AN Jaraguá



Longe dos olhos

Obras de duplicação da BR-280 entre Guaramirim e Jaraguá do Sul seguem em ritmo lento

Empresas concentram trabalhos em túnel e nos trechos onde não há obstáculos com desapropriações, mas o próprio DNIT admite que ritmo da obra não é o ideal

09/04/2015 - 07h44min

Atualizada em: 09/04/2015 - 07h44min


Salmo Duarte / Agencia RBS
Túnel que vai fazer parte da rodovia duplicada vai ganhando forma no Morro da Vieira

Dez meses depois do início da duplicação, bem longe dos olhos da maioria dos motoristas que passam pelo traçado original da BR-280, duas empresas intensificam os trabalhos onde as desapropriações não se transformaram em um obstáculo. Por enquanto, dos três lotes da rodovia, só há obras entre os dois que ficam entre a BR-101 e a área urbana de Jaraguá do Sul - a ordem de serviço para o lote 1, entre a BR-101 e São Francisco do Sul, ainda não foi assinada.

Vídeo: confira o andamento das obras



De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o ritmo da obra não é o ideal, mas não há atrasos significativos no cronograma desde o início dos trabalhos, há dez meses. As primeiras equipes começaram a terraplenar o novo traçado da BR-280 no dia 6 de junho do ano passado, em Guaramirim.

O lote 2.1, entre a BR-101 e Guaramirim, está sendo executado pela Sulcatarinense e tem 4% das obras concluídas - praticamente tudo ainda está na fase de terraplenagem e preparação do solo. No lote 2.2 (entre o km 50,7, em Guaramirim, e o 74,6, na zona urbana de Jaraguá do Sul), que está sob a responsabilidade da empresa paulista Cetenco, a situação é um pouco diferente: são 6% dos trabalhos concluídos, boa parte também de terraplenagem. Mas neste trecho há um túnel que começa a ganhar forma na região conhecida como Vieira ou Morro da Vieira.

Os dois principais obstáculos têm sido a chuva - que já era esperada pelos engenheiros e é tratada com certa resignação pelas equipes - e a falta de recursos para a agilizar as desapropriações. Até o começo deste ano, haviam sido concluídos os processos de compra de 36 áreas entre a BR-101 e Jaraguá do Sul.

Segundo o engenheiro supervisor do DNIT em Joinville, Antônio Carlos Gruner Bessa, ainda faltam cerca de 200 áreas. A previsão é de que entre junho e julho sejam realizados novos mutirões, com a presenção do Ministério Público Federal e da Justiça Federal. Esses mutirões agilizam o processo da desapropriação em massa, evitando entraves futuros com demandas judiciais.

Leia as últimas notícias de Joinville e região

Obras avançam mata adentro

A expectativa é de que, com a liberação dos recursos, ainda no primeiro semestre, seja possível atrair todos os proprietários para a negociação direta nos mutirões e, assim, acelerar a obra. Por enquanto, os avanços mais significativos estão ocorrendo numa área rural paralela à rodovia atual, cortando a mata e os morros entre Guaramirim e Jaraguá do Sul. Não é possível ver toda a movimentação das máquinas do asfalto, mas ela existe.

- A gente se sente realizado em ver a obra andando, embora ainda não esteja no ritmo mais acelerado - diz o engenheiro João Roberto Schmitt, que atua em Itajaí, mas acompanhou de perto dois momentos distintos da duplicação da BR-101 (um em Garuva, nos anos 1990, e outro no Sul do Estado, perto do Rio Grande do Sul, nos anos 2000).

- Há uma satisfação enorme da nossa parte em ver que a comunidade está, finalmente, sendo atendida - complementa Bessa.

Canteiros espalhados

Há pelo menos dez frentes de trabalho ao longo do novo traçado da BR-280. Em alguns pontos, toda a terra fértil usada no plantio do arroz está dando lugar a pedras e a uma grossa camada de solo argiloso, mais seguro e considerado ideal para dar sustentação ao tráfego que vai passar pela rodovia.

No quilômetro 56 está um dos pontos mais importantes de toda a obra. Um morro no bairro Schoroeder 1 está sendo praticamente redesenhado. Pequenos acessos de terra foram abertos até o ponto alto da rodovia. Mais de 20 metros de morro tiveram de ser cortados com dinamite e poderosas máquinas escavadeiras. Lá também está uma espécie de mina das pedras que servem para fazer a base de toda a rodovia. Ontem pela manhã, uma escavadeira fazia o trabalho de reduzir imensos blocos de pedra para que eles pudessem ser postos sobre os caminhões, que não param de subir e descer os morros da região.

O traçado da rodovia também já pode ser visto em meio à mata. Ao longe, algumas curvas. Mas também há situações que revelam que a burocracia ainda não deixou a obra deslanchar como deveria. Em muitos pontos, a obra está dividida por longas áreas que ainda não foram desapropriadas.

- À medida que elas forem sendo liberadas, o trabalho avança rapidamente - diz o engenheiro José Carlos Loiola de Lacerda, coordenador da supervisão da obra.

Lacerda trabalha para a Sotepa, empresa contratada para fazer a supervisão da obra. Ou seja, ele fiscaliza se o que está no projeto está realmente sendo executado e com a qualidade prevista desde a licitação.


Máquina vinda da Finlândia ajuda na escavação e na estruturação de dois túneis

Jumbo, o robô-tatu gigante


Um personagem que entrou em cena há algumas semanas está roubando a atenção e aliviando em muito o trabalho da equipe responsável pela escavação e estruturação dos dois túneis que fazem parte do projeto. É o Jumbo, uma máquina computadorizada com três braços movidos por joystick, que faz a perfuração de até 15 metros na rocha e escava numa velocidade pelo menos dez vezes maior do que as britadeiras manuais.

O Jumbo foi comprado por cerca de R$ 1,4 milhão pela Cetenco especialmente para a obra. É uma perfuratriz hidráulica fabricada na Finlândia e que no Brasil foi usada somente para a construção de um túnel de 15 quilômetros (o Cuncas), que interliga os Estados do Ceará e da Paraíba pelo Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco.

Os engenheiros chamam o sistema de perfuração com fogo controlado. Segundo Marledo Manoel da Silveira, engenheiro residente do túnel, a velocidade é maior porque reduz os ciclos de trabalho. Durante a operação, o Jumbo fica boa parte do tempo dentro do túnel, com os três braços funcionando simultaneamente. Depois, ele sai e há a preparação para as detonações.

Numa terceira etapa, há a retirada do material do fundo do túnel. São toneladas e toneladas de rocha que são usadas na base do traçado da nova rodovia. Cada ciclo de perfuração leva entre oito e dez horas. Os operários são distribuídos em várias frentes de serviço simultâneas. Por enquanto, apenas uma das extremidades está sendo escavada. A expectativa é de que ainda neste ano sejam abertas outras três frentes. A nova BR-280 terá dois túneis, um de 1.070 metros e outro de 1.040 metros. Os dois seguem paralelamente dentro da montanha, no bairro Vieira.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias