Polícia



Mentira tem perna curta

Golpistas envolvem familiares no crime

Na Capital, homem foi preso com carro clonado e documentos do pai. Em Guaíba, mulher usava carteira de identidade da irmã

05/09/2012 - 07h25min

Atualizada em: 05/09/2012 - 07h25min


Em Porto Alegre, um homem foi preso ontem em flagrante com um carro clonado. Usava documentos quentes de um veículo similar que havia dado de presente para o pai, que vive no Interior.

Em Guaíba, duas mulheres foram detidas por pilantragem. Uma delas, na porta da cadeia, deu o nome de uma irmã. Sorte da parente que a polícia não caiu nesta enrascada.

Que tal ter dois carros com a mesma placa, um só documento e uma única cobrança de IPVA? Essa foi a ideia de um produtor de eventos preso ontem por agentes da Delegacia de Roubo de Veículos, do Deic.

De manhã, os agentes foram até um estacionamento na Avenida Presidente Franklin Roosevelt, no Bairro São Geraldo. Encontraram Marlon Rodrigo de Medeiros, 34 anos, em um C3 prata. Ele ameaçou processar os policiais, mas entregou os documentos... que eram de um C3, ano 2011, placas IQX-6847. Mas ele estava num modelo 2008, placas originais INV-1500, roubado há três anos no Bairro Azenha.

Mas o documento era verdadeiro. O mistério foi desfeito ao saber que o carro ano 2011 estava na casa do pai de Marlon, em Giruá, na Região das Missões.

- Nunca vi alguém clonar o próprio carro! - admirou-se a delegada Vivian Calmeieri do Nascimento.

Mulher deu a real à polícia

Em depoimento, a companheira de Marlon contou que ele comprou o C3 mais novo para presentear o pai.Segundo os policiais, para que o pai não descobrisse, toda vez que ele ia a Giruá, Marlon trocava as placas. Usava um terceira (MPF-5574), de Santa Catarina, encontradas na casa dele, junto com um xerox do documento original que ele havia adulterado, colocando seu nome e dados no lugar dos da proprietária.

Autuado por receptação e adulteração, Marlon preferiu falar em juízo.

E mais: ele tinha fábrica de DVD em casa

Na casa de Marlon, os agentes da DRV encontraram dezenas de CDs e DVDs piratas, além de impressoras, tinta para recarga dos cartuchos, DVDs e CDs ainda por imprimir. Na tarde de ontem, os policiais civis ainda não tinha contado, mas a estimativa é que passassem de mil cópias piratas.

A suspeita é de que ele seja o principal fornecedor de DVDs e CDs piratas do Bairro São Geraldo.

Identidade da irmã

A malandragem da estelionatária teve perna curta - não passou da entrada do Presídio Feminino de Guaíba. Rochele Greice Dias dos Santos, 30 anos, se apresentou aos policiais com o nome de uma irmã, inclusive usando uma carteira de identidade falsa. Ela foi autuada em flagrante pelo estelionato, mas era encarada como uma iniciante no 171. Não era.

Rochele já havia sido condenada por receptação em Gravataí, mas ainda não havia cumprido a pena de quatro anos. Entrou no presídio com um agravante.

- Ela se fez passar pela irmã, agora vai responder, além do estelionato, também por falsidade ideológica e falsificação de documento - afirmou o delegado Rafael Soares Pereira.

Segundo ele, a malandragem da suspeita não teria tanto efeito, já que ela havia sido autuada em flagrante:

- Depois, corrigiríamos o nome da presa, mas tínhamos a segurança de que a autora de um crime estava sendo encaminhada à cadeia.

A sorte da golpista e da comparsa, Teresinha Santos Geringer, 41 anos, acabou no final da tarde de segunda, quando as pessoas estranharam a atitude da dupla e acionaram a polícia. Carregadas de compras como uma tevê e diversos eletrodomésticos em sacolas de lojas, elas perguntavam na parada de ônibus em que direção ficava Porto Alegre.

Numa bolsa havia documentos de cinco idosos. As duas haviam feito compras usando o cartão de crédito de uma mulher de 82 anos. Horas antes, a idosa havia registrado a perda.

- É uma situação que serve de alerta para idosos - disse o delegado.

Veteranas na malandragem

As duas presas já são veteranas no estelionato, mais especificamente nesse tipo de golpe. Teresinha estava foragida do Madre Pelletier desde fevereiro deste ano, onde cumpria pena por três condenações de furto.

O primeiro crime foi constatado em 2003, quando ela e um grupo fizeram uma temporada entre Tramandaí e Imbé. Acabou flagrada pelos furtos feitos em ônibus no Litoral.

Histórico em Gravataí

Três anos depois, ela voltou a atacar da mesma forma em Viamão. Já em 2010, a ação se repetiu na rodoviária de Porto Alegre.

- Elas sempre agem, no mínimo, em dupla. Elas saíram da Zona Norte de Porto Alegre para agir em Guaíba - afirmou o delegado.

Em 2006, Rochele havia feito pelo menos três vítimas em Gravataí. Depois do furto de documentos, foi às compras em lojas da cidade. Agora a polícia espera que mais vítimas reconheçam a dupla.


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