Volta às aulas
E a segurança não fez o dever de casa em Porto Alegre
Com a volta às aulas, retornam também os problemas de vandalismo, brigas de gangues, tráfico de drogas, roubos, arrombamentos e pichações que assolam as escolas todos os anos
O Diário foi conferir com as autoridades de segurança da Capital o que está sendo feito para controlar essas situações. Há muitas intenções, mas poucas ações para evitar novos danos. O DG também visitou as escolas Eva Carminatti e Pedro Américo, na Capital, dois estabelecimentos vítimas de atos de violência no ano passado.
Promessa de videomonitoramento
A prefeitura aposta na vigilância eletrônica, mas, por enquanto, trata-se apenas de intenção. O programa é discutido em um grupo de trabalho formado por várias secretarias. Hoje, existem 96 escolas municipais e 107 câmeras instaladas. No entanto, as assessorias da Secretaria Municipal da Educação e da Secretaria Municipal da Segurança não souberam explicar como essas imagens são monitoradas. A ideia é ampliar a quantidade de equipamentos e que eles sejam controlados de uma mesma central. Um projeto piloto foi instalado no Bairro Restinga, na Escola Municipal Professor Larry José Alves. Não há prazo, porém, para que seja ampliado para outras escolas.
Já a Secretaria Estadual de Educação (Sec) confia nos alarmes. Cada escola dispõe de verba para instalar os equipamentos. Mas a Sec não sabe quantas escolas efetivamente dispõem de alarmes.
Eva Carminatti
Em outubro do ano passado, a Escola Estadual Eva Carminatti, no Bairro Lomba do Pinheiro, foi atingida por um incêndio criminoso, que deixou os alunos sem aula por uma semana. As mudanças que esperam os alunos na volta às aulas são poucas. A casa do PM Residente ainda precisa de reforma para que possa abrigar um brigadiano.
O interventor designado pela Secretaria Estadual da Educação logo após o episódio do incêndio deve assumir como novo diretor.
- Temos um interventor que deve ficar definitivamente porque ele reúne as qualificações para articular a pacificação na escola - admite o coordenado da 1ª Coordenadoria Regional de Ensino (1ª Cre), Antônio Quevedo.
Outra promessa é a da conclusão de uma sindicância que apura o incêndio e investiga uma série de problemas que vieram a tona logo após o caso.
Pedro Américo
Na semana passada, dois técnicos de uma empresa de segurança instalavam os alarmes na Escola Estadual Pedro Américo, na Estrada Chapéu do Sol, Zona Sul da Capital. É o recurso para tentar inibir a entrada de vândalos no colégio.
Em outubro de 2012, no episódio mais recente, os ladrões invadiram o local e levaram toda a carne, iogurtes e cereais da merenda dos alunos.
Em 2011, a escola também havia sido atacada.
- Era colocar um micro-ondas aqui e levavam. Depois que lacramos os alçapões, nunca mais aconteceu - contou a vice-diretora da manhã, Vânia de Oliveira.
Para que a segurança dos mais de 400 alunos fique completa, falta a colocação de uma cerca nova ou de um muro nos fundos da escola.
Prevenção é aposta da Brigada
Desde 2012, funciona no 21º BPM, responsável pelo policiamento no Extremo Sul de Porto Alegre, o Comitê de Prevenção a Violência Escolar (Copreve). O grupo reúne PMs, policiais civis, conselheiros tutelares e diretores das escolas que fazem parte da região do batalhão.
A ideia do Comando do Policiamento da Capital (CPC) é levar o comitê aos outros cinco batalhões. No entanto, ainda não há prazo para que isso ocorra.
De concreto, o que pais e alunos da Capital podem esperar é a patrulha escolar - a BM não informou quantas patrulhas escolares atuam na cidade - e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).
Há ainda o programa PM Residente, em que PMs moram em casas construídas em escolas estaduais. No entanto, conforme o coronel João Batista Rocha Vasconcellos, que responde pelo CPC, houve uma mudança no perfil do programa:
- Antes, o PM que residia na escola também cuidava do prédio. Hoje, é praticamente apenas um lugar para ele morar.
A BM não repassou à reportagem a quantidade de PMs Residentes cadastrados na Capital.
Combate às drogas
O combate ao tráfico nas escolas é feito pela Operação Anjos da Lei, do Denarc. Desde maio de 2011, quando foi criada a iniciativa, 193 pessoas já foram presas. Todos flagrados por tráfico com o agravante de estarem vendendo drogas nas proximidades de escolas.
- Combater o tráfico nas proximidades e até mesmo dentro das escolas é uma prioridade para nós e continuará sendo esse ano - explica o diretor de investigação do Denarc, delegado Heliomar Franco.
Uma das estratégias para 2013 é intensificar as ações de conscientização e prevenção da entrada da droga no ambiente escolar. Ontem, já no primeiro dia de aula, a operação apreendeu um adolescente de 17 anos que vendia drogas a 250m da Escola Estadual Jerônimo de Albuquerque, no Campo da Tuca, Bairro Partenon. Foram recolhidas 37 pedras de crack, 26 buchas de cocaína e R$ 10.