Violência em Alvorada
Jovem tem celular roubado, não reage e é morto mesmo assim
Amigo da vítima também levou dois tiros e será submetido a uma segunda cirurgia
Com a frase "dois pulmões perfurados e milhares de corações partidos", colegas, professores, amigos e familiares do jovem Gabriel Leiria, 17 anos, fizeram uma manifestação, nesta quinta-feira pela manhã, nas proximidades da Escola Estadual Júlio César Ribeiro de Souza, em Alvorada, onde ele estudava.
Gabriel foi morto com dois tiros por um homem que roubou seu celular, no final da tarde de terça-feira. Seu amigo Henrique Santos, 15 anos, que estava junto, também foi atingido por dois disparos e, na quarta-feira à noite, estava internado no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, onde deve ser submetido a uma cirurgia.
A delegada Fabiana Borges Kleine, da 2ª DP de Alvorada, responsável pelas investigações, trabalha com a hipótese de latrocínio (roubo com morte). Ela acredita que imagens captadas por câmeras de monitoramento poderão auxiliar na identificação do suspeito. Pelas informações recebidas pela polícia, os jovens não reagiram.
Quando atacados, Gabriel e Henrique haviam saído de uma padaria. Eles tinham comprado um refrigerante e um pacote de pães, possivelmente para o lanche da tarde. Quando retornavam para a casa de Henrique, foram abordados por um homem armado, na Rua Vereador Lauro Barcellos, Bairro Água Viva, Parada 43 de Alvorada. O assaltante teria exigido os celulares da dupla, mas só Gabriel carregava o seu.
- Ouvi dizer que o homem teria ficado brabo porque só um estava com celular. Mas já disseram também que ele não teria gostado do modelo do celular que lhe foi entregue - disse um amigo da dupla.
Depois de pegar o celular de Gabriel, o assaltante, segundo testemunhas, teria caminhado uns quatro passos, virado para trás e disparado quatro tiros, dois em cada um dos jovens.
Com os dois pulmões perfurados, Gabriel morreu na hora. Henrique foi levado ao Hospital de Alvorada e, depois, removido para o Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. De acordo com o seu tio, o representante comercial André Frediani, uma das balas ficou alojada na coluna cervical, entre a medula e a espinha dorsal. Ontem, ele estava com o lado esquerdo do corpo paralisado, e os médicos esperavam para submetê-lo a uma segunda cirurgia.
Longa espera pelo corpo
Por volta das 19h, na noite chuvosa de quarta-feira, dezenas de pessoas aguardavam no Cemitério Parque São Jerônimo, em Alvorada, para o velório de Gabriel. Muitos eram seus colegas na Escola Estadual Júlio César Ribeiro de Souza, onde ele cursava o terceiro ano do ensino médio. Na quarta, não houve aulas.
A mãe do jovem, Marlene Leiria, além da desolação com a tragédia, ainda sofria com a demora na liberação do corpo.
- Só no final da tarde, umas 24 horas depois, foi liberado no DML. É muito sofrimento - disse ela.
Professores da escola também foram prestar solidariedade aos familiares.
- Era um ótimo aluno. Bem tranquilo - resumiu a diretora da escola, Andréia dos Santos.
A vice-diretora, Letícia Posseto, revelou uma preocupação da comunidade escolar:
- Estão ocorrendo muitos assaltos no entorno da escola, para pegarem os celulares dos estudantes. Está muito perigoso.