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Obituário

Morre aos 80 anos o diretor de 'O Império dos Sentidos', Nagisa Oshima

Cineasta japonês estava internado em um hospital em Tóquio com uma pneumonia

15/01/2013 - 10h05min

Atualizada em: 15/01/2013 - 10h05min


Marcelo Perrone
Marcelo Perrone
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Diretor japonês tinha 80 anos

Autor de O Império dos Sentidos, um dos filmes mais polêmicos da história do cinema, o diretor japonês Nagisa Oshima morreu nesta terça-feira, aos 80 anos. A informação foi divulgada pelo British Film Institute em sua página no Twitter. Ele estava internado em um hospital de Kanagawa, ao sul de Tóquio, com pneumonia. Seu último filme foi Tabu, lançado em 1999,  após ele se recuperar de um derrame.

Oshima já era realizador conhecido do cinema japonês quando chocou o Festival de Cannes, em 1976, com O Império dos Sentidos, drama intimista inspirado numa episódio real ocorrido no Japão, em 1936, quando um gueixa matou e castrou seu amante. Oshima encenou o filme como um apaixonado ritual de prazer morte, apresentando cenas de sexo explícito numa intensidade nunca antes vista em um filme de arte - as cenas de sexo entre os atores Tatsuya Fuji, como o senhorio, e Eiko Matsuda, no papel de sua criada, eram reais.

A censura do governo militar classificou O Império dos Sentidos como pornográfico e só liberou sua exibição, para maiores de 18 anos, em 1980. Em 1º de dezembro daquele ano, diante da estreia em Porto Alegre, nos cinemas Ritz e Avenida (nesse, ficaria nove meses em cartaz) o Segundo Caderno de Zero Hora titulou: "Somos Adultos: Já Podemos ver o Impérios dos Sentidos".

O crítico de cinema Hiron Goidanich, o Goida, escreveu que a estreia era "um marco na exibição cinematográfica da cidade" e que o público iria ver "um ato ininterrupto de amor, em vinte lugares diferentes, sempre em quartos fechados, como uma arena consagrada ao rito praticado pelos dois amantes.

Três dias depois, na  critica "Oshima  a maturidade real do amor no cinema", Goida disse que "o sexo existe em função da dramaticidade da história e os atores não fingem. Por isso o choque de alguns espectadores, surpreendidos com algo sério, real, solene e grave. Não há espaço para metáfora ilusórias e truques do amor apenas representado (...) Oshima esta dando, através deste filme, uma maturidade que cinema ainda não tinha".

Em 1996, na ocasião de uma reprise de  O Império dos Sentidos na Capital, o crítico de ZH Tuio Becker destacou que "a obra  obra mais conhecida de Oshima tornou-se uma peça de resistência na luta contra a censura. (...)  O caráter explícito - ou exótico - de certas cenas eróticas provocou mais a curiosidade do público que o desejo de acompanhar a atormentada jornada de Sada e Kichizo rumo aos confins de seu amor louco, uma impressão que o tempo se encarregou de corrigir".

Depois de O Império dos Sentidos,  Oshima teve como filme mais conhecido Furyo, Em Nome da Honra (1983), drama ambientado na II Guerra estrelado por David Bowie, Tom Conti e Ryuichi Sakamoto. Em sua obra derradeira, Tabu, o diretor voltou a provocar polêmica  provocando as convenções sociais conservadoras com a tensão sexual provocada em um acampamento de samurais por um jovem aprendiz recém-chegado e com aparência andrógina.


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