Zona de perigo
Ataques em parada de ônibus causam medo na Ilha das Flores
Moradores do local estão preocupados com assaltos em parada de ônibus na BR-290. Ataques ocorrem no final da tarde. Mulher diz ter sido estuprada
Desde o dia 25 de maio, uma moradora da Ilha das Flores fica nervosa ao descer do ônibus na parada de ônibus no Km 99 da BR-290, próxima à ponte do Saco da Alemoa, em Porto Alegre. Cuidadora de idosos, a mulher de 55 anos mora na ilha e trabalha no Bairro Navegantes, Zona Norte da Capital.
Todos os dias, quando retorna para casa, por volta das 17h30min, relembra o que aconteceu naquela tarde.
- Ela narra o dia do crime
- Eu tinha descido do ônibus e estava esperando para atravessar a estrada quando ele me pegou. Bateu com a arma na minha cabeça e me jogou no barranco. Quando acordei, ele já estava me estuprando - lembra a mulher, que mora na Ilha das Flores desde que nasceu.
- Em junho, vizinho a salvou
Na tarde de 17 de julho, uma cena parecida ocorreu. Para evitar novo assalto, a mulher correu para se refugiar na casa de um vizinho. Escapou por pouco. Mas conta que muitos moradores não conseguem refúgio e correm risco de atropelamento.
- Tá muito perigoso aqui. Minha cunhada foi atacada outro dia, e um vizinho também. Se não é o estuprador esse, é uma dupla de moto - contou o carregador da Ceasa, 54 anos, que também mora na região.
O rapaz que atacou a cuidadora de idosos tem cerca de 30 anos, é branco, cabelos loiros e mais ou menos 1,70m de altura. Pelo comentário da vizinhança, ele fica na parada no final de tarde, sempre no sentido Porto Alegre-Guaíba da rodovia federal. E, quando mulheres desembarcam sozinhas, ele as ataca.
- Não houve reconhecimento
Conforme o delegado adjunto da 4ª DP de Porto Alegre, Marcos Machado, dois suspeitos já foram identificados, mas a vítima não reconheceu nenhum dos dois como sendo o homem que a violentou.
O delegado ainda aguarda um laudo hospitalar para confirmar o estupro e encaminhar o encerramento do caso.
Dupla de moto toca o terror
Moradores que aguardam nessa parada temem uma dupla que circula de moto. Segundo relatos, eles se aproveitam dos passageiros que aguardam o ônibus para Guaíba e os que desembarcam, vindos da Capital. Para cruzar a estrada, há duas possibilidades: usar uma estrada de chão batido, passando por baixo da ponte do Saco da Alemoa ou cruzar por cima da rodovia, arriscando ser atropelado pelos veículos.
- Falta iluminação, não tem passarela, nem segurança. A gente pena para atravessar - chiou a moradora.
Sempre que acontecem crimes, ela chama a Brigada Militar, mas alega que ninguém aparece. Conforme o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Jorge Renato Maya, o batalhão é responsável pelas ilhas. Mas o policiamento nas paradas de ônibus é de atribuição da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
PRF: 80 presos neste ano
Números revelados ontem pela Polícia Rodoviária Federal dão a dimensão do pavor vivido naquela região. Segundo o inspetor Alessandro Castro, 80 pessoas já foram presas entre a Ponte do Guaíba e o Km 103 da BR-290 somente em 2012.
A maioria deles é foragido, indo ou voltando de Charqueadas. Entre os detidos também estão suspeitos de assaltos, estupros e traficantes.