Bate-Papo
Antônio Fagundes fala sobre vida e carreira
Bom de papo, o ator faz um balanço dos seus 40 anos de personagens na tevê, mas sem saudosismo. Aos 63 anos, o foco deste carioca continua sendo o futuro!
Apaixonado pela profissão, Antônio Fagundes arrasa como o coronel Ramiro Bastos na novela Gabriela, mas não gosta de listar os seus papéis favoritos e ainda espera interpretar o seu personagem mais marcante na telinha.
Diário Gaúcho - Quando você começou na tevê, vindo do teatro, havia preconceito contra novelas. Você também tinha?
Antônio Fagundes - Nunca! Gosto de tevê, me divirto. A única coisa de que não gosto é de demora, quando não é rápido. Entra, ensaia e grava. Não tem aquele negócio de fazer laboratório. Isto é bobagem.
Diário - Consegue eleger os seus cinco papéis mais marcantes?
Fagundes - Não! Ainda estão por vir. Você não pode fazer isto. Seria a sua morte. "Eu fiz esse, esse, esse, que são os melhores da minha vida". E agora? Eu morro? Me suicido? Todos me marcaram. Às vezes, você faz um trabalho péssimo e entra com garra para o próximo. Você aprende onde erra. Quando só acerta, é meio chato.
Diário - Em geral, os seus personagens exercem algum tipo de poder. Por quê?
Fagundes - Se você separar por grupos, vai ter de tudo. Tem gente que vem perguntar: "Por que você sempre faz o cara que é fino, que é delicado, como aquele de Dancin' Days (1978)?". Se montarmos grupos, vai ter o do cara mais suave, o do que faz comédia, o do que é o mais poderoso...
Diário - Felipe Barreto, de O Dono do Mundo (1991), foi um marco?
Fagundes - Como o meu primeiro vilão, foi uma surpresa. O público torcia por ele. A um vilão com humor, ninguém resiste. Ele faz as sacanagens, mas faz o público rir também.
Diário - No teatro, você dirige, escreve e produz. Quer isto na tevê?
Fagundes - Eu escrevi Carga Pesada e Amizade Colorida, mas não quero isto. Toda vez que escrevi e dirigi, foi a extensão do meu trabalho de ator. Gosto mesmo é de atuar. Não conseguiria dirigir televisão. Vejo a vida deles (dos diretores), e... coitados (risos)! Eu não quero.
Diário - A Regina Duarte falou: "Se eu fiz 800 cenas com ele, só deve ter errado em duas"...
Fagundes - Eu errei somente em duas? Acho que a Regina se enganou (risos)!
Diário - A sua memória fotográfica é algo que todo mundo elogia. Você pega o texto em cima da hora e decora tudo...
Fagundes - É, eles têm inveja (risos)! Tenho colegas que ficam quatro dias por semana decorando e ainda fazem isto nos três de gravação. A vida vira um inferno! Eu quis viver. Então, desenvolvi este processo.
Diário - Você disse que não se acha um símbolo da tevê. Por quê?
Fagundes - Se você pegar o meu currículo, não é grande. Após 36 anos que eu estou na Globo, fiz 20 novelas. Mas 20 novelas, para quem realmente está fazendo isso há muito tempo, não é nada. Tony Ramos deve ter umas 60.
Diário - Como é o Fagundes?
Fagundes - Não sei. Junta esses grupos todos que eu fiz, dá uma sacudida e vai sair alguma coisa dali.
Diário - Pensa em parar de atuar?
Fagundes - Não. Acho que eu vou morrer em cena, pelo menos no teatro. Na televisão, se alguém achar que você está velhinho demais, não adianta.
Só o Fagundão!
- Já vendeu enciclopédias.
- O seu primeiro papel em novelas, como o Cadu de Bel-Ami, na Tupi, surgiu por causa da baixa audiência.
- Gilberto Braga foi o autor com quem mais trabalhou: em Dancin' Days, Louco Amor (1983), Corpo a Corpo (1984), Vale Tudo (1988), O Dono do Mundo, Labirinto (1998) e Insensato Coração (2011).
- Cássia Kiss Magro foi cinco vezes sua mulher na ficção.
- Teve de pintar o cabelo com rímel preto em Terra Nostra (1999). Depois, sofreu com a queda dos fios.
Poderoso
Rei do gado, do cacau ou do café, Fagundes destaca-se com os seus fazendeiros poderosos, como na atual versão de Gabriela. O coronel Ramiro Bastos é o todo-poderoso de Ilhéus. Os mais atentos já perceberam até uma semelhança no tipo com o falecido senador baiano Antônio Carlos Magalhães. A maquiagem pesada ajuda a compor a fisionomia.
- Interpreto um tipo que tem 20 anos a mais do que eu - contou o ator ao jornal Folha de S.Paulo.
Para quem é fã de carteirinha!
Você é fã de carteirinha de Antônio Fagundes? Então, responda às perguntas sobre os personagens do ator na tevê.
1 Alex Torres foi o protagonista de Avenida Paulista. Em que ano a minissérie foi ao ar?
A) 1980
B) 1982
C) 1983
2 Lua Vianna era o prefeito de Saramandaia (1976). Qual era o nome original da cidade?
A) Bole-Bole
B) Coroado
C) Porto Azul
3 Qual era a profissão de João Maria em Champagne (1983)?
A) Arquiteto
B) Professor
C) Advogado
4 Em Mundo da Lua (1991), da TV Cultura, qual era o nome do pai de Lucas Silva e Silva?
A) Otávio
B) Maurício
C) Rogério
5 Com que papel Fagundes fez uma participação na adaptação latina Vale Todo (2002)?
A) Salvador
B) Bartolomeu
C) Eugênio
6 O autoritário Giuliano de Esperança (2002) morre ouvindo rádio. O que ele escutava?
A) Um jogo de futebol
B) Uma ópera
C) O discurso de Benito Mussolini
RESPOSTAS: 1-B, 2-A, 3-C, 4-C, 5-A, 6-C