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Dia de Finados

Conheça como funciona o trabalho no Campo Santo da Santa Casa

Neste domingo, dia de homenagens aos mortos, dois coveiros contam sua rotina de esforço e dedicação

02/11/2014 - 12h35min

Atualizada em: 02/11/2014 - 12h35min


Jeniffer Gularte
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José Ivo Gomes Torbes, 65 anos, o Xiru, é responsável por abrir as covas

Nos fundos do Cemitério da Santa Casa, onde estão enterradas personalidades ilustres como Teixeirinha - que provavelmente será um dos mais visitados neste domingo de Finados, dia 2 de novembro -, um terreno de aproximadamente três hectares (equivalente a cerca de três campos de futebol) acolhe quem não tem condições de comprar ou alugar uma sepultura. É em meio a uma área com espaço para 9 mil corpos, o chamado Campo Santo, que Mário Ramos, 46 anos, e José Ivo Gomes Torbes, 65 anos, o Xiru, trabalham como coveiros.

Mário faz os encaminhamentos para o enterro, e Xiru, retira os corpos e abre as covas. Próximo ou não da data de Finados, sempre falam com orgulho da profissão.

Há 33 anos no ofício, Xiru criou os quatro filhos com o trabalho de coveiro. De todo esse tempo, passou 19 anos trabalhando exclusivamente no Campo Santo. Jura que não acredita em alma penada, não se assusta com pouca coisa e encara a morte com a naturalidade de quem convive com ela.

Apenas uma coisa amolece seu coração: ver crianças sendo sepultadas.

- Penso nos meus netos - diz ele, avô de nove.

Fica só escutando

Sem corpo mole, eles encaram uma rotina pesada. Por dia, ocorrem até quatro sepultamentos, sendo que, para cada enterro, ocorre uma exumação - quando outro corpo é retirado da cova para dar espaço a um novo óbito. Antes de cada sepultamento, a família tem 30 minutos para o velório em uma capela.

- Todo coveiro precisa ter força e saúde e não pode chorar com a família, fica só escutando - ensina Xiru.

"Para nós, é normal"

- Muitos choram, se descontrolam, mas, pra nós, é normal. É uma forma de dar um fim digno para todos - explica Mário.

É ele quem recebe os familiares para visitas. Cada corpo é denominado com um número e fica até três anos no campo. Após, são retirados, identificados e reservados por um mês. Se nenhum familiar os procura, são encaminhados a um ossário.


Saiba mais

Confira como está sendo o funcionamento dos cemitérios da Capital durante este domingo, 2 de novembro:

● Santa Casa: das 7h30min às 18h30min
● São Miguel e Almas: das 7h às 19h
● João XXIII: das 7h às 20h
● São José I e II: horário livre
● Municipal São João: das 7h às 19h


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