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Pesquisa do IBGE revela os principais problemas da Capital
Levantamento apontou a qualidade da infraestrutura em todas as cidades do país
Um levantamento sobre infraestrutura urbana, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou a qualidade da infraestrutura no entorno das casas brasileiras. O órgão analisou pontos como identificação das ruas, condições de calçadas, instalação de bocas de lobo, esgoto e acessibilidade nas prefeituras de todo o país.
Porto Alegre está acima da média nacional na maior parte dos quesitos analisados (confira o quadro abaixo). A preocupação maior é a iluminação pública, que coloca a cidade em 23º lugar entre as capitais, com 94% de cobertura. Porém, dois outros itens analisados pelo IBGE também preocupam - e muito - os portoalegrenses: esgoto a céu aberto e acúmulo de lixo em vias públicas. Os dados revelam que 6% dos moradores da Capital sofrem com os lixões, contra 5% da média nacional. Quanto ao saneamento básico, a média é de 11%, contra 5,2% na Capital.
Os dois itens estão comprovados na prática: tanto a sujeira quanto os valões são os campeões de reclamações recebidas no Atendimento ao Leitor do Diário Gaúcho.
OS QUESITOS AVALIADOS PELO IBGE
- Esgoto a céu aberto (se existe valas ou córregos com esgoto a céu aberto)
Média brasileira: 11%
Porto Alegre: 5,2%
- Iluminação pública (se existe pelo menos um poste perto dos domicílios)
Média brasileira: 96,3%
Porto Alegre: 94%
- Lixo acumulado nas ruas (se existe local para depósito e acúmulo de lixo)
Média brasileira: 5%
Porto Alegre: 6%
- Identificação das ruas (se ruas, travessas e avenidas têm o nome visível)
Média brasileira: 60,5%
Porto Alegre: 66,1%
- Pavimentação (cobertura nas vias públicas com asfalto, cimento, paralelepípedos, pedras ou outros)
Média brasileira: 81,7%
Porto Alegre: 88%
- Meio-fio/guia (se há meio-fio ao longo das vias)
Média brasileira: 77%
Porto Alegre: 82,9%
- Calçada (existência de um caminho calçado ou pavimentado para pedestres)
Média brasileira: 69%
Porto Alegre: 77,1%
- Rampa para cadeirante (rebaixamento da calçada ou meio-fio destinado a acesso de cadeirantes)
Média brasileira: 4,7%
Porto Alegre: 23,3%
- Arborização (presença de árvores na calçada ou no canteiro central de vias)
Média brasileira: 68%
Porto Alegre: 82,9%
- Bueiro/boca de lobo (existência de aberturas para escoar a água da chuva)
Média brasileira: 41,5%
Porto Alegre: 77,8%
Lixo nos terrenos baldios
O terreno desocupado na esquina das ruas General Gomes Carneiro e Doutor Álvaro Sérgio Masera, no Bairro Medianeira, é depósito de lixo há mais cinco anos. Os estudantes do Colégio Maria Imaculada e moradores da região, que pegam ônibus na parada que fica em frente, são os principais prejudicados.
- Eles precisam passar pelos detritos todos os dias. Os carroceiros descartam todo o tipo de material em plena luz do dia - reclama a moradora Noemy Moncay, 86 anos.
A aposentada não abre mais a janela do quarto para não se deparar com tanta sujeira.
- O cheiro atrai insetos. Até animais mortos jogam aqui. A limpeza é feita, mas o problema não cessa
- queixa-se.
Como sanar o problema
O DMLU esclarece que os proprietários têm a obrigação de manter seus terrenos limpos e cercados, mas vegetação e resíduos que não sejam orgânicos (inertes, por exemplo) não são considerados lixo. Quando há alguma denúncia, que pode ser feita por qualquer pessoa através do Fala Porto Alegre - 156, a fiscalização do DMLU vai ao local, constata a irregularidade e notifica o proprietário, que tem 15 dias de prazo para resolver o problema.
O esgoto que destrói móveis
A aposentada Acyr Rublesky Brum, 68 anos, reclama há oito meses da canalização de esgoto de um terreno na Rua Nove de Junho, no Bairro São José.
- A água do esgoto invadiu a casa. O guarda-roupa foi destruído, o banheiro e cozinha foram inundados - preocupa-se.
As árvores e flores plantadas no local morreram devido à água poluída. O Dmae não conseguiu verificar o problema, pois não encontrou Acyr no dia da vistoria.
Dmae tenta atender
O diretor geral do Dmae, Flávio Presser, afirma que o departamento trabalha com metas para atender a demanda. As reclamações podem ser feitas pelo telefone 156, por e-mail e com as publicações nos jornais. O objetivo é atender 85% dos chamados dentro de 24 horas.
Pede-se providência
Reclamações feitas ao DG na semana:
Esgoto
"Nós, moradores da Rua Alcindo Guanabara, no Bairro Partenon nos sentimos impotentes em relação aos problemas de nossa via. A sujeira e o esgoto tomaram conta de tudo. Nossa saúde está em risco."
"Na Rua Padre Mascarenhas, no Bairro São José, próximo ao número 145, tem um esgoto a céu aberto. O problema já acontece há alguns anos. Não aguento essa situação e o cheiro."
"O Bairro Ponta Grossa está com muito problemas, esgoto a céu aberto, valão sujo, lixo nas ruas, bueiros entupidos."
Lixo
"Na Avenida Bernardino Silveira Amorim, ao lado do número 2090, no Bairro Rubem Berta, tem um buraco tomado pelo lixo."
"Na Rua Azaré, próximo ao número 424, no Bairro Jardim Floresta, tem um grande acúmulo de lixo e entulho."