Polícia



Impunidade

Gatuno está de volta às ruas da Capital

Punguista flagrado pelo Diário ficou horas na DP e foi liberado. Caso mobilizou leitores que, ontem, se manifestaram irritados com a situação

31/05/2012 - 08h12min

Atualizada em: 31/05/2012 - 08h12min


Punguista foi encontrado, mas solto logo em seguida por falta de provas

Durou pouco o tempo que o punguista flagrado pelo Diário Gaúcho ficou detido na 17ª DP. O suficiente para ser ouvido, negar que seja o homem que roubou a corrente de uma mulher e, em seguida, ser liberado.

O caso flagrado pelo Diário, segunda, não é isolado. Segundo a Polícia Civil, uma pessoa é furtada no Centro a cada quatro horas.

Favero Civiero, 33 anos, está em liberdade condicional e foi detido pela Brigada na noite de terça-feira em circunstâncias que ainda devem ser apuradas.

Segundo os PMs, Favero foi capturado quando chegava em casa, na Rua Coronel Vicente, Centro, com uma sacola. Nela estavam as roupas que ele usava na tarde de segunda quando o Diário flagrou o furto no Terminal Parobé.

Preso deu outra versão na DP

Em depoimento, Favero disse que chegava em casa com a companheira, grávida, quando foi abordado. Ele alega que teve uma arma apontada para sua cabeça e que, depois, foi levado para dentro de casa. Os PMs teriam entrado no imóvel sem mandado e apreendido roupas.

- Ele foi trazido pelos brigadianos e ouvido pelo plantonista. Vamos abrir inquérito para apurar o furto flagrado pelo Diário - disse o titular da 17ª DP, delegado Hilton Muller.

Não havia mais flagrante

Quanto ao fato de Favero não ter ficado preso, o delegado esclarece que não havia mais condições para o flagrante, uma vez que ele foi detido um dia depois do fato, sem o objeto roubado e sem registro pela vítima.

Além disso, por se tratar de furto, com pena inferior a quatro anos, é passível de aplicação de fiança que, uma vez paga, faria com que ele fosse liberado em seguida.

O delegado acredita que o depoimento e o reconhecimento por parte da vítima, que não foi localizada, poderiam auxiliar o promotor na hora da denúncia e depois na decisão do juiz, em caso de condenação.

Dê a sua opinião

O caso indignou a maior parte dos leitores da edição impressa e do site do Diário. Mais de 50 pessoas usaram a internet para manifestar opiniões. Você pode dar a sua em www.diariogaucho.com.br/mural. Veja a opinião de alguns leitores:

"Infelizmente, não é culpa das polícias e sim dos nossos legisladores que estão transformando nosso país no país da impunidade."

Tavares Azevedo
Porto Alegre
"É uma vergonha, mas infelizmente reflete a realidade atual do Brasil, com leis brandas e defasadas."

Edmilson Borges dos Santos
Porto Alegre
"Graças (a impunidade) à irresponsabilidade dos deputados e senadores, que cada vez mais dificultam as prisões e facilitam as solturas.

Casemiro de Aguiar
Caxias do Sul
"A delinquência é isso aí, cada vez mais vemos criminosos ditos pequenos que depois se tornam grandes bandidos, como as leis são fracas."

Orlei Soares Paganella
Porto Alegre
"Vergonha... bom, mas nada de se estranhar, já que as leis no Brasil são feitas por bandidos para bandidos..."

São quase oito casos por dia

O delegado Hilton afirma haver muito mais casos do que os 918 registrados nos primeiros quatro meses do ano. Destes, 744 furtos foram na área da 17ª DP, desde o Cais do Porto até a Rua Riachuelo - dali, até o Bairro Cidade Baixa, a competência é da 1ª DP, que teve 174 ocorrências.

Assim, a média de furtos registrados no Centro é de 7,65 por dia, em torno de um a cada quatro horas.

- Mas grande parte dos casos nem é registrada - lembra Hilton.

Ministério Público vai agir

No caso flagrado pelo Diário, o que vai ocorrer, de acordo com o Ministério Público, é uma ação penal pública, uma vez que os interesses da sociedade prevalecem sobre os da vítima, que não registrou queixa. Não há a necessidade de registro, pois o furto foi flagrado em fotos. O mesmo valeria se a ação tivesse sido registrada por câmera de segurança ou algo semelhante.

Hilton alerta: furtos e crimes com penas inferiores a oito anos de detenção são cumpridos, inicialmente, em regime semiaberto.

- O sujeito, atualmente, para praticar um crime e ficar preso, tem de fazer muita coisa - reclamou o delegado.

Registre

- O registro policial é importante para que os órgãos de segurança possam saber onde e que tipo de crimes estão ocorrendo. Só assim é possível planejar ações.

- Nas DPs, o reconhecimento é feito de maneira que o suspeito não vê a vítima. Ele é colocado numa sala e a vítima, em outra.


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