 estão na escola (19,58%). Com os pequenininhos, é ainda pior: das 11.930 crianças entre zero e três anos, só 578 estão matriculadas (4,84%). Mais de 95% dos bebês não conseguem vaga.
- Historicamente, Alvorada não investiu na educação infantil - considera o auditor público externo do TCE, Hilário Royer.
O pequeno João Vitor, de um ano e onze meses, está na fila de espera deste o primeiro mês de vida e não consegue matrícula. A mãe, Samanta Rafaela Assis Kruel, 17 anos, sonha com o primeiro emprego, mas não pode sequer ir à procura. O primogênito Kauê, três anos, está na mesma situação do caçula.
- Se eu fosse pagar em uma escolinha particular, gastaria R$ 230 com cada um deles e comprometeria mais da metade da minha renda - conta ela, que vive apenas com o valor da pensão de um dos filhos.

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Melhor ficar em casa

Sem a creche pública, a relação custo-benefício de matricular os filhos em uma escolinha particular incentiva as mães a ficarem em casa cuidando dos pequenos. Outra moradora do Bairro Umbu, a operadora de caixa Fabiana Garcia, 29 anos, deixou o trabalho há seis meses para cuidar de Diogo, dez anos, Rafaela, oito anos, e Matheus, dois anos:
- Em um bairro que tem tiroteio toda hora, tu não podes sair para trabalhar e deixar os filhos em casa. Aqui, só se consegue creche se tu pagas. Não queria ter parado de trabalhar, mas metade do meu salário ia na mensalidade das crianças.

Primeira creche municipal está sendo erguida

A prefeitura de Alvorada informa que, em outubro do ano passado, iniciou a construção da primeira escola infantil pública do município. A Escola Dilan Camargo fica no Bairro Salomé. O prédio com capacidade para 122 vagas por turno (244 por dia) deve ser inaugurado até o fim deste ano.
Outros dois terrenos, um no Bairro Umbu e outro no Bairro Algarve, serão terraplanados para construções futuras de creches que serão erguidas por meio de convênio com o governo federal. Estas também terão capacidade de 122 vagas por turno.
Outros oito terrenos estão em fase de licitação para terraplanagem, conforme a prefeitura. Até o ano que vem, para cumprir a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) - que pretende universalizar o acesso à educação infantil em 2016 -, o município deverá criar 10.217 vagas. A prefeitura, porém, admite dificuldades para chegar lá e afirma que está "enfrentando um déficit histórico de acordo com as condições econômicas da cidade".
Para atender a meta do PNE, em um ano o município teria que construir pelo menos 41 creches, levando em conta escolinhas que atendem 244 crianças por dia.

Como é hoje
As 14 escolas conveniadas atendem 1.236 mil alunos e recebem da Prefeitura R$ 120 por aluno. Nas escolas municipais de ensino fundamental, serão atendidos, em 2015, 550 alunos na pré-escola - idade que se enquadra na educação infantil.

 

 


 


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