Retratos de Vida
Conheça Neneli, o amigo de infância de Caco Barcellos
Essa história tem um cenário próprio há mais de meio século: a Rua Vidal de Negreiros, no Bairro São José. O personagem é Manoel Luiz Flores Ribeiro, 61 anos
Pelo nome, pouca gente o identificará. É melhor apresentá-lo pelo apelido: Neneli.
É com orgulho que o coordenador de esportes do Colégio Murialdo cita a primeira informação da sua vida: faz aniversário em 20 de julho, Dia do Amigo.
- Uma vez me disseram e eu nunca mais esqueci. É o que tenho de mais precioso - sorri Neneli.
A infância humilde obrigou que o menino travesso virasse homem mais cedo. Foi nela também que Neneli conquistou a amizade de muitos que, hoje, reúnem-se toda sexta-feira para honrar a parceria de décadas, e vestem o fardamento do time em que atua como presidente, o Paulo Berg.
A reunião semanal acontece na casa de Neneli, em um espaço próprio e feito para eles. A decoração da peça é recheada de lembranças dos times de futebol que os amigos fundaram ao longo da vida.
- Lembro que, naquela ali, o Neguinho Pinto estava de braços cruzados para esconder um furo que tinha na roupa - aponta o centroavante do Futebol Society, mostrando uma das dezenas de fotos espalhadas pelas paredes.
Rodeado de amigos que lhe querem bem, junto à esposa Elisabete dos Santos Ribeiro, Neneli teve forças de sobra para encarar um câncer. A doença apareceu de repente em seu estômago, em 2005. Foram cinco anos de tratamento para que ele não insistisse em reaparecer. E, quando finalmente recebeu a notícia de que estava curado, ganhou uma das maiores homenagens da vida. Ao falar, os olhos enchem de lágrimas.
- Combinamos um jogo de futebol para a minha volta. Antes da partida, mais de 200 pessoas me cercaram e rezaram uma Ave Maria por mim - lembra o pai de Rodrigo Santos Ribeiro, 32 anos, e Amanda dos Santos Ribeiro, 37 anos.
Amizade de infância dura até os dias atuais
Em algumas das recordações que as tachinhas seguram na parede, há fotos e reportagens de uma figura ilustre.
- O Caco é o meu melhor amigo de infância - revela Neneli, copiando a frase dita pelo próprio jornalista Caco Barcellos, quando definiu o amigo em uma entrevista.
Com um sorriso saudoso, o pensamento de Neneli volta aos sete anos. Lembra da sociedade que tinham, que incluía não apenas as centenas de bolinhas de gude.
- Catávamos e vendíamos osso e vidro. Era essa a nossa maneira de ajudar com um troquinho em casa - recorda, garantindo que o amigo visita os antigos companheiros nas comemorações de fim de ano.
Do mais famoso ao mais humilde. Para o anfitrião semanal, todos os amigos são verdadeiros campeões, não só pela quantidade de vezes que ergueram a taça de primeiro lugar no Praiano. Mas, sim, pelo amor e a fraternidade que une cerca de 70 homens na Rua Vidal de Negreiros há quase cinco décadas...