Até o final do ano, as sedes antigas serão removidas para a conclusão das obras da Copa do Mundo de 2014, em andamento no local. Segundo o arquiteto da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) Ernani Borges, uma reunião este mês definirá o começo dos trabalhos.

Se fossem endereços da nobreza, a inauguração mereceria traje de gala: damas de vestido e meia, cavaleiros de fraque e cartola. Mas como são espaços dedicados ao samba e ao carnaval, a festa terá naturalmente outra vestimenta.

Elas chegarão com suas melhores fantasias. Eles com ternos de linho branco e o tradicional chapéu de malandro. Pela primeira vez, o samba deverá ter tratamento de luxo na Capital.

O estudo preliminar das quadras foi feito por um escritório de arquitetura contratado pelo Sport Club Internacional, como contrapartida do clube às obras viárias no entorno do estádio. Além da duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva (a Beira-Rio), está prevista a construção do viaduto da Pinheiro Borda e do corredor de ônibus da Padre Cacique.

Plantas serão modificadas

O arquiteto da Secopa Ernani Borges explica que as plantas são, na verdade, um esboço de como serão as quadras. Os projetos sofrerão ajustes e ainda precisam ser aprovados pelos diretores das entidades.

- Não temos nada definido, precisamos conversar com os responsáveis até o fim do mês para explicar as mudanças que teremos de adotar - afirmou Ernani.

A principal alteração é a redução da largura da área destinada à construção dos módulos. No desenho original, o terreno teria 9 mil metros quadrados (300m de comprimento por 30m de largura). Mas teve de ser reduzido para 7,5 mil metros quadrados (300m por 25m), sem, no entanto, prejudicar o tamanho original decada quadra.

A redução de 5m na largura foi necessária por causa de um talude (plano inclinado que limita o aterro).

Área total poderá ser ampliada

Embaixo desse ponto, onde iria começar a obra, existe uma tubulação do Dep, que não pode ter a passagem obstruída.

Ernani revela que estruturas metálicas pré-moldadas e paredes de alvenaria serão erguidas numa área com três módulos reservados para estacionamento. Numa segunda etapa, as quadras poderão ser aumentadas.

Estrutura

A obra será feita com estruturas metálicas pré-moldadas e paredes de alvenaria. O teto terá uma superfície horizontal única com isolamento térmico. Os módulos terão muros laterais e vidros sobre os muros até a cobertura, e os palcos terão tratamento acústico.

Estacionamento

O projeto prevê três espaços para estacionamento entre os quatro módulos, com áreas que variam de 750m2 (30m X 25m) a 875 m2 (35m X 25m).

Imperadores do Samba - Área: 2,4 mil m2

Na primeira etapa: serão construídos 1,8 mil m2 no térreo e 600m2 no 2º pav., totalizando 2,4 mil m2.

Na segunda etapa: poderá agregar mais 800m2 (600m2 no térreo e 200m2 no 2º pav.), chegando a 3,2 mil m2.

Banda Itinerante - Área: 600m2

Na primeira etapa: serão construídos 600m2.

Na segunda etapa: poderá agregar mais 200m2 no segundo pavimento, totalizando 800m2.

Praiana - Área: 1,5 mil m2

Na primeira etapa: serão construídos 1,2 mil m2 no térreo e 300m2 no 2º pav., totalizando 1,5 mil m2.

Na segunda etapa: poderá agregar mais 500m2 (300m2 no térreo e 200m2 no 2º pav.), aumentando a área total para 2 mil m2.

Banda da Saldanha - Área: 1,5 mil m2

Na primeira etapa: serão construídos 1,2 mil m2 no térreo e 300m2 no 2º pav., totalizando 1,5 mil m2.

Na segunda etapa: poderá agregar mais 500m2 (300m2 no térreo e 200m2 no 2º pav.), aumentando a área total para 2 mil m2.

Entrave jurídico pode atrasar cronograma

Uma ameaça real ao cumprimento do cronograma de obras é a batalha judicial travada pela prefeitura com uma empresa de lavagem, que ocupa o terreno por concessão de uso.

Todas as decisões em primeiro e segundo graus foram favoráveis ao município, mas a empresa sempre recorre. O último recurso é um embargo declaratório que será julgado no final do mês na 18ª Vara Cível.

De acordo com o secretário extraordinário da Copa, João Bosco Vaz, esta área será ocupada provisoriamente pela Imperadores do Samba.

- Temos que acertar o tempo da máquina pública, que é demorado, o da Justiça, que é mais demorado ainda, e a necessidade de o Inter trabalhar para isso - disse Bosco.

Segundo o secretário, o clube não estaria querendo assumir a construção das quadras. Essa posição foi confirmada ao Diário Gaúcho pelo presidente colorado, Giovanni Luigi.

- Os terrenos não são nossos. Não temos nada com as contruções das quadras - resumiu.

Entidades só saem com sedes novas

Além de qualificar a estrutura das quadras para receber sócios e visitantes, o investimento significará uma nova fase na vida das entidades.

A mudança para uma casa nova, pintada e melhor que a anterior é encarada de modo diferente pelos diretores.

Presidente da Banda da Saldanha, que apresenta artistas nacionais e locais, e atrai multidões à sua quadra, Pedro Diogo afirma que não pretende acompanhar a remoção da antiga estrutura.

- A expectativa é grande. Passei noites aqui para cuidar desse patrimônio e só sairemos quando a nova sede estiver pronta. Por isto, não quero estar na hora da demolição, pois sei que irei abaixo também - disse Pedro.

Esperando sair do papel

Presidente da Imperadores do Samba, Luiz Carlos Amorim, prefere aguardar o projeto sair do papel.

- Não vi os projetos. Vamos nos reunir com a prefeitura para ver como vai ficar. Depois que a nova quadra estiver pronta, daí sim vamos pensar nisso - revelou Amorim.