Polícia



Empréstimo fajuto

Dinheiro fácil não existe

As férias acabaram e bateu o aperto nas finanças? É a oportunidade para que os falsários do crédito fácil apareçam. Fique atento para não cair nos golpes

08/03/2013 - 07h17min

Atualizada em: 08/03/2013 - 07h17min


Deise de Cássia Quadrado, da Morada do Vale 2, caiu no golpe do empréstimo com depósito calção

Em dezembro, o Chevette do técnico em manutenção predial Leopoldo da Rocha, 35 anos, foi roubado. O veículo era fundamental para transportar a mãe a consultas médicas. Depois de dois meses, Leopoldo achou um carro a um preço que poderia bancar. Mas era preciso empréstimo de R$ 2,5 mil. É uma entre muitas histórias com desfecho ruim nesta época do ano, após férias, quando bate o aperto financeiro.

Leopoldo correu para o "empréstimo facilitado". A partir de anúncios de jornal, ligou para uma financeira.

- Um anúncio pequeno, sem nome de firma ou CNPJ. Fui pelo impulso - lamenta.

Polícia ainda não tem suspeitos

Parecia fácil. Dez minutos após a ligação, ele recebeu aprovação para ter o dinheiro. Pelo empréstimo, deveria pagar 58 parcelas de pouco mais de R$ 50. Só tinha uma condição: depositar adiantado R$ 220, como garantia. Receberia o valor desejado em, no máximo, três horas.

Ele só percebeu que era golpe quando nada recebeu. O dinheiro que depositou entrou na conta de uma mulher, e não de uma empresa. O caso foi registrado na polícia, que ainda não tem suspeitos.

Casal fez dois depósitos seguidos

Erro semelhante cometeu Deise de Cássia Quadrado,  31 anos. Ela precisava de dinheiro para arrumar o carro e apelou ao empréstimo. Fez toda a negociação por telefone e em momento algum checou as referências da financeira que emprestaria R$ 5 mil.

- Só me pediram CPF, RG e endereço. A liberação sairia sem consulta ao SPC, mas precisava pagar um seguro - explica.

Ela e o marido depositaram R$ 350 no mês passado. Nada receberam e, no dia seguinte, mandaram mais R$ 180. Não adiantou. Descobriram o endereço da firma, em Novo Hamburgo. Mas no local só havia ruínas de uma empresa desativada.

Eles usam documentos frios

As estratégias dos malandros são variadas. Vão desde endereços frios e contatos apenas por telefone a parcelamentos inigualáveis.

Normalmente, colocam pequenos anúncios em jornais. Na 15ª DP, são apurados pelo menos dois casos de vítimas dos mesmos falsários.

Em um deles, uma autônoma de 28 anos pretendia R$ 4 mil. Nada recebeu e desembolsou R$ 300.

Na delegacia, ela descobriu que os criminosos já eram investigados. A única pista até agora é a conta bancária na qual foi feito o depósito. Mas o suposto titular da conta nem mora na Capital. Teve seus documentos furtados.

A cada dia, ao menos um lesado

As supostas financeiras formam um universo expressivo entre as reclamações ao Procon de Porto Alegre. Desde fevereiro do ano passado, foram 184 casos. Nos últimos quatro anos, o volume é de 1.682 queixas.

E o conselho dado pelas autoridades não é novidade: prudência. Basta seguir o antigo ditado e desconfiar quando "a esmola é demais".

- Infelizmente, antes de fazer empréstimo, poucos nos procuram em busca de informações sobre as supostas financeiras - diz a coordenadora do Procon, Flávia do Canto Pereira.

O principal conselho dela é preferir instituições bancárias conhecidas:

- É preciso sempre ter uma referência séria de quem está oferecendo empréstimo.

Veja algumas dicas para não se tornar a próxima vítima

Tome cuidado:

Não tenha pressa para fazer o empréstimo.

Antes de concretizar a negociação, peça o CNPJ da empresa e o endereço e verifique se ela está registrada no Banco Central

No Procon, pesquise se a empresa tem muitas reclamações, processos e os registros

Desconfie quando...

... a proposta da empresa oferece muitas facilidades

... a taxa de juros é muito baixa em relação ao mercado financeiro, e com prestações a "perder de vista"

... a transação for feita exclusivamente por telefone ou que os contratantes peçam que documentos sejam enviados por fax

... for solicitado um pagamento de seguro ou caução. Empresas que trabalham conforme a lei não podem fazer essa exigência

... a conta bancária fornecida para tal depósito estiver no nome de uma pessoa física.

Quem procurar na Capital:

Delegacia do Consumidor - Rua Sete de Setembro, 360, Centro. Telefone: 3228-8542.

Banco Central - Pelo site www.bacen.gov.br. Telefone: 0800-9792345.

Procon - Rua dos Andradas, 686, Centro. Das 9h às 16h, de segunda a sexta.


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