Segurança



Ronda na madrugada

Operação de guerra da Polícia Civil no Norte da Ilha neutraliza facção criminosa

São 176 policiais e 75 viaturas em rondas ostensivas e barreiras fixas e móveis na região durante três dias

02/02/2013 - 03h53min

Atualizada em: 02/02/2013 - 03h53min


Considerada pela polícia a região mais crítica de Florianópolis, em se tratando de ataques criminosos, o Norte da Ilha talvez nunca tenha estado tão seguro como na noite de sexta-feira e madrugada deste sábado, terceiro e quarto dias de ataques em Santa Catarina.

Até as 03h43min de hoje, haviam sido 22 ataques no Estado, nesta segunda onda de violência promovida pela facção criminosa Primeira Grupo Catarinense (PGC).

A região com maior concentração na cidade de integrantes do PGC, o Norte da Ilha (especificamente as comunidades Vila União, Morro do Mosquito e Favela do Siri) contou com barreiras fixas e móveis e rondas ostensivas em toda a região.

Além da presença da Polícia Militar, a Polícia Civil montou talvez a maior operação já realizada no Norte da cidade.

Eram 176 homens e mulheres em 75 viaturas e no helicóptero Pelicano distribuídos em equipes pelas ruas e pontos específicos como Travessão, Canto do Lamin, Papaquara, Vila União, Favela do Siri, Morro do Mosquito, Rio Vermelho, Ratones, Sambaqui, entre outros. Até o cão Cyborg participou.

O ponto de encontro foi a 8ª DP da Capital, nos Ingleses. Às 21h10min de sexta-feira, o delegado-geral da Polícia Civil de SC, Aldo Pinheiro D´Ávila, foi pessoalmente cumprimentar as equipes.

Participaram policiais experientes e em início de carreira, lotados em delegacias distritais e em unidades especializadas, delegados e agentes, inclusive de outras regiões do Estado que estão na Capital para a Operação Veraneio.

Às 21h34min, o diretor de Polícia Civil da Grande Florianópolis, Ilson Silva, começou a repassar as linhas gerais.

- Esta é uma das maiores operações já realizadas pela Polícia Civil no Norte da Ilha. Teremos apoio no ar e na terra. É uma operação de guerra - disse o diretor.

Ilson Silva determinou que ninguém saísse de seu posto até as 6h de sábado. O delegado-geral encerrou a orientação para os policiais.

- Agradeço a cada um de vocês, desde o mais novo ao mais antigo. Esta operação é um orgulho para nossa instituição. Nos dá credibilidade diante da sociedade - disse Aldo Pinheiro D´Ávila, que fez uma determinação e um pedido.

- A determinação é para que se prenda muito e o pedido é para que todos voltem inteiros para amanhã termos o mesmo efetivo. Esta é uma situação de risco, por isso zelo com a segurança. Boa sorte - concluiu o delegado-geral.

As equipes partiram em alerta. A tensão era visível, mas na medida em que a madrugada avançava, todos ficaram mais tranquilos porque não houve um ataque sequer no Norte da Ilha. Os criminosos ficaram sem ação.

Até as 3h30min, foram registrados apenas prisões pela PM de suspeitos com gasolina e de um rapaz alcoolizado que atropelou um ciclista e fugiu, mas foi detido numa barreira da Civil, no Siri.

Ao sair das bocas de droga depois de comprar cocaína, os usuários ficavam apavorados ao ver tanto policial junto.

Outras regiões da cidade também contaram com reforço policial em delegacias, nas bases e postos da PM e nas ruas.

Nenhuma ação do PGC foi registrado em Florianópolis entre a noite de sexta-feira e às 3h47min de sábado. A operação segue até domingo.

::: Confira a galeria de fotos dos atentados em Santa Catarina

Os
órgãos de Segurança Pública passaram a sexta-feira em reuniões para tentar controlar a nova onda de atentados. As empresas de ônibus reduziram algumas linhas. (leia abaixo sobre o transporte coletivo).

A
transferências de líderes da facção pode estar por trás da série de ataques. O Comando Geral da Polícia Militar nega qualquer relação com ocorrido em novembro de 2012 ou com o PGC.


Clique no mapa e veja onde foram as ações criminosas:


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Atentados em SC - 2013 em um mapa maior

Quarta noite de ataques

Pouco antes das 3h deste sábado, bandidos passaram atirando pelo prédio da prefeitura de Itajaí. Foram efetuados pelo menos cinco disparos, que atingiram os vidros do prédio.

Por volta de 01h de sábado, um carro que havia sido furtado foi incendiado em uma rua do bairro Monte Alegre, em Camboriú, e ficou completamente destruído. O veículo era do pedreiro Rubens Cardozo, 54 anos, que mal tinha registrado o furto na delegacia quando soube do fim do carro.

Terceira noite de ataques

Os dois ataques mais recentes daquela noite foram em Joinville, por volta de 23h de sexta-feira. As duas ações dos criminosos a ônibus foram no bairro Espinheiros, próximo ao Caic, e na rua Senador Rodrigo Logo, próximo à rua Uruguaiana.

No 20º ataque registrado, dois homens, em uma moto, teriam usado gasolina para incendiar os pneus do ônibus, e logo as chamas tomaram conta do veículo. Os bombeiros estiveram no local para conter as chamas. Segundo a PM, ninguém se feriu. Praticamente ao mesmo tempo, os bombeiros informaram que havia outra ocorrência, a de número 19 em SC. Até as 0h30min deste sábado, não havia informações sobre possíveis vítimas.

