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Atraso salarial no RS

Protestos, bloqueios em rodovias e aulas suspensas: como foi a segunda-feira no RS

Segunda-feira foi marcada por manifestações de servidores estaduais, com boa parte de escolas estaduais fechadas

03/08/2015 - 22h53min

Atualizada em: 03/08/2015 - 22h53min


Ricardo Duarte / Agencia RBS
Funcionários públicos realizaram manifestação na região central da Capital

Os gaúchos viveram uma segunda-feira de protestos e confusão, que começou com bloqueios em rodovias, teve aulas e serviços prejudicados e terminou com uma entrevista coletiva do governador José Ivo Sartori sobre o parcelamento do salário do funcionalismo.

Na conversa com os jornalistas, que ocorreu três dias após o anúncio da medida e durou poucos minutos, por volta das 21h30min, Sartori anunciou a formação de um grupo de trabalho com representantes de todos os poderes para "analisar alternativas" à crise. Não foram apresentadas medidas concretas para evitar o fatiamento salarial no curto prazo. Em vez disso, Sartori voltou a pedir "compreensão" à sociedade.

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- Resolvemos trabalhar coletivamente com um grupo técnico, que chamamos de comitê técnico, com dois representantes de cada órgão para olhar a realidade financeira do Rio Grande, analisar alternativas e encontrar saídas - disse o governador.

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A declaração foi feita após uma reunião a portas fechadas com integrantes das entidades que deverão fazer parte do comitê, como Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e Defensoria Pública.

Também na segunda, o governo estadual divulgou que uma reunião agendada para esta terça com a presidente Dilma Rousseff para tratar da crise nas finanças do Estado foi cancelada pelo Planalto. O encontro terá de ser reagendado.

Antes da entrevista de Sartori - realizada com três horas de atraso em relação ao previsto -, a reação de servidores estaduais ao parcelamento de salários suspendeu ou reduziu serviços, cancelou aulas, levou ao bloqueio de vias e disseminou um clima de dúvida e insegurança entre a população pelo anúncio de cortes no policiamento, na circulação de ônibus e no funcionamento de bancos.

O maior impacto da mobilização recaiu sobre as escolas estaduais. Boa parte dos estabelecimentos adiou a volta às aulas após as férias de inverno. Estabelecimentos tradicionais da Capital como o Instituto de Educação Flores da Cunha e os colégios Julio de Castilhos paralisaram. Parte dos professores se deslocou ao Centro Administrativo para exigir pagamento integral.

- Não é justo. Não é digno para uma pessoa que trabalha e tem os seus compromissos mensais (receber parcelado) - sustentou a professora Carmem Fabrício.

Em cidades como Caxias, Santa Maria, Bento Gonçalves e Vacaria também houve cancelamento de aulas. O dia de indignação do funcionalismo teve início ainda durante a madrugada, quando pneus e bonecos em chamas foram utilizados para bloquear pelo menos oito trechos de rodovias em diferentes regiões do Estado. Na Capital, mulheres de policiais militares montaram piquete diante da sede do 9º Batalhão de Polícia Militar, e servidores marcharam até o Palácio Piratini.

O comando da BM deslocou alunos da Academia de Polícia Militar para reforçar o patrulhamento e reduzir a sensação de insegurança. Mesmo assim, o temor de que a cidade se transformasse em terra de ninguém levou à interrupção parcial dos serviços bancários, dos Correios e da circulação dos ônibus da Carris - os veículos só ganharam as ruas à tarde, após a Justiça determinar que manifestantes liberassem a saída das garagens.

Os serviços de pelo menos quatro bancos foram afetados pela mobilização: parte das agências do Banrisul fechou, Itaú e Santander não receberam pagamentos em dinheiro, e o HSBC só liberou acesso aos caixas eletrônicos. O temor de insegurança ainda provocou o fechamento antecipado de lojas no Centro e levou carteiros a suspender a entrega de encomendas na zona sul de Porto Alegre.

Clima de tensão e boatos negados pela Brigada

O clima de medo entre a população, embora policiais e viaturas tenham sido avistados nas ruas, multiplicou boatos na internet. A BM negou relatos de arrastão em supermercado, assalto a banco e tiroteios repassados em redes sociais. Enquanto o Estado entrava em ebulição, o chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, se reuniu com representantes de servidores e não garantiu o pagamento integral dos vencimentos nos próximos meses. Pediu que a culpa pelo fatiamento salarial não seja atribuída ao atual governo, e avisou que o quadro pode se agravar:

- Se nós nos fragmentarmos e "fulanizarmos" (a crise) no governador, num secretário ou num projeto, a situação pode se agravar ainda mais.

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O secretário estadual da Fazenda, Giovani Feltes, negou a intenção de manter o fracionamento dos salários até o final do ano, mas avisou que o cenário não deve melhorar tão cedo.

- Em agosto, seguramente teremos um volume muito maior de dificuldades - anunciou Feltes.

Líderes do funcionalismo, como o presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários (Amapergs), Flávio Berneira, prometem nova mobilização no dia 18 de agosto.

- Permanecendo essa situação, teremos uma greve histórica, sem precedentes, no Rio Grande do Sul - avisou Berneira.


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