Bom resultado
As lições da Gomes Carneiro, uma das dez escolas públicas gaúchas mais bem colocadas no Enem
Instituição da Vila Ipiranga, na Capital, alcançou média de 587,59
Entre as dez escolas públicas gaúchas mais bem avaliadas no Enem 2015, a Escola Estadual de Educação Básica Gomes Carneiro, na Vila Ipiranga, na Capital, chama a atenção pela maneira como vem contornando problemas comuns às instituições da rede estadual na atualidade.
A Gomes Carneiro ocupa a décima colocação entre as escolas gaúchas mais bem avaliadas (posição 2.137 no total). Na Capital, fica atrás dos colégios Tiradentes e Militar. É a única na lista que não tem o comando nas mãos da Secretaria da Segurança Pública, administradas por oficiais da corporação e que exigem seleção, nem tem vínculo com universidades ou institutos federais.
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Apesar de dificuldades na estrutura física, recursos financeiros exíguos e parcelamento dos salários dos professores, a Gomes Carneiro desenvolve um trabalho que a fez alcançar média de 587,59 no exame e ser reconhecida pela comunidade escolar como uma escola forte. Isso gera a procura de alunos de vários bairros da Capital e cidades da Região Metropolitana, que buscam um colégio público de qualidade.
Na quarta-feira, o dia foi de celebração dos resultados na escola de 740 alunos. A diretora Susana Silva de Souza, 48 anos, enumera uma série de razões para o bom desempenho da escola, que vem se repetindo desde 2013.
Parceria
A palavra parceria é destacada no discurso.
– A comunidade sempre esteve presente na escola. E essa parceria começa desde a portaria, envolve funcionários e professores – explica a diretora.
A proximidade dos pais com a escola se estabelece de várias formas: há um grupo no WhatsApp no qual a equipe diretiva se comunica com os responsáveis – mas bilhetes ainda são colados no caderno dos pequenos –, os pais costumam levar e buscar os filhos e participar das reuniões na escola.
– Os pais são muito presentes. Não vêm só quando tem problema – afirma Susana.
A secretária Tercila Rosin Henriques, 53 anos, do Bairro Sarandi, não se importa de deslocar-se para levar as filhas Aline, 16 anos, e Alice, 13 anos.
– Esta escola dá o mesmo retorno que uma escola particular daria. Mas o que me faz trazer as minhas filhas é a disciplina, a segurança – elogia Tercila.
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O ranking foi feito por Zero Hora com base nas médias obtidas nas provas do ano passado e divulgadas pelo Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação, nesta semana. São levadas em conta as provas objetivas e a redação. O governo federal não divulga rankings.
Quatro salas interditadas
Mesmo bem cuidado – não se vê sinais de depredação –, o ambiente da Gomes Carneiro é muito simples. A fachada da escola não recebe manutenção há uma década.
– Queríamos dar um colorido, mas não temos recursos. Vamos atrás de doações de tinta – diz a diretora Susana.
Atualmente, quatro salas de aula estão interditadas por problemas estruturais. O piso das salas está desgastado e precisa ser substituído. Quando chove, a área coberta e parte do pátio alagam. Há salas de aula com goteiras e infiltrações e a parte elétrica também precisa de reparos. Os banheiros são antigos e apresentam problemas. Para completar, o recurso da autonomia financeira está atrasado há cinco meses.
Melhorias
De acordo com a Secretaria Estadual da Educação (Seduc), a Escola Gomes Carneiro apresenta inconsistências na prestação de contas e, por isso, não está recebendo os repasses referentes à autonomia financeira. A diretora já foi orientada sobre as medidas necessárias para solucionar o problema e, assim, poder receber os valores.
O secretário Luís Alcoba esteve recentemente na escola. Uma equipe técnica foi designada por ele para fazer o levantamento de quais melhorias são necessárias. Posteriormente, o recurso será liberado para que a direção contrate os serviços.
"Aqui, os alunos gostam de aprender”
– Em meio a muitos problemas, conseguimos um bom resultado. Os alunos se esforçam, gostam de aprender.
A fala é de Lucas Borba, 18 anos, do segundo ano do ensino médio. Presidente do Grêmio Estudantil, ele defende que as reuniões do grêmio não podem ser motivo para faltar às aulas. Mesmo tendo vários problemas a ser resolvidos, ele explica que os alunos optaram por não ocupar a escola – o movimento estudantil ocorreu entre maio e junho deste ano. Em vez disso, ele decidiu levar as demandas diretamente ao secretário da Educação Luís Alcoba.