Entretenimento



Como as empreguetes

Até cantar e deslanchar, tem muita pedreira para encarar

Músicos relembram perrengues no início da carreira

03/06/2012 - 14h06min

Atualizada em: 03/06/2012 - 14h06min


José Augusto Barros
Enviar E-mail
Trio de Cheias de Charme teve de ceder a chantagem de empresário

A exemplo de As Empreguetes, de Cheias de Charme, cantoras da vida real também ralam muito até deslancharem na carreira. Exatamente como o trio da novela das sete, elas experimentam dúvidas e perrengues quando começam a entrar no mercado musical.

Na trama, o primeiro desgosto foi sentido quando Penha (Taís Araújo), Rosário (Leandra Leal) e Cida (Isabelle Drummond) tiveram de lidar com a ganância do empresário Tom Bastos (Bruno Mazzeo). Retratos da Fama conversou com cantoras e traz histórias que comprovam: o começo nos palcos não é nada fácil. Do transporte, passando pelo contratante, até a segurança do local do show, tudo é sofrido. Tire suas lições com quem já passou por esta fase!

Fogo cruzado

Com a canção Ex Mai Love estourada em todo o Brasil e na abertura da novela Cheias de Charme, Gaby Amarantos passou por cada uma no começo da carreira. Olha a história que ela contou ao Diário Gaúcho por telefone, direto do Pará.

- Eu fazia um show na Região Sul do Pará, área de muitos conflitos agrários, onde qualquer coisinha vira motivo pra "meter bala". Lá pela quarta música, vi que rolava um
burburinho na plateia. Quando olhei de novo, os caras já estavam discutindo e  começaram a trocar tiros perto do palco. Saí correndo, com microfone e pedestal na mão, sem pensar, de tanto medo! Mas sorte que tudo foi resolvido, e eu consegui voltar pra cantar - relembra Gaby.

Sem um tostão no bolso

Vocalista da Chimarruts, Tati Portela encarou perrengues que não esquece. Em um dos primeiros shows da banda, a renda obtida foi de míseros R$ 10. Detalhe: ainda tinha outra banda para dividir a fortuna.

- Eles ficaram com os R$ 10, porque a casa não tinha troco. Tivemos que ir embora a pé, carregando todos os instrumentos, sem nada no bolso - recorda.

Na época ruim, calote era comum.

- Fechamos um pacote com aquelas turmas de colégio, para shows na Ilha do Mel, no Paraná. Chegando lá, o contratante tinha falido, a pousada não oferecia lugar pra ficar, e não tínhamos o que comer. Ficamos amigos do dono da padaria e só comíamos pão.
Isto, uma vez por dia! Perdi 3kg - afirma a cantora.

Qualquer semelhança não é mera coincidência

Na trama das sete, depois de gravar o clipe da canção Vida de Empreguete, o trio mal começou na carreira musical e passou pelo primeiro perrengue. As divergências com
o empresário, o que é bem comum no dia a dia dos músicos, já estão acontecendo com elas. Tom (Bruno Mazzeo) foi mais rápido e registrou a marca Empreguetes, que começou a bombar. Para que o trio pudesse continuar usando o nome, o grupo foi obrigado a ceder à chantagem de Tom, que virou empresário das cantoras. A única condição que elas conseguiram impor foi ter Kleiton (Fábio Neppo) como produtor musical.

Empurrão para pegar no tranco

Ana Paula Aragana, voz conhecida no meio tradicionalista gaúcho, completa 30 anos de palco, mas ainda tem fresquinhas na memória as roubadas do início da carreira:

- Estava indo a um show em Arvorezinha, no Interior do Rio Grande do Sul, com a minha banda, em dois carros. Eu, em um Passat, quando o automóvel estragou. Toda
produzida, tive que descer para empurrar o carro em uma lomba gigantesca. Por muita
sorte, ainda chegamos a tempo para fazer a apresentação.

Malandragem dá um tempo

Vocalista da Morena de Angola, Ana Karina também não se livrou das dificuldades.

- Antes da Morena, tive outra banda (Ana Karina e Banda). Em um dos shows, no
Litoral Norte, chegamos a tocar para oito pessoas! - diverte-se hoje ela.

Em outra ocasião, Ana teve de encarar um contratante espertinho quando o assunto foi dinheiro.

- Em um bar de Porto Alegre, fizemos um acordo com a casa: todo o cachê gerado pela bilheteria (ingressos vendidos) ficaria para a banda. E a casa lotou! Só que, na
semana seguinte, o dono cresceu o olho e queria 50% do valor da bilheteria. Não aceitamos e conseguimos, uma semana depois, uma casa noturna que não teve este
tipo de atitude - afirma.

Eu bebo sim! Estou cantando...

Adriana De Los Santos, que toca gaita botoneira no grupo Bah!gualadas, reforça o coro
do início sofrido na carreira musical.

- Fomos tocar em Itaqui, perto do Natal. Não deu o público que o dono da casa esperava. Resultado: ele não pagou o cachê combinado, somente uma parte. Para não
ficarmos no prejuízo, pegamos o resto do cachê em uísque e outras bebidas. Era
bebida para um ano! - relembra Adriana.

Cuidado!

* Muito cuidado com as finanças da banda! Tente fazer um caixinha para eventuais imprevistos. E, para não cair em ciladas, o ideal é ter alguém de confiança que cuide da grana.
* Feche, sempre antes dos shows, o contrato com a casa contratante. preferencialmente, exija 50% do cachê antecipado. Caso a apresentação for cancelada, o prejuízo não será tão grande.
* Atenção ao fechar contratos com as casasnoturnas! Verifique se o local tem tradição e se tem o costume de honrar o valor combinado.
* Escolha bem o seu empresário. Muitas vezes, ninguém quer investir em bandas no início da carreira. Mas basta o grupo estourar alguma música em novela ou em uma rádio para choverem interessados. Empresários ou amigos que assessoram a banda desde o começo, quando o grupo não é conhecido, são os mais recomendados.
* Registre logo o nome da banda. Caso contrário, qualquer um pode fazer isto, e o grupo será obrigado a trocar o nome ou até a ceder a chantagens, como no caso de Cheias de Charme.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias