Atenção, pedestre!
As cinco avenidas com maior número de atropelamentos na Capital
O Diário Gaúcho identificou, a partir de estatísticas da EPTC, as vias de Porto Alegre que concentram a maior parte dos acidentes envolvendo pedestres
Uma fração de segundo basta para transformar um pedestre em vítima de atropelamento. De 1º de janeiro até 9 de agosto deste ano, 944 pessoas que circulavam pelas ruas da Capital foram atingidas pela violência no trânsito - 18 delas jamais voltaram para casa.
A partir de um levantamento da EPTC, o Diário Gaúcho listou as cinco avenidas que registram a maior parte dos atropelamentos: Bento Gonçalves, Protásio Alves, Assis Brasil, Ipiranga e Cristóvão Colombo. Elas estão no topo do ranking por serem vias com grande tráfego de veículos e pedestres. No entanto, há ocorrências espalhadas por todas as regiões.
Infrações de ambas as partes
- Tem o motorista que não respeita a sinalização e o pedestre que faz a travessia em local inadequado, ou não espera a sua vez. Um dos dois infringe as normas de circulação - observa o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari.
Média de 4,2 acidentes por dia
As estatísticas mostram detalhes destas ocorrências. A média diária de atropelamentos na cidade, no período, por exemplo, foi de 4,25. A reportagem circulou pelas cinco avenidas, nas áreas onde ocorreram acidentes. Um deles foi na Avenida Assis Brasil, na altura do número 2897. Ali, no dia 6 de março, uma mulher foi atropelada.
- Aqui não é muito legal de atravessar. As sinaleiras demoram muito. Já quase vi um atropelamento. O pedestre tem que se cuidar mais, ter atenção - disse a dona de casa Sueli Consul, 63 anos, que andava pelo local.
Corredores são áreas de risco
Léa Ferrão, coordenadora da equipe de Educação para o Trânsito da EPTC, explica que a Assis Brasil é uma das preocupações, especialmente nos corredores de ônibus. Na semana passada, a equipe fez uma ação educativa nos corredores da avenida e também na Bento Gonçalves.
- Temos muitas pessoas pulando as muretas e os gradis. Mas eles são colocados para conduzir o pedestre para que atravesse em local seguro - orienta.
Outra situação de risco nos corredores, segundo ela, é o pedestre fixar a atenção no ônibus pelo qual espera embarcar e esquecer de olhar para os dois lados antes de fazer a travessia.
Sinalização
De acordo com o diretor-presidente, a prioridade da EPTC neste ano é a redução dessas ocorrências. Em 2011, 44% das mortes no trânsito foram em atropelamentos.
A exemplo da Estrada João de Oliveira Remião - a campeã de mortes no trânsito da Capital (30 mortes entre 2007 e 2011) - , na qual foram instaladas novas sinaleiras, lombadas física e eletrônica, outras 50 vias devem receber reforço na sinalização até o final do ano. Entre elas estão as avenidas Ipiranga, Protásio Alves e Assis Brasil.
Falta de atenção
Para Léa Ferrão, a falta de atenção de pedestres e condutores, a pressa e o desrespeito ao limite de velocidade da via são as principais causas de atropelamentos. O pedestre que atravessa entre os carros também se expõe a um grande risco.
- Qualquer acidente é algo grave. Mas, se compararmos a frota (são mais de 750 mil veículos registrados em Porto Alegre, além daqueles que se deslocam diariamente para a Capital e os visitantes), com o número de pessoas, o número é baixo. E está havendo uma redução nas ocorrências.
Fique esperto, pedestre!
- Nas faixas onde não houver semáforo, indique sua intenção de atravessar (sinal da mãozinha).
- Mantenha sua segurança ao desembarcar do ônibus. Espere que ele se afaste até você ter visibilidade para iniciar a travessia.
- A ciclovia e a ciclofaixa são espaços exclusivos para ciclistas. Respeite-os.
- Veja e seja visto. Evite atravessar a via nas curvas e lombas ou entre os veículos. Nestes locais, a visibilidade é menor.
- A segurança no trânsito depende da sua atitude. O uso do celular e dos fones de ouvido desviam a atenção.
- Pedestre também tem deveres. Pratique atitudes seguras: ande pelo caminho certo. A calçada e a faixa de pedestres são sua segurança.
* Dicas de segurança fornecidas pela EPTC
Os números
- Atropelamentos (de 1º de janeiro a 9 de agosto de 2012): 832
- Vítimas: 944 pessoas (feridos + mortos)
- Mortos: 18
Clima
- 30 vítimas foram atingidas em dias de chuva.
- 905 pessoas foram atropeladas com tempo bom.
- 9 foram atropeladas quando o tempo estava nublado.
Vítimas por dias da semana
- Segunda-feira: 155 pessoas atropeladas
- Terça-feira: 151 pessoas atropeladas
- Quarta-feira: 143 pessoas atropeladas
- Quinta-feira: 151 pessoas atropeladas
- Sexta-feira: 161 pessoas atropeladas
- Sábado: 94 pessoas atropeladas
- Domingo: 89 pessoas atropeladas
Horários
- 0h às 3h: 21
- 4h às 7h: 65
- 8h às 11h: 212
- 12h às 15h: 227
- 16h às 19h: 295
- 20h às 23h: 124
Faixa etária
- De zero a dez anos: 44
- De 11 a 17 anos: 95
- De 18 a 25 anos: 148
- De 26 a 35 anos: 142
- De 36 a 45 anos: 117
- De 46 a 59 anos: 159
- A partir de 60 anos: 176
- Não informado: 63
Sexo
- Homens: 493
- Mulheres: 451
Idosos e crianças
Presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, Diza Gonzaga cita o idoso, pela falta de destreza, e a criança, que não calcula a relação de tempo e distância, como as maiores vítimas de atropelamentos. Mas destaca também que o envolvimento de jovens nessas ocorrências, por conta da distração causada pelo uso do celular e de fones de ouvido, tem crescido.
- Infelizmente, somos mal educados enquanto pedestres, motoristas, ciclistas, skatistas. Mas o maior sempre deve proteger o menor - observa Diza.