Revista Seleções
Colecionador de Jaraguá do Sul tem acervo de quase 900 exemplares do Readers Digest
Coleção inclui primeira edição em português, de 1942, e está organizada na biblioteca de Ilário Bartel

A relação começou tímida, incentivada pelo irmão. Quando ele casou e saiu de casa, as pilhas da publicação ficaram para trás. Ilário Bartel, 62, resolveu continuar as aquisições, mas, na época, não previa a dimensão que aquelas páginas teriam em sua vida. Hoje, o carinho é declarado. Desde a primeira edição, o colecionador tem todos os exemplares da revista Seleções, da Readers Digest. São 868 revistas, todas cuidadosamente organizadas em uma prateleira.
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Passear pelas páginas da coleção de Ilário é percorrer décadas de história. A edição inaugural, em língua inglesa, é de 1922. Apenas 20 anos depois o título chegaria ao Brasil. A primeira versão impressa em português está lá na prateleira do jaraguaense. De 1942, com capa verde e letras miúdas, a publicação revela um mercado editorial que ainda não aderia às imagens e que ocupava cada canto das páginas com palavras. Ao longo das décadas, a diagramação, as propagandas e os temas da revista mudaram, apresentando um traçado dos interesses e gostos do século 19.
Para Ilário, porém, é uma característica diversa o que mais chama atenção na Seleções. É justamente a atemporalidade dos temas da revista que cativa o leitor.
- Os assuntos são sempre atuais e isso me fascina. Se eu pego uma revista de anos atrás, os temas ainda são interessantes e nunca ficam velhos. E os textos não deixam nada em suspenso, há uma noção completa do assunto - elogia ele.
Reunir os quase 900 exemplares não foi tarefa fácil. Parte da coleção foi herdada do irmão, que começou as compras na década de 1960. Quando mudou-se para a Argentina, nos anos 1990, Ilário interrompeu as compras - apesar de algumas edições em espanhol estarem na estante. Foi no retorno ao Brasil, em 2011, que a real coleção começou. Em uma visita a um sebo de Joinville, caixas com edições da revista foram encontradas. Foi aí que nasceu o caderninho: cada edição faltante na coleção estava anotada - na época, eram 400 exemplares.
Aos poucos, as lacunas se fecharam. Entre compras em sebos e na internet, a maioria das edições foi encontrada. Restavam, porém, duas difíceis aquisições: as revistas de dezembro de 1955 e dezembro de 1956 foram as mais demoradas de encontrar. Foi a internet que permitiu o encontro com Ilário, que pôde finalmente encerrar sua coleção, após quase três anos de buscas. Desde outubro de 2014, com 100% das edições em português em casa, Ilário completou a coleção. Agora, rendeu-se à comodidade de receber a revista em casa mensalmente e continua a aumentar o acervo.