Com uma conversa envolvente, estelionatários fazem cada vez mais vítimas. Com a internet, os golpistas se sofisticaram, mas os velhos golpes também continuam fazendo vítimas. 

- Eles têm um poder de persuasão. É uma lábia fantástica. O golpe do dedal é antigo e todo mundo continua caindo - observou o delegado Leonel Baldasso, que desmascarou o Galã do Facebook.

O esteiense de 41 anos, apelidado de Galã do Facebook, se apresentou, com o advogado, quinta-feira, na DP de Esteio. Ele é suspeito de usar um perfil falso em sites de namoro e relacionamento, para iludir mulheres viúvas e separadas e conseguir que elas lhe dessem dinheiro.

Pela estimativa da Polícia Civil, o homem, que se apresentava nos sites como Helquer Fernando Rodrigues, empresário à procura de um grande amor, teria causado um prejuízo de mais de R$ 200 mil às vítimas. Em seu depoimento, admitiu que era o administrador do perfil falso, que mantinha relacionamentos com as vítimas. No entanto, disse que fazia tudo a mando de um homem que seria o verdadeiro Helquer Fernando Rodrigues.

- Essa é uma versão completamente fantasiosa - afirmou o delegado Baldasso.

Segundo a versão do suspeito, Helquer, que viveria em São Paulo, teria uma "agência de contatos de programas" e, numa visita a Esteio, o teria convidado a ingressar no negócio. A partir daí, teria feito contas em redes de relacionamento.

Nome não está no sistema

O suspeito contou que cobrava de R$ 1 mil a R$ 4 mil por programa. As mulheres viriam a Porto Alegre para os encontros. Afirmou nunca ter feito promessas de visitá-las ou de casamento.

- Não há no sistema integrado brasileiro nenhum RG em nome de Helquer Fernando Rodrigues - disse o delegado.

OS MAIS APLICADOS

Do bilhete

- Normalmente aplicado em dupla. Um aborda a vítima e, dizendo- se do Interior, mostra um bilhete de loteria supostamente premiado. Diz ter dificuldade em pegar o prêmio, pede ajuda e promete uma recompensa.

- O outro golpista se aproxima e entra na conversa, convencendo a vítima a ajudar.

- O dono do bilhete convence a vítima a ficar com o prêmio, mas pede uma garantia em dinheiro. Com a grana na mão, os vigaristas dão um jeito de fugir.

Do sequestro

- O criminoso liga para a vítima, diz ter sequestrado um parente dela e pede um depósito numa conta.

- Avisa que vai matar o sequestrado se a pessoa desligar o telefone.

Do prêmio

- Por telefone, o falsário diz ser funcionário de uma rede de tevê ou de uma empresa de telefonia.

- Afirma que a vítima ganhou um prêmio e, para recebê-lo, é necessário comprar cartões para celular e informar os códigos, sem desligar.

Do e-mail infectado

- A vítima recebe mensagens informando pendências em bancos ou órgãos públicos, como a Receita Federal.

- As mensagens são falsas e contaminadas com vírus espiões, que recolhem informações sobre o usuário do computador.

Da aposentadoria

- Ocorre próximo às agências bancárias e do INSS. Os golpistas oferecem aos idosos agilidade no processo de aposentadoria e, para tanto, cobram um determinado valor adiantado. Fornecem uma lista de documentos a serem providenciados, bem como um cartão com endereço.

- De posse dos documentos, o idoso procura o local indicado, mas o endereço não existe.

Do empréstimo

- Os estelionatários anunciam em classificados empréstimos e financiamentos sem burocracia. Só que o cliente tem que pagar uma taxa para a liberação do crédito.

E não era nem mel...

Em vez de um computador, três baldes de um xarope doce, que, de longe, até parecem mel. Este foi o instrumento que uma dupla de vigaristas usou para entrar na casa de uma idosa no Bairro Ipanema. Trata-se do já conhecido Golpe do Mel.

Por volta das 9h30min de quinta-feira, a dupla bateu no portão da casa de uma mulher de 84 anos. A filha dela e o neto haviam deixado a residência havia poucos minutos. Um homem branco, baixo, magro e sem os dentes da frente bateu no portão da casa da Rua Porto Novo.

- Ele pediu pelo nome da minha mãe e disse que trazia uma encomenda. A minha vó foi entrar em casa para telefonar para minha mãe e, quando viu, o cara tinha entrado no quarto dela - contou o neto da vítima, um rapaz de 24 anos, que pediu para não ser identificado.

Do quarto, o homem furtou R$ 300. E deixou na casa os três baldes do que seria mel.

- Eu chamei a Brigada e o PM até provou. É um xarope! - disse o neto.

Golpe aplicado em Viamão

Segundo vizinhos, o homem estava acompanhado de um comparsa, moreno e alto, em um carro branco, semelhante ao antigo Gol.

Conforme a 6ª DP, nenhum registro do Golpe do Mel foi feito ainda na distrital. Em fevereiro do ano passado, o Diário Gaúcho alertou que uma dupla de golpistas vinha aplicando conversa semelhante em Viamão.