Enquanto as novas estações da Trensurb não são inauguradas oficialmente - apesar de já estarem prontas e funcionando na maior parte do dia - o prejuízo fica por conta de quem poderia estar utilizando o serviço e encontra as portas fechadas no início da manhã. A direção da empresa diz que a demora não é devido à solenidade, mas a testes necessários para ajustes no sistema.

Há um mês, as estações Santo Afonso, em Novo Hamburgo, e Rio dos Sinos, em São Leopoldo, funcionam das 10h às 23h20min, experimentalmente. Ou seja: quem sai cedo, como o carpinteiro Antonio Nelson Soares de Azevedo, 44 anos, não conta com o serviço.

Ironicamente, ele ajudou a construir a Estação Santo Afonso. Ontem, utilizou-a pela segunda vez, mas não poderá fazê-lo na próxima semana, quando começa a trabalhar em Canoas.

Prejuízo no bolso

Ele vai levar 1h para chegar ao trabalho de ônibus, quando poderia fazer o trajeto em 40 minutos:

- Espero que logo consiga usar. Faria diferença - declarou.

Mais do que no tempo de viagem, é no bolso que os passageiros mais sentem a diferença. As estudantes Franciane Góes, 21 anos, Thaís Carneiro, 19 anos, e Michele da Silva, 26 anos, gastam R$ 8 de passagem (com desconto) para ir do Bairro Canudos a Porto Alegre todos os dias.

Se o trem estivesse funcionando no horário em que saem para a aula - 5h40min -, o impacto no orçamento seria bem menor: R$ 2,50 de ônibus municipal e R$ 1,70 de trem. E a viagem ainda seria mais rápida.

- Seria melhor se funcionasse cedo, porque mais pessoas se beneficiariam - destaca Michele.

MPF determinou início da operação

O Ministério Público Federal (MPF) determinou que a Trensurb inicie imediatamente a operação em tempo integral das novas estações. Até segunda-feira, a empresa deve ser notificada. Para o MPF, tudo indica que a demora é decorrente da falta de agenda para que representantes do governo federal participem da solenidade. Caso os bilhetes não comecem a ser vendidos no início da manhã, a direção da autarquia pode ter que responder judicialmente.

Já o Ministério das Cidades, ao qual a autarquia é vinculada, optou por não se manifestar sobre o pedido do MPF. O ministério afirmou, em nota, que espera a conclusão dos ajustes feitos pela Trensurb para inaugurar a obra.

Empresa não tem a data da inauguração

Em entrevista ao jornal Zero Hora, o presidente da Trensurb, Humberto Kasper, disse que não há relação entre a vinda de autoridades e a inauguração oficial. De acordo com ele, o período de testes é um procedimento normal em sistemas metroviários de todo o mundo. No caso da extensão da linha até Novo Hamburgo, foram examinados equipamentos de energia, de sinalização, de via. De acordo com Humberto, durante a manhã a pressão é maior e seria difícil difícil fazer uma operação de testes no horário mais crítico.

Nesta semana, os técnicos deverão entregar um relatório sobre as experiências. A partir daí, o presidente promete uma definição sobre a inauguração.

* Colaborou Álisson Coelho