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Intervenção na República Centro-africana

ONU nega ter tentado ocultar os estupros de crianças africanas

O porta-voz do Alto Comissariado alegou ainda que as Nações Unidas não puderam tornar pública a investigação com o objetivo de proteger as vítimas

01/05/2015 - 15h52min

Atualizada em: 01/05/2015 - 15h52min


ERIC FEFERBERG / AFP
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As Nações Unidas negaram nesta sexta-feira ter tentado acobertar supostos casos de abusos sexuais de crianças na República Centro-africana, pedindo tolerância zero contra esse tipo de crime.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos considerou ofensiva qualquer acusação no sentido de acobertamento de estupro de crianças por parte de Capacetes Azuis franceses posicionados no país africano.

- Qualquer insinuação de que (o atual Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos) Zeid Ra'ad al Hussein teria tentado acobertar abusos sexuais contra crianças é francamente ofensiva - declarou o porta-voz Rupert Colville.

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Ele explicou ainda que Zeid é conhecido nas Nações Unidas como um dos maiores especialistas na questão da violência sexual cometidos por tropas de manutenção de paz, já que escreveu um importante relatório a respeito em 2005.

Colville assegurou da mesma forma que a ex-juíza do Tribunal Penal Internacional, Navi Pillay, antecessora de Zeid quando a ONU foi informada das alegações de abusos sexuais, também está fora de qualquer suspeita.

O porta-voz do Alto Comissariado alegou ainda que as Nações Unidas não puderam tornar pública a investigação com o objetivo de proteger as vítimas, que são crianças.

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A ONU se defendeu assim das acusações de várias ONGs, entre elas a Save the Children, que pediram às Nações Unidas que esclareça este caso de supostos abusos sexuais na República Centro-Africana.

Algumas acusaram a ONU de ter tentado ocultar o assunto depois de suspender o funcionário da organização que trouxe o caso à à tona.

Anders Kompass, alto dirigente do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, com sede em Genebra, transmitiu um relatório intitulado "Abusos sexuais contra crianças pelas forças armadas internacionais" às autoridades francesas em julho de 2014, destacando os procedimentos da organização internacional em reação à falta de ação da ONU.

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O relatório confidencial documentava a exploração sexual de menores por parte de soldados franceses estacionados na República Centro-Africana, incluindo detalhes sobre as vítimas e dos soldados envolvidos. Em 17 de abril foi suspenso e desde então é investigado pelas Nações Unidas.

Na quinta-feira, o presidente francês François Hollande afirmou que será implacável caso sejam confirmadas as acusações de que soldados franceses estupraram crianças e mulheres na República Centro-africana. Segundo uma fonte judicial francesa, seriam 14 militares suspeitos dos crimes. O ministério da Defesa francês confirmou que Paris abriu sua própria investigação após a da ONU.

Os abusos descritos no documento ocorreram antes da implementação da missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) e foram investigadas pelo Gabinete de Direitos Humanos da ONU, em Bangui, no final do segundo trimestre do ano passado.

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Segundo o jornal britânico The Guardian, o relatório pode conter testemunhos de crianças que afirmaram terem sido estupradas por soldados franceses entre dezembro de 2013 e junho 2014 em um campo para deslocados no aeroporto de Bangui.

A França enviou tropas para a República Centro-Africana em dezembro de 2013, quando o país estava mergulhado na violência após um golpe que derrubou o líder Francois Bozizé.

*AFP


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