Opinião
Manoel Soares: "Somos todos Caco"
Colunista do Diário Gaúcho critica a agressão sofrida pelo jornalista Caco Barcellos, da TV Globo
O que vocês dizem de um grupo de pessoas se juntar para bater em um homem de 65 anos que está trabalhando? Por mais absurdo que pareça, isso aconteceu com um amigo meu. Ele fazia uma reportagem em uma manifestação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro quando pessoas que não concordam com as atitudes da empresa onde ele trabalha decidiram agredi-lo. Chegaram ao absurdo de jogar um cone de sinalização na cabeça dele. Pior: as pessoas diziam estar protestando em defesa do povo.
Talvez, até fosse verdade, mas, quando fazemos coisas erradas alegando ser por motivos certos, somos traídos por nós mesmos. Muitos políticos se valem dessa regra para serem corruptos, muitos policiais se valem dessa regra para serem violentos, muitos maridos se valem dessa regra para baterem nas suas esposas e filhos e por aí vai.
Dizem que perderam a cabeça, que se deixaram levar pelo impulso, que, na hora, agiram sem pensar, mas a verdade é que, quando estamos em grupo, escondidos na invisibilidade da multidão, é que mostramos quem somos de fato.
Respeito
Quem jogou esse cone na cabeça do Caco Barcellos não atingiu só ele, mas todos que querem fazer protestos pacíficos, todos que querem liberdade de imprensa, todos que querem respeito aos que viveram mais e dedicaram a vida aos direitos humanos e sociais.
Leia mais
Escolha uma cartinha e seja o Papai Noel de alguém neste Natal
Confira o caderno especial produzido por alunos que participaram do projeto DG na Sala de Aula
Ao agredir o Caco, os bandidos disfarçados de manifestantes sujaram a água limpa da democracia que ele tanto lutou para proteger. Não interessa se as pessoas não concordavam com a Globo ou com a opinião de alguns jornalistas, mas, com certeza, não é assim que vamos ser ouvidos. Não somos animais, aliás, #SomosTodosCaco.