Zoação sem limites
Mockbusters: conheça as paródias que pegam carona nos sucessos do cinema
Essas produções geralmente são lançados diretamente nas locadoras ou oferecidos em lojas virtuais


É batata: sempre que um filme que promete arrebentar as bilheterias chega aos cinemas, aparece um "primo pobre" para pegar carona no sucesso. Lançados diretamente nas locadoras ou oferecidos em lojas virtuais, essas produções ganharam até nome: mockbusters. E estão aí para provar que a zoação (e o oportunismo) não tem limites.
A galhofa começa pela própria definição de mockbuster, junção da palavra "mock" (que pode ser traduzida como "falso") com o jargão cinematográfico blockbuster, como são chamados os filmes responsáveis por arrecadar muito dinheiro. Ou seja, mockbuster é uma produção que imita os grandes hits para se aproveitar da publicidade do original e fazer algum trocado.
Nesse meio, quem se destaca é a empresa californiana Asylum. Nos últimos anos, praticamente todos os blockbusters de Hollywood ganharam versões com orçamentos proporcionalmente inversos à ousadia dos títulos, roteiros e até pôsteres. Transformers virou Transmorphers, Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros virou Abraham Lincoln vs. Zumbis, Atividade Paranormal virou Entidade Paranormal e o recém-lançado Pacific Rim (em cartaz no Brasil como Círculo de Fogo) apareceu como Altantic Rim.
- Acho que os mockbusters partem não da paródia, como esses filmes alegam, mas do oportunismo mesmo. Gosto mais dos exageros de um Sharknado, por exemplo, que é inequivocamente uma paródia, do que de mockbusters como Transmorphers. Nunca vi nenhum inteiro, só clipes no YouTube, que acredito ser o canal ideal, pelo descompromisso, para esse tipo de trucagem - opina o crítico de cinema Marcelo Hessel, do site Omelete.
Mas não são apenas os longas-metragens que entram nessa. No ano passado, a Disney processou o estúdio britânico Brightspark Production por lançar Braver, animação que lembrava demais o sucesso Brave (traduzido no Brasil como Valente). Mas a empresa era reincidente: antes do processo, havia produzido animações baseadas em outros hits da Disney, como Carros, Enrolados e A Princesa e o Sapo.
Editor do Judão, site especializado em cultura pop, Thiago Borbolla acredita que os mockbusters não enganam ninguém. E, por isso, não recrimina sua existência:
- Não se pode achar errado alguém que, pelo menos, perde um tempo pra fazer umas animações ou qualquer coisa do tipo e ainda consiga pensar em trocadilhos com os nomes originais. É aquele tipo de coisa que ultrapassa os limites de ser ruim e acaba sendo engraçado.
Uma saída para a indústria pornô
Considerada em vias de extinção pela proliferação dos sites de compartilhamento de vídeos e da pornografia amadora, a indústria pornô norte-americana ganhou fôlego de onde menos se esperava: das paródias. Mas não qualquer paródia. Pelas mãos do cineasta Axel Braun, sucessos recentes como O Homem de Aço, O Cavaleiro das Trevas, Homem-Aranha e Os Vingadores transformaram-se em verdadeiros blockbusters do sexo explícito.
Diferentemente dos pornôs usuais, as paródias de Braun primam pela fidelidade aos originais, não importando os custos - em entrevistas, ele alega que somente o uniforme do seu Superman poderia pagar um filme pornográfico inteiro. E parece que tem dado certo: a versão para o seriado do Batman dos anos 1960 está entre os vídeos pornô mais alugados de todos os tempos, enquanto Star Wars XXX: A Porn Parody é o filme mais lucrativo dos anos 2010, com mais de 80 mil cópias vendidas.
Sem perder tempo, Braun já prepara versões com pouca ou nenhuma roupa para os recém-lançados Wolverine - Imortal e Homem de Ferro 3, além do segundo filme de Thor, cujo original só chega aos cinemas em outubro.