Com uma diferença de poucos minutos, o 18º atentado em SC foi registrado em Ciriciúma, quando um ônibus fretado foi incendiado com o uso de coquetel molotov. Na sexta-feira, o ataque foi por volta de 22h30min, entre o bairro Progresso e a Vila União. O ônibus da empresa Forquilhinha, que levava trabalhadores de uma empresa da região, foi completamente destruído depois que um coquetel Molotov foi jogado no interior do veículo.

A 17º ocorrência no Estado também foi em Joinville e aconteceu cerca de uma hora antes e resultou em um veículo da empresa Gidion queimado, também com o uso de coquetel molotov, quando o motorista passava na rua Vicente Leporace, no bairro Fátima.

A madrugada dos ataques, na sexta-feira, incluiu um ataque contra a base da Polícia Militar, em Canasvieiras,  por volta das 5h, que foi incendiada. De acordo com testemunhas, quatro rapazes teriam praticado o crime.

O posto da PM na Praia Brava também foi alvo de atentados. Não havia policiais na hora do ataque. A suspeita da polícia é de que tenha ocorrido na madrugada, já que o posto estava fechado na noite desta quinta-feira e na manhã desta sexta-feira.


Segunda noite de ataques

No Norte da Ilha de SC, bandidos esvaziaram um ônibus da empresa Canasvieiras, por volta de 23h45min de quinta-feira, antes de atear fogo no veículo, O motorista e o cobrador foram agredidos pelos criminosos e tiveram ferimentos no corpo. O caso foi na Rodovia João Gualberto Soares, na localidade do Canto do Lamim. O rapaz de 19 anos foi levado para o Hospital Celso Ramos em estado grave.


Veículo da Canasvieiras ficou
completamente destruído pelas chamas
Jessé Giotti/Agência RBS


Outro atentado na mesma região da cidade aconteceu na estrada Dário Manoel Cardoso, na praia dos Ingleses - onde um rapaz sofreu queimaduras de segundo grau.


Nos Ingleses, um homem ficou
queimado após o incêndio do ônibus
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS


Passava das 23h30min de quinta-feira quando dois ônibus foram atacados em Palhoça. Um deles era da APAE de Balneário Camboriú que aguardava adesivagem e teve os pneus queimados. O outro, um veículo de turismo, foi queimado próximo a garagem da empresa Jotur.

Na segunda noite de ataques, a delegacia de Camboriú foi atacada e o local isolado depois que uma granada caseira, feita com cano de PVC, foi arremessada contra o prédio. O objeto, que não chegou a explodir, foi encontrado em frente ao muro da delegacia. O fato ocorreu por volta das 23h30min de quinta.

Era por volta de 22h30min de quinta-feira quando o incêndio criminoso de um ônibus no bairro João Paulo colocou Florianópolis no cenário da retomada dos atentados terroristas em Santa Catarina. Dois rapazes fugiram em uma moto. Suspeitos de terem participado do crime foram detidos ainda durante a madrugada pela PM. Um deles tinha 23 anos e o outro era um menor, de 17 anos.


Veículo que seguia para o Centro
foi esvaziado antes de ser incendiado
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS


Por volta de 1h30min de quinta-feira, em Itajaí, uma viatura da Coordenadoria de Trânsito da prefeitura foi incendiado. O veículo estava no pátio da Secretaria Municipal de Segurança, na Rua Blumenau, quando alguém passou de carro e jogou um coquetel molotov.

 
Viatura da Codetran, de Itajaí
também foi consumida pelo fogo
Foto: Marcos Porto/Agência RBS


A primeira noite de ataques neste ano

Em Gaspar, um ônibus da empresa Rodovel foi incendiado no Bairro Bela Vista por volta de 23h de quarta-feira. Vinte minutos depois, no Bairro Figueira, outro veículo foi alvo dos criminosos.

Em Itajaí, um bar e mercearia localizado no Bairro Cordeiros, em Itajaí, também pode ter sido alvo. De acordo com testemunhas, garotos de bicicleta passaram pelo local por volta de 23h de quarta-feira, jogaram garrafas pet com gasolina e depois atearam fogo.

Os ataques, semelhantes aos de novembro de 2012, começaram por volta de 22h de quarta-feira, em Balneário Camboriú, com um ônibus da empresa Expressul como alvo, a exemplo do que ocorreu no ano passado. Dois homens armados renderam o motorista, na Rua Dom Henrique, e atearam fogo ao veículo. Os bandidos usavam máscaras do filme Pânico. Um suspeito foi baleado, mas fugiu. O outro foi preso.


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Uma das barreiras foi montada
na Avenida Mauro Ramos
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS


Antes do início dos ataques, barreiras foram montadas em quatro pontos da Capital, na madrugada de sexta-feira. Os PMs realizaram, quatro barreiras na cidade, na ponte Pedro Ivo Campos, na Prainha, no bairro Agronômica e na Avenida Mauro Ramos. 


Prisões

Pelo menos
22 pessoas foram detidas pelas forças de segurança. No celular de um dos presos foi encontrada uma mensagem que autorizava os atentados.


Transporte público

Em uma reunião na sexta, Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros da Grande Florianópolis) e Polícia Militar decidiram que, por medida de segurança,
os ônibus devem circular normalmente só até às 19h30min. Depois deste horário, apenas algumas linhas devem cumprir seus itinerários com escolta policial. No sábado e no domingo, o esquema continua e os ônibus devem circular até às 21h. Ainda na sexta, a decisão causou protesto de passageiros.


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