Polícia



Lista cresce

Chega a 800 o número de assassinatos na Grande Porto Alegre

No último mês, município teve explosão de crimes desde agosto. Tráfico segue matando. Média está em um crime a cada dois dias. Antes, o intervalo era de 4,5 dias

11/09/2012 - 07h38min

Atualizada em: 11/09/2012 - 07h38min


Eram 2h da madrugada de sábado quando os barulhos de tiros, seguidos de uma arrancada de moto, assustaram um comerciante, 55 anos, na Rua da Barca, Bairro Harmonia, em Canoas. Curioso, correu até a janela. Era tarde. Só soube na manhã seguinte que a rua - apesar de ser considerada uma das prioridades policiais no projeto Território da Paz -, fora palco de mais um assassinato.

Cláudio Martins Barreto, o Chupim, 26 anos, havia sido derrubado da moto em que estava e executado com pelo menos 20 tiros. Com antecedentes por tráfico, teria sido alvo de disputa por pontos. Horas antes, Fábio Bastos Rodrigues, 26 anos, havia sido executado a metros dali, na Rua Martin Luther King. Para a polícia, mais uma disputa do tráfico.

Quando a bala pega, bate o pavor

As mortes fizeram a contagem do Diário chegar à estatística de 800 assassinatos na Região Metropolitana em 2012. E mostram uma explosão de homicídios. Foi o 15º crime em Canoas no intervalo de um mês - média de um caso a cada dois dias, bem superior ao que se via: um a cada 4,5 dias. O município já registrou 64 homicídios no ano.

Como acontecia em 2011, as ruas da Barca e Martin Luther King são as recordistas: três cada.

- A coisa está ruim para quem é vagabundo, né? Estão se matando entre si - comentou um morador da Rua da Barca.

Algo que o vizinho concorda. E ressalta:

- A gente nunca sabe quando a bala vai comer. Então, o melhor é buscar abrigo quando ouvir algum barulho.

Território ainda não é de paz

Nos últimos cem crimes, Canoas pegou de Alvorada a segunda posição no ranking de mortes, só atrás da Capital. Para o delegado Eric Seixas, da 1ª DP de Canoas, não há uma razão específica para o fato. E cita o tráfico como motivo para, pelo menos, 70% dos homicídios:

- A maioria está relacionada a disputas por pontos, mas não há uma guerra específica.

O Território da Paz entre o Mathias Velho e o Harmonia, por enquanto, vive de expectativas. É prometida a criação de uma Delegacia de Homicídios para outubro. Na Brigada Militar, a espera é pelo policiamento comunitário, no qual PMs moram no bairro em que atuam.

Quanto à implantação dos detectores de tiros, a exemplo do Bairro Guajuviras, o município informa que ainda não passou da fase de estudos.

Saiba mais

Do caso 701 ao 800, por cidade:

- Porto Alegre - 41

- Canoas - 15

- Alvorada - 12

- Novo Hamburgo - Oito

- Viamão - Sete

- São Leopoldo - Quatro

- Guaíba - Três

- Barra do Ribeiro, Gravataí, Sapiranga e Sapucaia do Sul - Dois cada

- Cachoeirinha e Portão - Um cada

Os 15 crimes de Canoas, por bairros:

- Harmonia - Quatro

- Mathias Velho - Três

- Rio Branco, Niterói e Estância Velha - Dois cada

- Guajuviras e Marechal Rondon - Um cada

As 64 mortes em Canoas dentro da planilha:

- Caso 1 ao 100 - Oito

- 101 ao 200 - Seis

- 201 ao 300 - Seis

- 301 ao 400 - 11

- 401 ao 500 - Seis

- 501 ao 600 - Seis

- 601 ao 700 - Seis

- 701 ao 800 - 15

Bastou o posto móvel sair...

A estratégia dos moradores é observar a casa do outro para evitar que as mazelas do tráfico cheguem. Em novembro, foi instalado o Território da Paz entre os bairros Mathias Velho e Harmonia. Foi bom enquanto o posto móvel da BM ficou na Rua da Barca. Ao sair, o crime voltou.

Os dois bairros respondem pela metade dos homicídios na cidade. O comandante do 15º BPM, tenente-coronel Mario Ikeda, disse:

- Na área do território, os crimes não diminuíram, é verdade, estão estáveis. Nesse mês, o que aconteceu foram as mortes em bairros diferentes.


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