Polícia



Centro da Capital

A revolta da família do homem espancado até a morte em bar na Capital

Seguranças de casa noturna teriam matado a socos, pontapés e golpe de estilete um homem que estava com a mulher e familiares no local. Polícia investiga

07/01/2013 - 07h16min

Atualizada em: 07/01/2013 - 07h16min


Família quer justiça

A polícia começa a ouvir esta semana testemunhas do assassinato do montador de forros Ederson de Oliveira Winkler, 32 anos. Familiares da vítima acusam seguranças de uma casa noturna no Centro de Porto Alegre de o espancarem até a morte, na madrugada de 1º de janeiro. Morador do Bairro Guajuviras, em Canoas, o montador visitava o local pela primeira vez ao lado da mulher, Nádia Lopes, 32 anos, da prima Daiane Quadro, 26 anos, e de outros sete familiares e amigos.


Segundo Nádia, o grupo chegou à casa noturna Sobradinho, na Rua Marechal Floriano, por volta das 4h, após passar pela Usina do Gasômetro. Cerca de 20 minutos depois, uma discussão iniciada no banheiro masculino e envolvendo um irmão de Nádia acabou no espancamento de parte da família e, por consequência, na morte de Ederson.


- Os seguranças começaram a bater no meu irmão de 18 anos, na saída do banheiro. Fui tentar defendê-lo, e acabei recebendo chutes, socos e uma rasteira. Meu marido só foi me defender e começou a apanhar. Meus outros parentes também apanharam na tentativa de explicar que ele não era bandido - relatou Nádia.


Seguranças ainda tiveram ajuda


A briga seguiu até a frente do estabelecimento, onde, de acordo com os familiares de Ederson, outros cinco homens que estavam na rua se juntaram aos cinco seguranças e continuaram espancando o montador.


Enquanto parte da família correu em direção ao posto do 9º BPM, na Praça XV, para pedir ajuda, Nádia e o irmão ficaram tentando defender Ederson.


"Morreu nos meus braços"


- Os seguranças pegaram um pau com outros homens e bateram ainda mais no meu marido. Ele já estava, praticamente, inconsciente e continuava apanhando muito. Arrastaram ele até a esquina com a Rua Otávio Rocha. Ali, caiu depois de tomar um golpe de estilete perto do peito. O grupo se dispersou e fiquei tentando estancar o sangue. Mas meu marido morreu nos meus braços - contou Nádia, aos prantos.


O caso está sendo investigado pela 6ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP.) De acordo com o delegado Luciano Peringer, a primeira ação é identificar os seguranças que atuaram na boate na noite do crime.


Restaram hematomas


Na sexta-feira passada, três dias após a morte do marido, Nádia ainda apresentava nas pernas e nas costas os hematomas causados pelos golpes que, segundo ela, foram desferidos pelos seguranças. A dona de casa fez exame de corpo de delito no dia do crime. O laudo será emitido pela polícia.


Casados durante 15 anos, Nádia e Ederson tiveram um filho, de 13 anos. O adolescente está usando calmantes desde a morte do pai.


- Meu marido era um trabalhador, um homem honesto. Estava feliz por recém ter terminado de construir a nossa casa. Não éramos de sair à noite. Como estávamos de carro e queríamos celebrar a nova vida na casinha, decidimos comemorar fora. Acabei perdendo o meu companheiro - desabafou Nádia.


Brigadianos teriam negado atendimento


Familiares do montador afirmam que os PMs de plantão no 9º BPM se recusaram a ir à frente da casa noturna, a cerca de 500m da confusão. Uma cunhada da vítima teria se ajoelhado, implorando ajuda, e sido levantada pelos cabelos por um soldado.


Não é o padrão, diz comandante


- Eles só diziam que não podiam fazer nada, que o batalhão não era lugar para nós e que todos os dias morre um em um "inferninho" como aquele - afirmou Daiane.


Segundo o comandante em exercício do 9º BPM, major André Luiz Córdova, não é procedimento padrão da Brigada negar auxílio.


- Não tomamos conhecimento sobre esta situação. Se a família quiser fazer a denúncia pode procurar o 9º Batalhão ou ir direto à Corregedoria Geral da Brigada - indicou.


A redação tentou contato com representantes da casa noturna Sobradinho, mas não conseguiu retorno.


Amigos farão protesto


Na próxima sexta-feira, familiares, amigos e colegas de trabalho de Ederson prometem fazer um protesto silencioso em frente à casa noturna onde ocorreu a briga. A partir das 18h, o grupo estará com cartazes e camisetas com a foto da vítima.


A ideia é caminhar da Rua Marechal Floriano até o local onde Ederson caiu morto.


- Queremos justiça. Este lugar deve ser fechado e os assassinos, presos - afirmou a prima Daiane.


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