Viva São João!
Saiba tudo sobre a origem das Festas Juninas
O Diário Gaúcho traz para o leitor um pouco da origem dos arraiais que animam o Brasil e destaca a importância de manter vivos esses festejos populares
Uns rabiscam de lápis um bigode, ou sardas e dentes pretos. Já outros, no lugar do traje puído e do chapéu de palha, aproveitam a oportunidade para vestir bombacha, botas e o lenço pachola. Nas festas juninas por aqui, caipiras e gaúchos comemoram juntos os santos de junho, mantendo a tradição de origem portuguesa, mas que vem, ao longo dos anos, incorporando traços da cultura do Estado.
Maria Clara Claumann, assessora pedagógica da Smed, explica que as festas juninas vieram para cá com a chegada dos portugueses. Por serem um povo católico, eles comemoravam o mês dos santos de junho: Santo Antônio, São João e São Pedro.
Na época, a festa era nas ruas, enfeitadas com bandeirolas, e contava com comidas típicas, preparadas com o que se tinha à disposição, como milho (pipoca, canjica, bolo de milho) e amendoim. Participavam as pessoas do campo, vestidas de maneira simples, com roupas velhas e chapéus de palha.
Além da música, as ingênuas brincadeiras (casamento na roça, correio elegante), que podem ter tido origem nas quermesses, animavam a celebração.
A brincadeira mudou
A fogueira foi perdendo espaço nas festas atuais, por questões de segurança e porque a maioria deixou de ser realizada na rua, diz Eloisa Capovilla, professora de História da Unisinos. Outra mudança é a perda de espaço do traje caipira e as adaptações, tanto na indumentária quanto na gastronomia.
- Aqui, o pessoal se pilcha. É um festa incorporada às tradições rio-grandenses. Não é errado. No Estado, temos as nossas características e o gaúcho não deixa de estar participando da festa.
Atualmente, as festas juninas são mais comuns em escolas ou associações comunitárias, por vezes com fins de arrecadar recursos.
No que diz respeito aos quitutes juninos, a mesa que tem rapadura, quentão, pinhão e pipoca oferece também cachorro-quente e nega maluca.
Ao estilo gaúcho
Para Rogério Bastos, diretor de divulgação da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha e assessor de comunicação do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), o costume de usar pilcha no lugar do traje caipira surge do respeito à cultura brasileira.
- A ideia de colocar roupas rasgadas, pintar dente de preto para mostrar que está "podre" não valoriza a cultura caipira do Centro ou do Nordeste do país. É como se não quiséssemos que fizessem isso com a nossa indumentária gaúcha.
Rogério afirma que, aqui, comemoramos São Pedro (29 de junho), padroeiro do Rio Grande do Sul.
- Em toda festa, mesmo os homens do campo utilizavam suas melhores roupas. Usar a pilcha identifica as festas como comemoração do homem do campo do Rio Grande do Sul.
Saiba mais
- Conforme a tradição católica, Isabel teria acendido uma fogueira para avisar a prima Maria do nascimento de seu filho, João Batista.
- Há um tipo de fogueira para cada um dos santos juninos. Para Santo Antônio (13 de junho), as toras são quadradas. Já para São João (24 de junho), de forma triangular e, para São Pedro (29 de junho), a madeira é empilhada na vertical.
- O quentão de vinho é da cultura gaúcha. No Nordeste, ele é feito com cachaça temperada.
- O pinhão também é tradicional do Rio Grande do Sul. Já a queijadinha com coco é comum no Nordeste, e a batata-doce assada, no Sudeste.
Dicas de segurança
As dicas são de Leandro Balbinot, professor do curso de Segurança do Trabalho do Senac Gravataí.
Manter a tradição acesa exige uma série de cuidados. Confira como preparar uma fogueira com segurança
- Evite alastramento do fogo e a formação de incêndios. Para isso, escolha um local onde não haja vegetação ao redor, limpe-o retirando gravetos, folhas secas e outros materiais combustíveis. Verifique sempre a direção do vento para que as labaredas não sejam projetadas na direção de casas ou pessoas próximas.
- Evite queimaduras. Para acender uma fogueira, não jogue no fogo nenhum tipo de líquido inflamável (gasolina, álcool, querosene), nem deixe próximo à fogueira embalagens ou frascos contendo estes líquidos.
- Em caso de acidentes com queimaduras, lave a área queimada com água corrente, em baixa pressão, de cinco a dez minutos. Proteja os ferimentos com compressas limpas e úmidas. Não retire roupas caso elas estejam aderidas à pele e não perfure bolhas. Procure sempre atendimento médico. Queimaduras mais graves exigem imediatamente o acionamento do serviço de atendimento de emergência pelos telefones 192 ou 193.
Fogos de artifício
- Não solte balões de São João, pois eles podem cair em locais habitados e causar incêndios e ferimentos graves. Além disso, a prática de soltar balões é crime.
- Os fogos de artifício manuseados de forma incorreta tornam-se materiais de alta periculosidade causando sérios danos às pessoas, podendo levá-las a leões muito graves e até mesmo amputações. Observe com atenção as classificações e instruções de manuseio contidas nas embalagens. Jamais compre ou utilize fogos clandestinos, e nem reaproveite aqueles fogos que falharem.
- As crianças devem ficar sempre sob a supervisão de um adulto e mantidas a uma distância segura das fogueiras. Não permita que manuseiem fogos de artifício, bombinhas e rojões, pois são muito perigosos.