Dupla Gre-Nal



Gauchão às moscas

Por que o Gauchão não tem público?

Com a baixa média de público nos jogos do Gauchão, o Diário Gaúcho foi ouvir torcedores e dirigentes para tentar explicar a falta de interesse

30/03/2013 - 08h12min

Atualizada em: 30/03/2013 - 08h12min


Muitos jogos na tevê. As campanhas fracas dos times com menor público. O preço dos ingressos. A competição começando em meio às férias.

As tentativas de explicações são muitas, mas ninguém consegue responder o por que da baixa média de público pagante nos jogos do Gauchão, com alguns confrontos levando menos do que um ônibus lotado.

Só na fase de grupos da Taça Piratini, nove dos 16 clubes tiveram uma média de pagantes inferior a 500 pessoas. Nem as partidas com a dupla Gre-Nal têm ajudado. Inter e São José, por exemplo, levaram 1,3 mil pagantes ao Passo D'Areia.

O gerente de futebol do Canoas, Marco Antonio Bois, ameniza:

- Muitos times pequenos têm sócios, vendem pacotes ou fazem promoções e levam muito mais que o número de pagantes.

Na quinta-feira, na vitória sobre o Santa Cruz, o time da Região Metropolitana levou 87 pessoas à Ulbra. Vinte e sete pagaram.

"Nossa média é bem maior"

Penúltimo na lista, o Veranópolis tem levado 135 torcedores ao Antônio David Farina. Mas, segundo o gerente de futebol Ademir Bertoglio, esse número não representa a presença no estádio:

- Temos os sócios e aqueles que compraram o pacote para todo o Gauchão. São uns 700. Assim, nossa média é bem maior que essa.

A média de pagantes por clube mandante na fase de grupos da Taça Piratini

- Grêmio - 6.558

- Inter - 4.155

- Juventude - 2.277

- Caxias - 2.225

- Pelotas - 2.160

- São Luiz - 1.302

- Lajeadense - 852

- Passo Fundo - 499

- Esportivo - 441

- Santa Cruz - 380

- Novo Hamburgo - 298

- Cruzeiro - 250

- Cerâmica - 226

- São José - 193

- Veranópolis - 135

- Canoas - 47

"Preço não é problema"

Falando do Exterior, onde passa as férias, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto Neto, aponta dois motivos da fraca média de público:

- Tem muito jogo na tevê. É só comprar um pacote e ver todos em casa. E tem outra coisa: não tem mais a cervejinha nos estádios.

Ao ser questionado sobre o preço dos ingressos frente à estrutura oferecida nos estádios, afirmou:

- O preço não é o problema. É de graça. Em 1994, custava R$ 10. Hoje é R$ 20. Na minha empresa (é dono das lojas Multisom), vendo ingressos para 20 shows por semana, todos muitos mais caros, e vendo tudo. A imprensa cultural não fala do preço dos shows. Mas vocês batem no preço do ingresso do futebol.

O repórter ainda tentou argumentar:

- Mas presidente, nos shows há toda uma estrutura, banheiros limpos, cadeiras, lugar marcado, normalmente são em lugares cobertos. E ninguém vai a show duas ou três vezes por semana...

- A ligação está ficando muito cara (ele falava de fora do Brasil), semana que vem eu volto e a gente conversa - interrompeu.

Fala, dirigente

"Isso passa pelo desempenho dentro de campo. Além disso, nosso clube é muito jovem, tem apenas três anos."

Felipe Martini, presidente do Canoas

"Temos um time muito novo e que tem pouca torcida. Isso só, já é uma explicação. No mais, o preço alto dos ingressos e muitos jogos na tevê atrapalham. Entre ir ao estádio e pagar caro e ver um jogo na tevê, o torcedor prefere ficar em casa assistindo."

Rafael Jacques, gerente de futebol do Cerâmica

"A campanha no primeiro turno não ajudou. Cerca de 800 pessoas compraram os ingressos para todo o Gauchão, o que não aparece no borderô. Nossa média de público, fica em torno de mil, mas no borderô só tem os pagantes."

Ademir Bertoglio, gerente de futebol do Veranópolis

Os motivos

O Diário Gaúcho ouviu dirigentes e torcedores e elencou as possíveis explicações para o pouco público nos jogos do Gauchão:

- A fraca campanha dos times com menor média de pagantes.

- Muitos jogos na tevê paga, com partidas em vários horários e de diversas competições.

- A falta de cerveja nos estádios, proibida por lei.

- O preço dos ingressos. Com mais de um jogo por mês como mandante, alguns torcedores acham caro o preço de R$ 20. Principalmente pela estrutura apresentada em vários estádios.

- A competição começando em meio às férias. Como o Gauchão se inicia em janeiro, em todo o primeiro turno muitos torcedores não estão nas suas cidades.

"Ia sair muito caro"

Colorados, os Cavinato estavam quinta-feira entre os 87 torcedores que assistiram à vitória de 2 a 0 do Canoas sobre o Santa Cruz. O bancário Guilherme, 28 anos, é assíduo no estádio da Ulbra:

- Hoje veio a família toda (pai e mãe) porque conseguimos convites. Se tivesse que vir todo mundo, ia sair muito caro. R$ 60 a cada jogo é complicado.

O pai, o aposentado Nelson, 67 anos, acha que falta incentivo do clube e da prefeitura para levar mais público:

- Tinham que fazer camisetas para vender, ter ingresso mais barato. Quem é que vai querer ir em um jogo que tem pouco público?


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