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Quem é ele

Teólogo conservador, o alemão Joseph Ratzinger esteve no comando da Igreja Católica por oito anos

Papa Bento XVI renunciou ao cargo por causa de seus 85 anos de idade

11/02/2013 - 09h35min

Atualizada em: 11/02/2013 - 09h35min


Joseph Alois Ratzinger, o papa Bento XVI, tomou posse no dia 19 de abril de 2005. O pontífice nasceu no dia 16 de abril de 1927, em Marktl am Inn, uma pequena vila na Baviera, às margens do rio Inn, na Alemanha.

Eleito para suceder ao papa João Paulo II, como o 265° papa, a escolha foi a menos surpreendente. Quando o cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estévez assomou ao balcão do Vaticano e pronunciou o nome do cardeal alemão Joseph Ratzinger como novo representante de Cristo na Terra, há oito anos, a Praça de São Pedro lotada aplaudiu fervorosamente, mas não se multiplicaram cenas de euforia mundo afora. Aos 78 anos, o favorito Ratzinger entrou e saiu Papa do conclave.

Considerado o mais destacado teólogo da ortodoxia católica, é tido como afável no trato pessoal, mas inflexível nos rigores da fé. Sua escolha significa um rude golpe nos que defendiam uma Igreja menos conservadora em temas como controle da natalidade, pesquisas com células-tronco, divórcio, casamento para padres e ascensão de mulheres na hierarquia católica.

O último papa com este nome foi Bento XV, que esteve no cargo de 1914 a 1922. Era ele quem estava à frente da Igreja Católica durante a Primeira Guerra Mundial.

Durante quatro décadas, antes de assumir como papa, Joseph Ratzinger construiu a imagem de carrancudo. Mas no dia do anúncio, diante dos fiéis, na Praça de São Pedro, no Vaticano, era o simpático Bento XVI.

Quanto da fama de inflexível e sombrio, trazida até então pelo cardeal Joseph Ratzinger, terá sobrevivido à aparição que o mostrou ao mundo como novo comandante da Igreja? Ratzinger carregou, desde 1981, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o peso de ser a cara impermeável da Igreja a qualquer tentativa de adaptação do Vaticano a questões consideradas controversas. Consagrou-se popularmente que o cardeal seria o poderoso síndico da Igreja. Ratzinger foi bem mais do que isso. Foi o guardião dos dogmas do catolicismo.

Nenhum dos outros 114 cardeais teve as condições que ele teve para, de dentro do Vaticano e sempre ao lado de João Paulo II, preparar-se para ser papa.

Ratzinger construiu a reputação de controlador da fé católica, para que nenhum desvio fosse cometido, porque se dedicou com afinco a suas atribuições. Sempre dormiu pouco, sempre exaltou as virtudes da prece, sempre estudou muito. Era quem supervisionava tudo o que João Paulo II escrevia. O mais antigo dos cardeais, madrugava ao lado de João Paulo, compartilhava de suas idéias, o influenciava nas grandes decisões.

Sua trajetória é a de um religioso vocacionado para o poder. Precoce, aos 30 anos já era considerado um teólogo com talento acima da média. Professor de teologia da Universidade de Bonn, no final dos anos 60 ganhou destaque como combatente do comunismo.

Construía seu perfil conservador, em meio ao crescimento do marxismo, até ser nomeado arcebispo de Munique e Freising, em março de 1977. Menos de três meses depois, foi consagrado cardeal por Paulo VI. Em 1981, aproximou-se de João Paulo II e assumiu a Congregação para a Doutrina da Fé.

Ratzinger, que domina 10 idiomas, queria mesmo ser papa.Como encarregado da congregação que substituiu o Tribunal da Santa Inquisição, o então cardeal alemão mostrou sua face mais dura aos seguidores da Teologia da Libertação. Um deles, o frade franciscanoLeonardo Boff, esteve diante do guardião, em 1984, no Vaticano. Por desafiar os dogmas que o cardeal deveria resguardar, Boff foi condenado a silêncio obsequioso e proibido de lecionar.

Quando esteve no Brasil com JoãoPaulo II, em 1997, manifestou preocupação com o crescimento dos evangélicos e pediu aos cardeais que reagissem.


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