Tristeza
Execução na esquina de casa em Cachoeirinha
Adolescente de 14 anos foi achado morto com tiro e facada na Vila Anair. Polícia suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas

"Salvei a vida dele uma vez. Agora, tive que ver ele morrer na minha frente".
O desabafo, entre lágrimas, resume a dor da doméstica Suzana de Moura Bueno, 46 anos. Mãe adotiva do adolescente Daniel Casemiro Baptista, 14 anos, ela foi acordada por volta das 3h de ontem com os gritos dos vizinhos. O menino estava caído na esquina de casa, na Rua Cairu, Vila Anair, em Cachoeirinha, atingido por pelo menos um tiro e uma facada pelas costas.
Ela não sabe o que aconteceu ao certo, mas desconfia.
- Faz uns cinco meses que ele virou a cabeça, queria mais nada da vida. Eu tentei controlar, mas ele só deixava uns bilhetinhos dizendo que estava bem, e ficava na casa de amigos - desabafou.
Histórico de ameaças
Daniel era hiperativo e tomava medicação controlada, mas parou de usar os remédios.
Para a polícia, a principal suspeita é de que o menino tenha algum tipo de envolvimento com o tráfico da região. Ele já teria sido abordado pela Brigada Militar na outra esquina da mesma rua com algumas pedras de crack. Também já tinha em seu histórico ocorrências por ameaça e agressão.
Tentativa de melhorar
Nos dois últimos meses, a família bem que tentou afastá-lo desse ambiente. Foi morar com uma irmã em um sítio no Bairro Meu Rincão, mas nada adiantou. Há cerca de um mês, o guri saiu com uma moto e sofreu um acidente grave. No sábado, sumiu da casa da irmã pouco depois das 18h. Voltou à Vila Anair, onde acabou morrendo.
Fim do Alemãozinho do Quindim
A curta vida de Daniel começou no Rincão da Madalena, na periferia de Gravataí.
Filho de uma família carente, aos oito meses o menino pesava menos de 4kg. Foi quando Suzane o conheceu.
- Aquele alemãozinho parecia um pintinho, de tão magrinho. Não tenho dúvida de que ele morreria, então resolvi ajudar - conta a empregada doméstica que adotou a criança.
Em pouco tempo, o guri se tornou conhecido na vizinhança como Alemãozinho do Quindim - para ajudar em casa, vendia doces na região. Mas essa rotina também acabou levando-o às ruas, para tristeza de Suzana.
- Nunca faltou algo para ele e, agora, vou ter que ver meu filho em um caixão, tão novinho, sem necessidade - lamentou.