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Repressão russa

O punk rock contra Vladimir Putin

Em um sinal de que o autoritarismo ganha força no país, banda de mulheres pode ser condenada por música de protesto

08/08/2012 - 05h04min

Atualizada em: 08/08/2012 - 05h04min


Grupo que fez críticas ao líder russo despertou a atenção internacional e o apoio de outros artistas

As mais novas vítimas da paranoia repressiva do presidente russo são jovens de uma banda feminista de punk rock chamada Pussy Riot.

Por organizarem um protesto contra Vladimir Putin em frente à catedral de Moscou elas podem ser condenadas a três anos prisão sob a acusação de vandalismo motivado por ódio religioso.

Presas desde fevereiro, Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich despertaram simpatia de celebridades - inclusive da cantora Madonna que está em turnê na Rússia. O caso expõe a truculência do regime e sua intolerância crescente com vozes contrárias - ainda mais em altos decibéis das canções de protesto. O promotor do caso, que pediu ontem três anos de reclusão para o trio, afirmou que as garotas deveriam ser "isoladas da sociedade" e que elas haviam violado as tradições do país.

Putin, que governa a Rússia de fato desde 1999 - foi presidente, primeiro-ministro e retornou à presidência - tomou posse em maio em meio a protestos e denúncias de fraude nas eleições. Centenas de manifestantes foram presos. Logo após assumir, o governo enrijeceu a legislação sobre a liberdade de reunião com novas leis que preveem a necessidade de autorização do Estado para realizar manifestações. Putin tornou as multas significativamente mais altas para violações do código.

Outro caso incluído no rol da perseguição política é a prisão do blogueiro Alexei Navalny, considerado um dos líderes da oposição, no fim de julho. Ele é acusado por roubo de madeira de uma companhia estatal, enquanto trabalhava como conselheiro de um governo regional, em 2009.

O histórico russo de repressão e intolerância à dissidência não é novo: durante o período czarista e soviético imperava a força do comando de quem estava no poder. Após a queda da União Soviética, o país adotou as regras que regem as democracias constitucionais do Ocidente.

Classe média está insatisfeita com regime

Putin, um ex-agente da KGB, chegou ao poder pelas regras do jogo, mas se manteve graças a um período de crescimento econômico no qual pôde manipular as regras. Seu maior desafio, no entanto, é encarar uma classe média insatisfeita com a situação econômica - e política - do país.

Mark Feygin, um dos advogados da banda, resumiu durante o julgamento seu sentimento em relação ao governo:

- Na Rússia, não há Estado de direito. Na Rússia, não há sistema judicial. Nada mudou desde os tempos do comunismo.


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