Homenagem
Protesto lembra vítimas de chacina e pede justiça em Alvorada
Aproximadamente 150 pessoas, entre familiares e amigos dos quatro jovens mortos a tiros na última segunda-feira, no Recanto do Algarve, participaram da manifestação
Cerca de 150 pessoas participaram de uma manifestação realizada no final da manhã deste domingo, em Alvorada, que pedia justiça e homenageava as quatro vítimas da chacina na Vila Recanto do Algarve, na noite do dia 2 de março. Além de amigos e familiares de Jonas Dorneles de Souza, 16 anos, Cristian Rodrigues de Assis, 19 anos, Bryan Ildo de Andrade, 16 anos, e Andrey Flores Monticelli, 16 anos, pessoas da comunidade que se quer conheciam os jovens mortos a tiros fizeram questão de participar do evento.
- Não sou parente nem conhecia os guris, mas tenho um filho de 15 anos que, assim como eles, está sempre na rua andando de skate e se divertindo com os amigos. me senti na obrigação de fazer algo por estas pessoas - disse a organizadora da caminhada, que mobilizou a comunidade pelo Facebook.
Pelo trajeto, moradores da vizinhança saiam nos portões de casa para aplaudir ou prestar solidariedade. Alguns, emocionados, choraram enquanto assistiam à manifestação. Na região, é unânime a sensação de medo e insegurança.
- O clima está muito tenso por aqui. As pessoas estão apavoradas, com medo de sair nas ruas. É tiroteio todos os dias. Está insustentável - relatou uma moradora.
Irmão de uma das vítimas, um homem destacou que o protesto deste domingo é, principalmente, um pedido de socorro às autoridades.
- Queremos lembrar os guris que nós amamos, mas também fazer algo por aqueles que ficaram. Quem mora lá embaixo (na Vila Recanto do Algarve) está esquecido. Precisamos de recursos como saúde e segurança, principalmente, para que não aconteçam outras tragédias como esta - ressaltou.
Durante a chacina na noite da última segunda-feira, os atiradores que assassinaram os quatro rapazes anunciaram que voltariam para colocar fogo nas casas. Desde então, famílias da região deixaram suas casas e têm medo de voltar.
- Estão todos muito amedrontados. Não basta o trauma da tragédia, ainda convivem com o pavor de perderem suas casas, o pouco que conseguiram construir - diz a tia de outra das vítimas.
Muitos estão chamando o recanto do Algarve de "vila fantasma".
- Não restou quase ninguém. Está deserto. As casas fechadas e abandonadas. Tem um ou dois moradores que decidiram continuar, o resto debandou. Mas uma hora terão de voltar, porque não têm recursos, Estão vivendo de favor - relata a mãe de um dos jovens mortos.