O Carnaval acabou, a apuração foi feita e a taça já está com a Bambas. Mas, uma semana depois do início dos desfiles, ainda não se sabe quantas escolas cairão e quantas subirão para o Grupo Especial de Porto Alegre em 2014.

Isso porque as entidades que coordenam os desfiles não se entendem sobre o regulamento, estabelecendo uma queda de braço para medir forças.

Tem reunião... na segunda-feira

Para a Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul (Aecpars), vale o texto aprovado para o biênio 2012/2013, que prevê descenso de duas para o Intermediário A e a ascensão de duas agremiações. Já a União do Grupo Especial do Carnaval de Porto Alegre (Ugespa), fundada no ano passado para reunir as dez escolas da elite da Capital, é categórica: seu regulamento diz que apenas uma será rebaixada e uma subirá ao Grupo Especial. Na quarta-feira, o presidente da Ugespa, Juarez Gutierres, entregou um documento na Aecpars.

- Estamos abrindo mão de receber apenas uma escola para acolher duas. Nossa proposta é coerente, racional, à luz da sabedoria e do direito - disse Juarez.

De acordo com o presidente da Aecpars, Vitor Hugo Amaro, está marcada uma reunião na próxima segunda-feira, às 20h30min, para a qual todos os presidentes das escolas de samba, das três divisões, estão convidados:

- Entendo que nosso regulamento é o que vale.

O placar da discórdia

O Diário Gaúcho consultou os presidentes das escolas de samba do Grupo Especial: qual o regulamento deve valer?

- Sete são a favor de cair um, mexendo no regulamento da Aecpars: Cleomar Rosa (Bambas), Luiz Carlos Amorim (Imperadores), Jorge Sodré (IAPI), Rita Bitencourt (Acadêmicos de Gravataí), Gustavo Giró (Embaixadores do Ritmo), Cleber Tavares (Vila Isabel) e Robson Dias (Restinga).

- Antônio Ademir de Moraes, presidente da Império da Zona Norte, torce por acordo entre as entidades. Se não houver, acha que deverá ser respeitado o regulamento da Aecpars, caindo duas e subindo duas.

- O presidente Maurício Nunes, da Imperatriz Dona Leopoldina, preferiu não opinar. Miro Leal, presidente da Praiana, não foi localizado.

A Vila cai ou não cai?

Que duas escolas do grupo Intermediário A - Samba Puro e Imperatriz Leopoldense - voltam à elite do Carnaval parece já ser consenso entre os presidentes das agremiações. No entanto, a dúvida segue em relação ao descenso. Academia de Samba Praiana, última colocada, já caiu, pelas opções de regulamento cogitadas até agora. Em situação desconfortável está a Unidos de Vila Isabel, que ficou em nono lugar no Grupo Especial.

O presidente da escola, Cleber Tavares, argumenta:

- Eu sou parte interessada, mas tenho que ser coerente. Quando assumi (maio de 2012), já estávamos na filosofia da Ugespa. Nós (presidentes das escolas do Grupo Especial), por votação, decidimos que uma escola cairia. Naquela ocasião, não se sabia qual escola iria cair. Minha opinião é que se siga o regulamento no qual eu votei. Não estamos virando a mesa a nosso favor. Por que eu devo cair se não está regulamentado para eu cair? É um direito meu e eu tenho que lutar por ele. O Carnaval merece ser tratado com mais seriedade.

Ugespa

- Foi fundada em 19 de abril de 2012, mas seu registro foi feito no mês de julho.

- A liga foi criada para cuidar, separadamente, dos interesses das dez escolas que estiverem no Grupo Especial de Porto Alegre. Enquanto faziam parte da Aecpars, o grupo era minoria.

- A redação final do regulamento do Carnaval, elaborado pela Ugespa, tem data de 29 de janeiro de 2013. Tem validade até 2014.

- Pelo regulamento da Ugespa, uma escola cairá e uma subirá. Mas sua direção já admite que subam duas, caindo uma.

Aecpars

- Existe há mais de 50 anos. Até o Carnaval 2012, abarcava 26 agremiações (dez do Grupo Especial, sete do Intermediário A, sete do Grupo de Acesso e duas tribos). Com a criação da Ugespa, deixa de representar as dez escolas do Grupo Especial.

- O convênio com a prefeitura foi assinado por ela pois a Ugespa não tinha dois anos, como exige a lei.

- O regulamento do Carnaval de Porto Alegre 2012/2013 tem data de 5/9/2011.

- Por seu regulamento, duas escolas cairiam e duas subiriam ao Grupo Especial.

Desfile de prejuízos

O impasse traz prejuízos ao Carnaval. Esta é a única concordância entre os dirigentes das escolas, que citam o descrédito do público e o afastamento até mesmo de futuros investidores nas escolas e na cobertura do evento.

- Hoje, temos dois regulamentos e não está sendo cumprido nenhum. Se cair uma escola e subirem duas estaremos rasgando os dois regulamentos e criando um terceiro - reclama o presidente da Imperatriz, Maurício Nunes.