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Natureza em fúria

Tempestade que castigou o Estado ainda deixa marcas

Luz e água faltaram em parte do dia depois do temporal que derrubou árvores, quebrou telhados e alagou ruas na Capital

15/10/2015 - 22h36min

Atualizada em: 15/10/2015 - 22h36min


Félix Zucco / Agência RBS
Canoas é uma das cidades que decretou situação de emergência

São Pedro parece ter se revoltado contra o Estado que o adotou como padroeiro. O Rio Grande do Sul foi castigado entre a noite de quarta-feira e a manhã desta quinta-feira por temporais que deixaram um rastro de destruição, como poucas vezes se viu. Três pessoas morreram e 15 ficaram feridas.

Chuva já deixou estragos em 95 cidades e afeta 130 mil
"O teto caiu inteiro", diz moradora

Na Capital, o desabamento de uma estrutura de lona e ferros na quadra da escola Imperadores do Samba deixou 11 feridos. Na cidade de Dilermando de Aguiar, a 367 quilômetros de Porto Alegre, quatro pessoas se feriram no desabamento da estrutura montada para uma feira.

Central de doações pede alimentos e material de higiene para atingidos pela chuva

A tempestade na Capital, que iluminou o céu com clarões de raios, foi a segunda maior dos últimos sete anos. E o vento atingiu 110 km/h. Em Santa Maria, a chuva destruiu parte do ginásio do Guarany-Atlântico, onde estavam as doações para os atingidos por enchentes no município.

Como o temporal se formou no RS

Porto Alegre teve 24 ruas bloqueadas por alagamentos ou quedas de árvore. Um cinamomo desabou sobre um automóvel no bairro Rio Branco. O motorista, Marcos Saldanha, escapou por pouco. A árvore esmagou o carro quando ele chegava em casa, durante o temporal da noite de quarta. O condutor não se machucou, mas o lado do passageiro ficou completamente amassado.

- O capô afundou e trincaram todos os vidros. No desespero para sair, não consegui abrir a porta. Comecei a dar socos e chutes no vidro, e até cortei a mão. Tinha acabado de deixar meu amigo em casa. Se houvesse alguém na carona, não sei se sairia vivo - conta o jovem recém-formado, que trabalha com finanças.

Na Serra: "Escorria água pelas tomadas"

O Hospital de Clínicas teve várias janelas de vidro quebradas, o que ocasionou alagamento de salas e corredores e danificou equipamentos, como computadores e um bisturi de argônio, utilizado em transplante de fígado. Por causa dos estragos, as consultas desta quinta foram canceladas, assim como as cirurgias não urgentes.
 
Piratini estima precisar de R$ 10 milhões para estradas e pontes
 
O vendaval deixou também 700 mil residências sem eletricidade no Estado. Se os alagamentos foram o principal problema nas grandes cidades, em outros pontos a destruição veio mais pelo vento do que pela água. Pelo menos 400 casas foram danificadas por granizo e ventania na madrugada em São Francisco de Paula. Em Parobé, o vento destelhou mais de cem moradias.

530 mil clientes seguem sem luz no RS

Após reunião com o governador José Ivo Sartori e prefeitos realizada em Porto Alegre na manhã desta quinta, o ministro interino da Integração Nacional, Carlos Vieira, garantiu que o governo repassará recursos para ajudar na recuperação dos estragos causados pelo temporal. Somente em estradas e pontes, o Piratini estima serem necessários R$ 10 milhões. O ministro prometeu agilidade.

- Dinheiro não é problema, pois são valores extraorçamentários - assegurou Vieira, que sobrevoou regiões inundadas.

Água começa a voltar às casas de Porto Alegre

Conforme a Defesa Civil, já passa de 130 mil as pessoas prejudicadas pelo mau tempo no Estado. São mais de 2,3 mil famílias desalojadas e 1,4 mil desabrigadas em 95 municípios. Pelo menos 31 mil residências foram atingidas por temporais. Também de acordo com a Defesa Civil, as cidades mais afetadas são Rio Pardo, Cachoeira do Sul, Nova Santa Rita e São Jerônimo. Também há registros de estragos na Fronteira Oeste, na Serra e na Região Metropolitana.

* Zero Hora


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