Polícia



Tráfico cruel

Casal é assassinado a tiros e facadas no Bairro Bom Jesus, na Capital

Anildo Abreu Brum, 28 anos, e a companheira, Karine Correia Tarasiuk, 29 anos, foram encontrados caídos no meio da rua 13, na Vila Divineia

16/11/2012 - 07h09min

Atualizada em: 16/11/2012 - 07h09min


Polícia acredita que crime tenha relação com o tráfico Anildo Brum (FOTO) foi encontrado algemado à companheira

O silêncio na chegada dos policiais à Rua 13, da Vila Divineia, Bairro Bom Jesus, deixava claro o recado dos criminosos ao praticarem mais um crime brutal, provavelmente um capítulo do conflito entre os Bala na Cara e os Banha, na disputa por pontos de tráfico. Faltava pouco para a 1h de ontem quando Anildo Abreu Brum, 28 anos, e a companheira, Karine Correia Tarasiuk, 29 anos, foram encontrados caídos no meio da rua de terra, desfigurados por tiros no rosto - todos de pistola .45 - e facadas no peito. Estavam algemados um ao outro.

Corpos podem ter sido desovados

De acordo com a Brigada Militar, os corpos foram encontrados em um dos territórios supostamente perdidos pela facção dos Bala na Cara e, atualmente, dominados pela quadrilha dos Banha. Segundo testemunhas, a poucos metros dali fica uma área nunca completamente dominada pelos Bala, facção que surgiu no bairro e se espalhou por toda a Região Metropolitana.

O crescimento dos rivais teria iniciado uma guerra, agravada há pelo menos um mês.

Mas a polícia não assegura que o crime tenha acontecido naquele local. A possibilidade de que os corpos tenham sido largados ali com alguma intenção de demonstrar poder não é descartada. Os tiros no rosto sempre foram uma marca dos Bala na Cara para eliminar desafetos e cobrar dívidas.

O que estariam fazendo ali?

E, se o local do crime ainda é misterioso para a Delegacia de Homicídios do Deic, a autoria não é menos nebulosa. Isso porque a forma como os dois foram parar no Bom Jesus durante a madrugada ainda não foi esclarecida. Eles seriam moradores de Cachoeirinha, onde têm uma filha de apenas cinco meses. No entanto, o envolvimento com o tráfico e o consumo de drogas é recorrente.

Pega com crack um dia antes

Na véspera do crime, Karine havia sido flagrada com pedras de crack na garupa de uma moto abordada na BR-116, em São Leopoldo. Ela foi liberada e responderia por posse de entorpecentes. Seu envolvimento com o crack teria começado há pelo menos seis anos. O mesmo aconteceu a Anildo em 2009, em Gravataí. Ele também tinha antecedente em Cachoeirinha por porte ilegal de arma.

Punidos ao delatar bandidos

A hipótese de as mortes terem relação com o tráfico de drogas é, para a polícia, a mais forte. Há a suspeita de que os dois possam ter sido punidos por traficantes por terem sido considerados delatores.

Na tarde de quarta, uma ação do Batalhão de Operações Especiais (BOE) apreendeu duas armas e um colete a prova de balas próximo ao local onde os corpos foram encontrados.

Nos próximos dias, os investigadores devem procurar familiares das vítimas que esclareçam possíveis vínculos deles com o Bairro Bom Jesus.

Casos podem estar vinculados

Não é descartada a possibilidade de que o duplo homicídio tenha ligação com duas execuções ocorridas recentemente. O que pode ligar o casal Karine e Anildo à Bonja é a morte de um dos líderes do movimento hip hop do bairro, Antônio Carlos Vasconcelos, o Nego Caio, 47 anos.

Na tarde de 27 de outubro, os tiros que mataram Nego Caio partiram de um casal em uma moto, na Rua Panamá. O local, na Vila Mato Sampaio, é perto de onde ocorreu o crime de ontem. E, para a polícia, uma zona de conflito de traficantes.

Conforme a polícia, mesmo sem envolvimento com traficantes, Nego Caio foi vítima de represália de bandidos. Ele tinha um bar na Rua A, área dominada pelos Bala na Cara, e teria expulsado do local o jovem Cleisson Willian da Silva Ferreira, 18 anos, que tentou se refugiar ali de uma possível execução. Na noite de 21 de outubro, o guri acabou morto com diversos disparos na Rua Santa Isabel.


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