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Quem é quem mesmo?

Atores se transformam para viver personagens da vida real

Retratos da Fama mergulha neste universo fascinante, em que ator e personagem da vida real parecem um só

14/04/2013 - 14h02min

Atualizada em: 14/04/2013 - 14h02min


Rosângela Monteiro
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Assistir à biografia de um ídolo, na tevê ou no cinema, sempre acaba sendo uma experiência inesquecível. Por mexer com sentimentos de idolatria, a expectativa dobra: como um ator dará vida a alguém único, com características sem comparações? Talentos brasileiros vêm tornando-se especialistas em surpreender e deixar boquiabertos fãs de nomes como Cazuza, Gonzaguinha e Chico Xavier. Uma nova obra-prima, resultado deste árduo trabalho de interpretação e de transformação, promete impressionar fãs de um mito. No dia 3 de maio, estreia nos cinemas Somos Tão Jovens, que conta a história de Renato Russo, líder da Legião Urbana, encarnado pelo ator Thiago Mendonça com incrível semelhança. 


Imagem e semelhança


Revelado em 2 Filhos de Francisco (2005), no qual interpretou o sertanejo Luciano, Thiago Mendonça impressiona em Somos Tão Jovens pela semelhança com Renato Russo. O filme conta a história do líder da Legião Urbana, sua juventude e seu sonho de ser um astro do rock. Thiago teve aulas de música e de canto para o papel.


- A semelhança pode ser resultado do mergulho neste universo. Filmamos cerca de três meses e ensaiamos outros três. Li a biografia do Renato escrita pelo Arthur Dapieve. Conversei bastante com a mãe e com a irmã dele. A mãe, dona Carminha, disponibilizou todos os cadernos de anotações da sua adolescência. E ouvi os amigos - conta o ator, que compara com 2 Filhos:


- Na pele do Luciano, nem precisei cantar, a produção tinha o áudio. Em Somos Tão Jovens, tocamos ao vivo nas cenas. Aprendi a tocar violão, baixo e guitarra, além de ganhar segurança pra cantar.


Renato, vem cá!


Com longas-metragens como Gatão de Meia Idade (2006) no currículo, o diretor Antônio Carlos da Fontoura conta que, para escolher o intérprete do líder da Legião, não foram necessários testes:


- Vi o Thiago atuando numa novela, e ele era o Renato! Cada vez mais, foi introjetando, mergulhando em seu universo, aprendendo a cantar e a tocar guitarra e baixo, passeando pelas ruas de Brasília, conversando e sendo lindamente acolhido por dona Carminha e Carmem Tereza (irmã do músico). Enfim, Renato foi entrando em Thiago. Nas filmagens, eu jamais o chamava de Thiago. Para mim, quem estava ali era o Renato, e assim o chamava sempre que precisava dele!


Papel que marcou a vida


Em dois momentos diferentes, nos filmes Chico Xavier (2010) e As Mães de Chico Xavier (2011), Nelson Xavier incorporou a figura do médium mineiro, falecido em 2002. Mesmo sem religião definida, o ator reconhece que o papel o emocionou e, de certa maneira, transformou-o em uma pessoa melhor.


Na preparação para o personagem, Nelson viajou às cidades mineiras de Leopoldo e Uberaba, onde Chico atuou. Lá, viveu momentos de intensa emoção e, por vezes, sentiu a força poderosa do médium envolvendo-o.


O ator não se considera parecido com Chico, mas, no cinema, era como se o médium estivesse ali.


- Interpretei, simplesmente! A caracterização, de diferente, só incluía uma pequena prótese no dente. Acho que foi a magia do cinema que fez com que ficássemos parecidos - avalia Nelson.


Achou o tom perfeito


Em 2004, Daniel de Oliveira deixou o país vidrado na telona com a incrível personificação de um dos maiores nomes da história da música brasileira, no longa-metragem Cazuza - o Tempo Não Para. Ao site da Rede Globo, o ator relata que ficou imerso no mundo do músico.


- Aluguei um apartamento no Leblon (na Zona Sul do Rio) e dei uma internada lá. Ficava ouvindo as músicas dele, dando umas voltas nos locais que Cazuza frequentava e encontrava pessoas próximas a ele. Achei o meu Cazuza ali - relembra.


Para retratar a fase em que o artista estava debilitado em decorrência da aids, Daniel perdeu 12kg em apenas três semanas. Para o ator, a sequência mais emocionante do longa-metragem foi a do show de 1988, no Canecão, no Rio:


- Foi bem marcante porque foi o encontro com a doença. Eu fiquei três semanas sem ver ninguém para emagrecer e, quando cheguei ao local da filmagem, fui direto para o camarim. Troquei de roupa, fiz maquiagem e subi ao palco já pronto, de branco e com a bandana. Foi muito emocionante.


Só imitar não convence tanto


Mestre na arte de dar vida a personagens reais, Júlio Andrade mandou bem como Raul Seixas, no Por Toda Minha Vida (2009), da TV Globo, e como Gonzaguinha, no filme Gonzaga - de Pai Pra Filho (2012). Neste último, seu pai, César da Silva, achou que o gaúcho nem estava no longa e que era o próprio cantor falecido em 1991, na telona. Na hora de fazer o teste para o filme, Júlio foi caracterizado como Gonzaguinha e agiu como o cantor, em tom arrogante.


- É costume eu fazer este tipo de coisa, tenho que chamar atenção. Para Gonzaguinha, assisti a muitos vídeos, tirei algumas músicas porque eu também toco violão. Até fiquei sabendo que o diretor (Breno Silveira) disse que tinha rolado uma sessão espírita no meu teste - diz Júlio, que ainda destaca a interpretação como Raul:


- Ele tem um monte de covers. Um outro artista foi selecionado para o papel, mas voltaram para mim porque uma coisa é imitar, a outra é trazer o personagem para a dramaturgia.


Em breve, Júlio volta à telona com um outro trabalho assim. Na cinebiografia de Paulo Coelho, O Peregrino, como o próprio!


Em 2009, a atriz gaúcha Larissa Maciel conquistou o Brasil com a sua interpretação da personagem-título da minissérie Maysa - Quando Fala o Coração, na TV Globo. Para viver a famosa cantora, falecida em 1977, Larissa empenhou-se com dedicação, conforme ela conta neste depoimento exclusivo ao Diário Gaúcho:


- O foco era não imitar. Este seria um processo muito mais rápido e, no entanto, totalmente superficial. Minha pesquisa foi profunda, cuidadosa e levou seis meses de trabalho diário. Mais ou menos, dez horas por dia. Trabalhei com pessoas muito competentes, que foram fundamentais. Me entreguei totalmente no processo de entender a alma da Maysa. Tentar desvendar através dos seus diários, da sua música, dos seus quadros, dos seus poemas e do que eu via no material de entrevistas e shows ao vivo, o que ia por dentro dessa mulher. A semelhança veio vindo a partir disso. Esse entendimento, de quem era a Maysa, foi crucial.


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