Trabalho
Crise encolhe mercado para os trabalhadores temporários
Levantamento da AGV mostra que expectativa do varejo para a contratação no Natal será bem menor do que há cinco anos.
O segundo semestre começou há pouco e o comércio já está de olho nas vendas e nas vagas para o Natal. Mas, em função do momento econômico, as projeções de contratação de temporários não são muito otimistas.
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Quem está esperando por uma vaga na data deve saber que não será fácil conquistá-la.De acordo com pesquisa realizada neste mês pela Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), apenas 8% dos lojistas questionados sobre contratação de funcionários para o segundo semestre, incluindo o Natal, responderam positivamente.
O levantamento é realizado desde 2012 e envolveu 130 entidades que fazem parte da AGV (ao todo, são 26,5 mil). A expectativa é de que sejam contratadas neste ano entre 3,5 mil e 4 mil temporários. Em 2011, foram contratados 35 mil temporários no Estado.
– Era o momento dourado do comércio, agora, é cinza – compara o presidente da entidade, Vilson Noer. Em 2015, foram 12 mil.
Atendimento
Apesar da avaliação negativa, Vilson diz que é possível ver luz no horizonte, com a estabilização na indústria. Se a economia der sinais de melhora mais perto do final do ano, há possibilidade de que 30% das vagas temporárias virem efetivas, destaca.A explicação para a retração nas contratações se justifica pelo receio dos lojistas de criar gastos e com sinais ainda frágeis de aumento de vendas. As vagas que forem criadas serão na área de vendas e por grandes lojas.
– As empresas já estão em dificuldades e tiveram que ajustar a sua operação, deixá-la mais enxuta – afirma.
Conforme o dirigente, para dar conta dos clientes a mais do fim do ano, os lojistas contam com o preparo de quem já está atuando. Vilson observa que há menos pessoas frequentando as lojas, pois utilizam a tecnologia para pesquisar preços e, quando vão, geralmente, já sabem o que querem, então, o atendimento é mais rápido.
Preencha ficha
De acordo com o presidente do Sindilojas, Paulo Kruse, o Natal significa de duas a três vezes a venda de um mês normal. Por conta disso, há necessidade de ampliação dos quadros para atender os consumidores. Conforme o presidente, setembro é o mês em que começam as contratações.
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Aos interessados em uma oportunidade, destaca que os candidatos podem preencher fichas no sindicato.A CDL Poa ainda não tem números de temporários. A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) também não trabalha ainda com uma projeção de contratações de temporários.
Chance de recolocação
Com 20 anos de trabalhos temporários no currículo, Isabel Cristina Prates, 51 anos, tem sentido os efeitos da crise. O final do ano é visto como uma oportunidade de retornar ao mercado de trabalho. Ela espera uma chance nas campanhas de aves natalinas ou junto aos shoppings, que realizam promoções que necessitam de pessoal para as trocas de notas.
– Essa é a minha esperança. Desde a metade do ano passado, começou a diminuir o trabalho. Com a crise, fui demitida (era funcionária de uma agência de promoções). Neste ano, Isabel contabiliza quatro trabalhos realizados como supervisora temporária – sem crise, chegava a fazer dois ao mesmo tempo.
Qualidades
Nem na Páscoa, época na qual geralmente há diversas oportunidades de trabalho para demonstradores, promotores e supervisores, ela conseguiu uma colocação.
– Eu continuo procurando as agências. Gosto de estar na rua, falando com as pessoas. E o salário nas campanhas compensa – explica.
A partir da sua vasta experiência, Isabel cita as qualidades para ser um bom temporário: ser despachado, simpático, dinâmico e ter disponibilidade de horário.