Polícia



Temor na Capital

Tensão volta à Restinga

Bairro da Zona Sul vive onda de violência. Depois de meses com sensação de paz, moradores temem balas perdidas. Em dez dias, idosa e criança morreram assim

09/11/2012 - 07h32min

Atualizada em: 09/11/2012 - 07h32min


Ônibus do Território da Paz funciona mais como ponto de informações

A paz que parecia ter se instalado na Restinga está por um fio. Uma série de tiroteios ocorridos nos últimos 15 dias pôs em cheque a sensação de segurança que moradores achavam ter conquistado.

Em setembro, quando o Território de Paz completou um ano no bairro da Zona Sul da Capital, o Diário comprovou uma queda de 42% no número de homicídios em relação ao ano anterior. A média era de um homicídio a cada duas semanas. Desde outubro, dobrou a estatística: um caso por semana.

Em 31 de outubro, Nilda Franzmann da Silva, 82 anos, foi baleada na cabeça. Foi o 21º idoso morto em 2012 na Região Metropolitana.

- O tiro não era para ela - lamenta a delegada Shana Hartz.

Nilda faleceu na manhã do dia 7, no HPS. Segundo a Polícia Civil, ela estava sentada em frente de casa quando foi atingida na testa.

Guri teria sido confundido

No domingo passado, foi a vez de um menino de 13 anos morrer. Felipe Alves Trindade foi atingido na Rua Belize, a mesma em que está o ônibus do Território de Paz. Ele havia saído de casa para fazer compras para uma vizinha, por volta das 17h. A investigação aponta que atiradores teriam confundido o garoto com um desafeto.

A explicação dada pela polícia para os constantes tiroteios está no fato de a Restinga não ter um grande traficante. Assim, a disputa por clientes e melhores lugares faz com que os conflitos se acentuem. No dia 29 de outubro, uma idosa de 78 anos foi atingida por bala perdida no bairro. Por sorte, sua neta de 12 anos escapou ilesa.

Mato embaixo do ônibus da BM

Parado há um ano e dois meses no mesmo lugar, o Posto Móvel do Território de Paz da Restinga está quase criando raiz - mato embaixo já existe. Essa é um reclamação dos moradores do bairro.

- Esse ônibus não deveria estar rodando aonde os crimes estão? - questionou uma mulher.

Com o calor de 32°C, o veículo parecia uma sauna. Com o ar-condicionado estragado, a alternativa dos dois PMs que atendiam foi sentar em cadeiras na rua.

Os policiais confessaram que o local é "parado". Poucos os procuram para denunciar algo. A maioria pede alguma informação. Para o comandante do 21º BPM, tenente-coronel Flávio Bueno, a Brigada Militar tem atuado forte contra o tráfico de drogas e feito apreensões:

- Mas se a população tem essa sensação (medo), temos que trabalhar nisso. Alguns dos meliantes a gente sabe que estão foragidos.

Com relação as ações sociais, o comandante diz que elas vão acontecer.

População está com medo, diz delegada

Recém-chegada à 16ª DP, a delegada Shana Hartz tem o desafio de readquirir a confiança da população. Há uma semana, o então titular da 16ª DP, Antônio Guimarães, foi preso por suspeita de extorsão a um traficante.

- Logo nos primeiros dias, recebi vários moradores muito assustados com medo de serem prejudicados com as informações que haviam passado - afirmou Shana.

Embora os números da BM mostrem, em setembro, uma queda nos homicídios, a sensação dos moradores é outra.

- A gente sente que as pessoas estão receosas por causa das balas perdidas.

Shana pretende intensificar as ações contra o tráfico e espera apoio dos moradores.

Fala, morador!

"Aquele tráfico que tinha sumido, voltou. Tem que fazer prevenção."
Morador que pediu anonimato

"O ônibus, no começo, até fez alguma diferença, mas hoje em dia não faz mais."
Adriana da Silva (via www.diariogaucho.com.br)

"A falta dessas ações é um atrativo para os meninos serem aliciados pelo tráfico."
Morador que pediu anonimato

"Não me sinto seguro aqui. Deveria ter mais atitude e mais blitze da nossa Brigada"
Douglas Marques (via www.diariogaucho.com.br)


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