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Drama que se repete

Mãe que atravessou rua alagada com bebê no colo em Esteio está com a família na casa da sogra

Cena estampou a capa da edição impressa de ZH nesta segunda-feira. Família não tinha recuperado prejuízo de enchente de um ano atrás

26/08/2013 - 19h18min

Atualizada em: 26/08/2013 - 19h18min


Sandra, com os filhos Rafaela (no colo), Eduardo e Gabriel, está abrigada na casa da sogra

O cobertor cor de rosa usado na tarde de domingo por Sandra Carvalho, 36 anos, para envolver a filha Rafaela, de apenas três meses, durante a travessia da rua alagada no bairro São Sebastião, em Esteio, na tarde desta segunda-feira forrava uma banheira de plástico para improvisar um bercinho.

Abrigadas na casa da diarista Ana Beatriz Leite, 55 anos, sogra de Sandra, em Canoas, mãe e filha tentam se aquecer com o pouco agasalho que conseguiram colocar na sacola, enquanto Ana Beatriz estendia no varal a roupa molhada do momento da retirada. Em vão, já que a chuva na Região Metropolitana não cessa desde quinta-feira.

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As cheias também afetaram moradores dos vales do Caí e do Taquari. Em São Sebastião do Caí, são 250 desabrigados e 758 desalojados. Na região do Vale do Taquari, que engloba cidades como Lajeado, Encantado e Estrela, mais de 1,6 mil pessoas foram atingidas.

Antes de sair com água pelos joelhos, Sandra e o marido, o metalúrgico Marcelo Costa, 35 anos, ainda tentaram erguer os móveis e eletrodomésticos com tijolos que estavam no terreno desde setembro do ano passado, quando outra enchente atingiu a casa da família.

- Ainda nem terminamos de pagar os móveis que compramos daquela vez e agora aconteceu tudo de novo - desabafa Sandra, que lamenta principalmente pelo quartinho de bebê de Rafaela, parcelado em 12 prestações, que, pelo que ela consegue ver pela televisão, já deve estar debaixo d'água.

No domingo de manhã, o casal tinha dormido até mais tarde. Foram despertados perto do meio-dia por um vizinho, que alertou sobre a subida do Arroio Sapucaia. Em questão de duas horas, já não havia muito o que fazer. Restava arrumar a mala e pedir abrigo à mãe de Marcelo. Os primeiros a serem levados foram Eduardo, de cinco anos, e Gabriel, de sete. Depois, Sandra saiu com a bebê, protagonizando a cena que estampou a capa de ZH desta segunda-feira.

- Estou de cabeça baixa na foto, parece que estou com vergonha, mas na verdade é uma falta de esperança, um desânimo, porque só vemos promessas, mas nada é feito para melhorar a situação - comenta.

Marcelo permaneceu na rua até as 19h30min, vigiando a casa de longe, temendo que fosse saqueada. Mas a água avançou tanto que ficou difícil até mesmo para quem pretendesse se aproveitar da situação.

Esteio foi uma das cidades mais atingidas pelas cheias no Estado. Segundo a Defesa Civil, na tarde de ontem, já chegava a 700 o número de desabrigados e 3,5 mil desalojados. Quem não tem o mesmo suporte de Sandra e ficou sem ter para onde ir, encontrou abrigo em salões paroquiais e escolas, nomeados como pontos de referência pela prefeitura, que decretou estado de emergência.






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