Os cerca de 800 alunos da Escola Estadual Eva Carminatti, na Vila Mapa, no Bairro Lomba do Pinheiro, deveriam se sentir seguros para ir à aula, já que o colégio está dentro da área de um Território de Paz. Mas não estão.

Ontem, as aulas (do ensino fundamental, nos turnos da manhã e da tarde) foram suspensas. A direção dispensou os alunos. O motivo: uma ameaça de que seria ateado fogo na escola - rebeldia ligada a dois assassinatos de adolescentes. Os casos ocorreram na quinta-feira e no domingo.

- Me ligaram da escola pedindo para ir buscar minha filha. Disseram que ficaria fechada por causa de ameaças - disse o pai de uma aluna.

Para major, seria um boato

A diretora, Carmem Silvia Chagas Martins, limitou-se a dizer que "coisas que acontecem fora respingam no colégio".

A ameaça de incêndio chegou cedo à Eva Carminatti. No entanto, ninguém soube dizer quem seria o autor da ameaça.

- Perguntei quem havia prometido tocar fogo e ninguém soube apontar. Só sabiam dizer que isso chegou pela comunidade. Acho que se trata mais de um boato - afirmou o comandante da 3ª Companhia do 19º BPM, major Eduardo Luis Ramos.

Colégio deve funcionar hoje

Boato ou não, a direção decidiu mandar os alunos para casa. À tarde, uma reunião entre Polícia Civil, Brigada Militar, Conselho Tutelar, pais e professores decidiu pelo retorno das aulas hoje.

- No momento em que a gente suspende as aulas, eles (criminosos) se sentem mais que fortalecidos - disse o major.

Conforme o titular da 1ª Coordenadoria Regional de Ensino, Antônio Quevedo Branco, seriam tomadas todas as medidas para que a escola volte a funcionar hoje.

Brigada Militar promete reforço

Para a segurança de alunos e professores e a tranquilidade dos pais, o comandante Eduardo Luis Ramos vai colocar um PM em frente à escola. Além disso, a Patrulha Escolar será reforçada.

O colégio já tem turmas de Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência(Proerd) e dois alunos no projeto PM Mirim. O major prometeu mais seis vagas no PM Mirim e estender o Proerd para alunos do quinto e sétimo ano, além de uma turma para pais.

Para que um PM residente volte a morar na escola é necessário que seja concluída uma reforma. O imóvel vem sendo usado por operários desde que o brigadiano que morava lá faleceu em acidente de trânsito. A obra termina em dezembro.

Família fala em briga por meninas

Para a família de Jorge Augusto Valim Ribeiro, 15 anos, morto na tarde de quinta, o crime tem relação com uma briga entre ele e outro jovem, que defendiam cada um a sua namorada. As gurias são alunas da Escola Eva Carminatti e teriam brigado na quarta. Depois, o rapaz, morador da Quinta do Portal, teria jurado Jorge de morte.

- Ele prometeu meu filho. E no outro dia cumpriu - desabafou a mãe de Jorge, a auxiliar de serviços gerais Beatriz Ferreira Lima, 37 anos.

Jorge foi atraído para uma tocaia na Estrada São Francisco. Dois suspeitos foram presos. Um era aluno da escola. O terceiro fugiu. Segundo a mãe, o trio foi contratado pelo rapaz que brigou com Jorge. Mãe de oito filhos, Beatriz quer sair da Vila Mapa e pediu a transferência de quatro filhos que estudam na Eva Carminatti.

Polícia tem outra tese

Um assassinato na madrugada de domingo aumentou o medo na Lomba do Pinheiro. Richard de Andrade Rodrigues, 17 anos, foi encontrado morto em um matagal na Quinta do Portal. O piá era suspeito de ser o terceiro atirador que matou Jorge. O delegado Cleber Lima revelou que o nome de Richard foi citado na quinta.

Para o major Eduardo, as mortes não tem a ver com briga por garotas e sim a disputas de tráfico entre a turma da Quinta do Portal e um grupo da Vila Mapa.