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Casa nova, transporte velho

É preciso vontade para ir à escola no Bairro Restinga

Crianças que moram nos condomínios populares da Restinga enfrentam transtornos para ir à escola, como poucos horários de ônibus e superlotação

16/06/2012 - 13h28min

Atualizada em: 16/06/2012 - 13h28min


Aline e Bruno: horário não fecha

Os estudantes que moram nos condomínios do Minha Casa, Minha Vida, na Restinga, precisam ter vontade redobrada para estudar. Segundo um levantamento feito em quatro das 13 escolas do bairro, pelo menos 155 crianças enfrentam dificuldades no transporte para o colégio desde que se mudaram para os residenciais.

Isso afeta a rotina de alunos como Bruno da Silva Rodrigues, 12 anos, que mora desde novembro com a família no Residencial Repouso do Guerreiro, na Estrada Edgar Pires de Castro. Antes, ele vivia perto do colégio e podia ir caminhando. Agora, todos os dias, perde cerca de 40 minutos de aula em função do transporte.

- Ele tem um bilhete para poder entrar mais tarde e sair antes, porque o horário dos ônibus não fecha com o das aulas - explica a mãe, a dona de casa Aline Rosa da Silva, 29 anos.

Socorro com os colegas

Para não perder os horários, o menino carrega um relógio na mochila. Mas sente no dia a dia os prejuízos da falta de um transporte adequado para atender aos estudantes.

- Tenho que pedir o caderno dos meus colegas emprestado para conseguir copiar o conteúdo - conta o garoto.

Fora da cama às 6h

Já os quatro filhos da promotora Tatiana Martins, 32 anos, que também moram no Repouso do Guerreiro, precisam acordar às 6h e pegar o ônibus das 6h45min para chegar a tempo da aula, às 7h30min. Com idades entre seis e 14 anos, os estudantes cuidam um do outro no caminho da escola.

- Antes, a gente morava perto do colégio, era fácil. Tinham que colocar um ônibus direto, porque daí sabemos que os filhos vão chegar em segurança - acredita Tatiana.

Aperto no orçamento

No outro lado da Restinga, no Residencial Ana Paula, na Estrada João Antônio da Silveira, a situação não é diferente. Para que os dois filhos não fiquem sem ir à aula, a auxiliar de serviços gerais Lisiane Moreira Brito, 35 anos, teve que apertar o orçamento e pagar um transporte particular para os pequenos. Beneficiária do Bolsa Família, ela tem que abrir mão de algumas necessidades para custear os R$ 140 mensais do transporte dos filhos.

- Os ônibus são sempre cheios, não dão conta de levar as crianças. E o horário também não fecha - lamenta.

Duas semanas para avaliação

A partir do relato de mães sobre as dificuldades no transporte, a Rede de Atendimento e Proteção dos Diretos da Criança e do Adolescente da Região 7 - Restinga, composta por diversas entidades, se mobilizou em busca de soluções.

A prefeitura solicitou que a comunidade fizesse um levantamento da situação. Daí, surgiu o número inicial de 155 alunos.

Na sexta-feira pela manhã, a diretora de transporte da EPTC, Maria Cristina Molina Ladeira, se reuniu com representantes da Rede e recebeu o levantamento.

- Vamos identificar as necessidades de redimensionamento de itinerário e da tabela horária e teremos o retorno dessa avaliação em 15 dias - garante.


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