Fique alerta
Divirta-se na água, mas com cuidado
Como o verão está apenas começando, esse é o momento para ficar atento e aproveitar a diversão nas águas em segurança
As altas temperaturas do feriadão de Natal foram um convite à diversão nas águas do mar, de rios, lagos e piscinas. Mas, também, a porta de entrada para uma triste estatística: pelo menos 13 pessoas morreram no Estado vítimas de afogamentos. O risco se torna ainda maior quando os banhistas decidem entrar na água em locais impróprios, sem a presença de salva-vidas e desconhecendo os perigos escondidos na região, como buracos e repuxo.
Uma triste lembrança
"A pessoa vai ter uma diversão e aquilo se transforma em uma tragédia."
O desabafo feito pelo segurança Volnei Gonzales, 40 anos, está carregado da dor de quem sabe o que é perder uma pessoa querida vítima de um afogamento. Há quase cinco anos, ele viu um amigo de infância, André, ser levado pelas águas da barragem no Parque Saint' Hilaire, em Viamão.
O jovem tinha em torno de 20 anos e era um dos cinco amigos que se reuniram para uma confraternização de final de ano. Depois do churrasco, na hora do almoço, a turma decidiu mergulhar.
Eles nunca haviam entrado na água naquele local e ignoraram a placa indicando que o banho não era permitido ali.
- Aí é que está o perigo. Não adianta saber nadar, não tem o que fazer - reconhece Volnei.
Além da vítima, um outro amigo também começou a se afogar, mas conseguiu ser resgatado pelo grupo.
Mudança de comportamento
André, infelizmente, caiu em um buraco, começou a se debater e afundou muito rápido. O grupo ainda tentou alcançar um galho para ele se segurar, sem sucesso.
O episódio deixou marcas profundas em Volnei. Desde então, ele mudou completamente o seu comportamento. E também orienta a filha Aline, dez anos, a ser muito cautelosa.
- Lugar impróprio, jamais. Agora, é só piscina de casa ou comunitária. E banho de mar, só no raso - adverte, consciente dos perigos.
Não marque bobeira
- A dica fundamental é: se não conhece o lugar, por mais tentador que seja, não entre na água. Qualquer outra atitude é arriscada, pois buracos podem surgir de repente.
- Se você sabe que já aconteceram afogamentos no local em que pretende tomar banho, é mais um alerta para ficar longe da água.
- Em locais com salva-vidas, pergunte a eles o ponto indicado para banho. E só entre na água nos horários em que eles estiverem em atividade.
- Se sentir qualquer sinal de perigo quando estiver na água, levante o braço e sinalize um pedido de ajuda.
- Jamais entre na água depois de ingerir bebidas alcoólicas ou drogas, pois isso altera a percepção da realidade e a noção de perigo.
- Após as refeições, espere de duas a três horas para entrar na água, pois uma congestão pode provocar desmaios e um consequente afogamento.
- Se estiver exposto ao sol por um longo período, ou praticando esportes, com o corpo muito aquecido, entre na água aos poucos. A mudança brusca de temperatura pode provocar choque térmico e tonturas, que também levam a afogamentos.
- O ditado utilizado por nossos avós segue valendo: água no umbigo é sinal de perigo. Isso é importante porque essa região da barriga é o ponto de equilíbrio do ser humano. Acima disso, qualquer correnteza mais forte pode derrubá-lo. Portanto, respeite esse limite.
- A força do mar ou da correnteza de um rio são muito poderosas. Por mais que saiba nadar, lembre-se disso.
Atenção especial às crianças
Para os pequenos, o perigo não está apenas em locais impróprios para banho ou de maior profundidade. Pelo contrário: o risco de afogamentos existe também em casa, inclusive em baldes, banheiras e vasos sanitários, dependendo do tamanho da criança.
Apesar da importância de tomar algumas precauções, o major Jarbas Ávila, comandante do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) da Brigada Militar é enfático quando se trata da gurizada:
- Nada substitui a presença dos responsáveis. Qualquer atividade na água requer vigilância.
Para os pais
Informações: Ong Criança Segura e major Jarbas Ávila, comandante do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) da Brigada Militar.
- Um adulto deve supervisionar o tempo todo as crianças e os adolescentes onde houver água, mesmo que saibam nadar ou que os lugares sejam considerados rasos.
- Boias e outros equipamentos infláveis passam uma falsa segurança. Eles podem estourar, virar a qualquer momento e ser levados pela correnteza.
- Esvazie baldes, banheiras e piscinas infantis depois do uso e guarde-os sempre virados para baixo e longe do alcance das crianças.
- Se precisar manter baldes cheios de água, coloque-os no alto, sem acesso aos pequenos.
- Conserve a tampa do vaso sanitário fechada, se possível lacrada com algum dispositivo de segurança "à prova de criança" ou mantenha a porta do banheiro trancada.
- Mantenha cisternas, tonéis, poços e outros reservatórios domésticos trancados ou com alguma proteção que não permita "mergulhos".
- Piscinas devem ser protegidas com cercas de, no mínimo, 1,5 m que não possam ser escaladas e ter portões com cadeados ou trava de segurança, que dificultem o acesso dos pequenos.
- Alarmes e capas de piscina garantem mais proteção, mas não eliminam o risco de acidentes. Esses recursos devem ser usados em conjunto com as cercas e a constante supervisão dos adultos.
- Não deixe que as crianças corram próximo à borda da piscina. Às vezes, o acidente ocorre do lado de fora e a criança já cai inconsciente na água.
- Brincadeiras em que as crianças se puxam e têm muito contato umas com as outras são propícias à aspiração de água e podem provocar afogamentos.
- Grande parte dos afogamentos com bebês acontece em banheiras. Na faixa etária até dois anos, até vasos sanitários e baldes podem ser perigosos. Nunca deixe as crianças sem vigilância próximas a pias, vasos sanitários, banheiras, baldes e recipientes com água.
- Evite brinquedos e outros atrativos próximos à piscina e reservatórios de água.
- Saiba quais amigos ou vizinhos têm piscina em casa. Quando levar a criança para visitá-los, certifique-se de que será supervisionada por um adulto enquanto brinca na água.
- O rápido socorro é fundamental para o salvamento da criança que se afoga, pois a morte por asfixia pode ocorrer em apenas cinco minutos.
- Tenha um telefone próximo à área de lazer e o número do atendimento de emergência.
As precauções
Informações: major Jarbas Ávila, comandante do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) da Brigada Militar.
Se estiver se afogando
- Tente se acalmar, não se agite, não se debata e mantenha a cabeça para fora da água.
- Em primeiro lugar, comece a boiar.
- Depois, olhe ao redor e tente localizar o ponto de areia (ou a margem) mais próximo.
- Então, tente nadar até lá, em diagonal, sempre a favor da corrente, nunca no sentido inverso, até sair do repuxo. Não lute contra a correnteza.
Se for ajudar alguém que está se afogando
- Ligue para os Bombeiros, no 193.
- Se não souber nadar muito bem, não entre na água. Só faça isso se tiver muita certeza de que vai conseguir nadar por si e pela outra pessoa.
- Caso saiba nadar, alcance algo que flutue para a pessoa que está se afogando se agarrar, como um pneu, um balde de cabeça para baixo ou uma garrafa de 20 litros.
- Se não souber nadar, tente alcançar algo de fora da água, como uma corda, para a pessoa segurar e você puxar.