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Domingo histórico e futuro incerto no Vaticano

Bento XVI fará sua última celebração dominical diante de fiéis, na Praça de São Pedro. Após sua retirada, na quinta-feira, toda a igreja se voltará para o conclave

23/02/2013 - 11h06min

Atualizada em: 23/02/2013 - 11h06min


O catarinense João Braz de Aviz é um dos mais cotados

Na próxima quinta-feira, às 20h (16h de Brasília), Bento XVI fará a sua despedida do comando da Igreja Católica. Anunciada há duas semanas, a renúncia de Joseph Ratzinger dá início ao processo de escolha do novo Papa.


Segundo a constituição apostólica, o processo de votação, chamado conclave, deve começar por volta do dia 10 de março. Mas a Santa Sé admite a possibilidade de antecipá-lo. Para isso, Bento XVI teria de publicar um decreto chamado Motu Próprio, alterando as regras.


Neste domingo, o Papa encerra o seu retiro espiritual da Quaresma, com o tradicional Angelus, com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro. Será um dia histórico, já que a última renúncia de papa ocorreu há 596 anos.


Dois gaúchos na lista


Enquanto Joseph se retira, surgem teorias sobre os motivos de sua renúncia, como o vazamento de informações do Vaticano.


Nesse cenário de incertezas, uma das poucas definições é como ocorre o processo de escolha do novo pontífice. Especialistas nos trâmites do Vaticano acham pouco provável a eleição de um não europeu. Do Brasil, surgem três nomes: Odilo Pedro Scherer, 63 anos, arcebispo de São Paulo, gaúcho de Cerro Largo, tem como credenciais a dimensão da arquidiocese paulista e o peso da América Latina para o mundo católico. Concorre à frente de outros brasileiros como o gaúcho Cláudio Hummes, 78 anos, e o catarinense João Braz de Aviz, 65 anos.


Porém, é o canadense Marc Ouellet, 68 anos, e o argentino Leonardo Sandri, 69 anos, que se equivalem aos cardeais europeus na disputa pelo posto mais importante da igreja. O italiano mais cotado é Angelo Scola, 71 anos.


Motivos da renúncia


Ao apresentar sua renúncia, Bento XVI, 85 anos, atribuiu a falta de forças para seguir à frente da Igreja Católica:


- Depois de ter examinado ante Deus minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino.


Ao longo dos dias, versões ligadas aos bastidores da Santa Sé começaram a surgir. Segundo o jornal italiano La Repubblica, o relatório final da investigação sobre o Vatileaks, escândalo de vazamento de informações confidenciais do Vaticano, seria uma das razões para a renúncia de Bento XVI.


Entenda o conclave


A votação No primeiro dia, cardeais celebram missa antes de entrarem em procissão na Capela Sistina, onde é realizada a votação. Depois de entrarem na capela, os cardeais colocam a mão no Evangelho e fazem juramento de segredo. A ordem em latim Extra Omnes indica a todos os que não participam na eleição para saírem - a Capela Sistina é fechada pelo carmelengo (cardeal que governa interinamente a Igreja, no período de escolha de um novo papa).


- Sob a inscrição "Elejo como Supremo Pontífice", cada cardeal escreve o nome do seu candidato no boletim.


- Cada cardeal aproxima-se do altar com o boletim dobrado bem à vista. Depois de ajoelhar-se, coloca o boletim numa urna de bronze. A contagem


- Os boletins são contados por três escrutinadores e os nomes lidos em voz alta.


- Os boletins são costurados, passando sempre a agulha pela palavra "Eligo", que significa "Elejo".


A decisão


- O papa é eleito por maioria de dois terços de votos mais um. Se nenhum cardeal vencer, os boletins são queimados com fumo negro.


- Se houver eleito, o fumo branco é liberado e o sino é tocado. Para determinar a cor da fumaça, são adicionados produtos químicos em uma salamandra. A fumaça é lançada pela chaminé com o auxílio de uma bomba de ar elétrica.


Nos dias seguintes


- Caso o papa não seja eleito no primeiro dia, há duas votações de manhã e duas à tarde a partir do segundo dia.


- Se não houver decisão após 34 votações, ficam os dois candidatos com mais preferências na votação final. O novo papa, então, é escolhido por maioria simples.


A aceitação


- Após aceitar a eleição, o novo papa vai à Sala das Lágrimas e veste a roupagem papal para receber as juras de obediência dos outros cardeais.


- Após o anúncio feito em latim, "Habemus Papam", que significa "Temos Papa", o eleito dá a bênção da varanda da basílica.


Sigilo total


- O Domus Sanctae Marthae é o alojamento dos cardeais.


- Durante o conclave, eles ficam isolados no Vaticano.


- O local de votação conta, inclusive, com bloqueadores sob o piso, que impedem o funcionamento de celulares.


Quem vota


- Todos os cardeais com menos de 80 anos podem votar.


- No total, serão 116, com a seguinte divisão: 61 da Europa (28 da Itália), 19 da América Latina, 14 da América do Norte, 11 da Ásia/Oceania e 11 da África.


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